Ouro e elementos indicadores no regolito do Garimpo Fazenda Pison : processos de dispersão e implicações para prospecção.
Este estudo trata do comportamento do ouro e elementos indicadores em
um perfil laterítico localizado na Província Tapajós, Amazônia
brasileira. O objetivo foi verificar a evolução da assinatura geoquímica
da mineralização no sentido de aprimorar os trabalhos de prospecção
geoquímica nesse tipo de ambiente. Abordagens diferentes foram
utilizadas nesse estudo, tais como: as características da mineralização
primária e do manto intempérico, a morfologia e composição das
partículas de ouro, e a distribuição espacial do ouro e dos elementos
indicadores. A mineralização primária é composta por um feixe de veios
de quartzo contendo sulfetos, entre os quais predomina a pirita, com
bolsões de stockwork localizados. O ouro (electrum) está, na sua maior
parte, livre mas também incluso na pirita. A assinatura geoquímica do
minério é dada por Au, Ag, Bi, V, As, Sb, W, Cu, Pb, Zn. As
características encontradas permitem classificar a mineralização
primária como Sistema Aurífero Relacionado a Intrusões. Foram observados
dois tipos de perfil intempérico: o perfil completo, composto por
saprolito, zona de transição, couraça, latossolo vermelho e latossolo
amarelo; e perfil incompleto, composto por saprolito, zona de transição,
latossolo vermelho e latossolo amarelo. O perfil incompleto se
desenvolveu a partir do perfil completo, com a desagregação da couraça e
sua transformação em latossolo, devido à mudança do clima de estações
contrastadas para um clima bem mais úmido. A composição mineralógica de
cada horizonte é: saprolito - composto por quartzo, mica branca e
caolinita; zona de transição - quartzo, caolinita, goethita, hematita e
mica branca; couraça - hematita, goethita, caolinita e quartzo;
latossolo vermelho - quartzo, caolinita, goethita e hematita; e
latossolo amarelo - quartzo, caolinita, goethita (e hematita). O
saprolito é rico em Si’O IND.2´, Mn, Mg, Na. Ca, K, Ba, Cu, Rb, e Zn; a
couraça é rica em ’Fe IND.2’O IND.3’, Cr, Ga, S, V, As, Sb, Bi e Ag; e
os latossolos são ricos em `Al IND.2´O IND.3´, Ti, P, Sr, Zr, Ce, La, Nb
e Y. No saprolito começam a aparecer os primeiros sinais do processo de
lixiviação do ouro primário, que se intensifica progressivamente para o
topo do perfil até atingir um máximo na couraça, tornando-se menos
intenso nos latossolos. A dissolução do ouro primário resulta do
processo de corrosão por soluções intempéricas superficiais, que atuam
na zona insaturada do perfil. Parte do ouro dissolvido reprecipita com
elevada pureza na couraça, unindo partículas de ouro individuais num
processo de "pepitização"; também reprecipita nos horizontes inferiores
do regolito, nas bordas e descontinuidades das partículas primárias,
gerando partículas composicionalmente zonadas. Nos latossolos, as
partículas diminuem de tamanho em relação à couraça e apresentam zonação
mais discreta. O ouro apresenta comportamento diferente de todos os
demais elementos durante o processo intempérico. é o único elemento que
guarda o posicionamento geográfico da mineralização primária, o que o
torna o melhor indicador de seus depósitos. Os elementos indicadores
podem apresentar bons resultados na delimitação de áreas em escala de
semi-detalhe. O latossolo amarelo apresenta a melhor relação
custo/benefício na prospecção geoquímica
Nenhum comentário:
Postar um comentário