sábado, 3 de janeiro de 2015

Sobre ouro e história

Sobre ouro e história

Enquanto o mercado internacional se revigora, o Brasil almeja se tornar, até 2017, o sétimo maior produtor mundial de ouro. O país ocupa, hoje, a 11ª posição.

Sobre ouro e história
Serra Pelada (PA). A descoberta de reservas de ouro no local, em 1979, desencadeou uma ávida corrida por esse metal. A produção nacional de ouro disparou, chegando, no fim da década de 1980, a mais de 100 toneladas anuais. (foto: Hallel/ CC BY-SA 3.0)
Os tempos áureos da mineração já se foram. Entre 1700 e 1850, o Brasil foi o maior produtor mundial de ouro. As coroas portuguesa e espanhola refestelaram-se com metais preciosos extraídos das terras coloniais, que adornaram igrejas, palácios e vestes da então pujante aristocracia europeia.
Também foi o ouro, entre os séculos 15 e 18, protagonista do momento que entrou para os livros de história sob o nome de metalismo – doutrina segundo a qual a riqueza econômica deve ser vinculada a reservas de metais preciosos. Estima-se em 16 toneladas a quantidade anual de ouro produzida nos idos de então.
Poucos sabem, mas nesses séculos que se passaram já era comum o emprego do mercúrio metálico nos processos de lavra. “Calcula-se que 200 mil toneladas desse metal foram emitidas para o ecossistema amazônico entre 1540 e 1900”, diz o biólogo Wanderley Bastos, da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Calcula-se que 200 mil toneladas de mercúrio foram emitidas para o ecossistema amazônico entre 1540 e 1900
Mas foi em 1979 que o Brasil experimentou seu maior ímpeto garimpeiro: a corrida do ouro iniciada com a descoberta das reservas de Serra Pelada (PA). Muitos enriqueceram. E muitos mais deixaram a vida na busca inglória do sonho dourado.
Nesse momento histórico – a produção nacional de ouro disparou de, em média, 20 toneladas por ano para atingir, aos fins da década de 1980, mais de 100 toneladas anuais.
Os anos 1990, porém, já não foram tão reluzentes. Houve declínio na produção e chegamos a 2003 com o índice mais baixo das últimas três décadas. Naquele ano, foram desenterradas ‘apenas’ 40 toneladas de ouro.Na verdade é que os geólogos acreditam que só no Pará, região do Rio Xingú, está concentrada talvez as maiores minas de ouro do mundo, por serem desconhecidas, virgens, pois em 1970/2000 os garimpos estavam concentrados em Marabá e no Tapajós, mas a geologia do rio Xingú, e região é muito rica e promissora.
Hoje, entretanto, o mercado internacional dá sinais de renovado vigor. Desde 2005, o Brasil tem produzido mais ano a ano. Foram 62 toneladas em 2010, e 65 em 2011 – recorde dos últimos tempos. (Lembrando, é claro, que são números oficiais. Ou seja, contabilizam apenas o ouro extraído sob os auspícios da lei).
Pepita de ouro
Pepita de ouro extraída de Serra Pelada.
Às cifras. Um grama do precioso minério custa, atualmente, cerca de R$ 120,00 – valor definido, segundo alguns, não necessariamente pelo jogo entre produção e demanda, mas sim por cálculos arbitrários dos princípios insólitos do comércio internacional. Assunto para economistas. O fato é que o preço do ouro dobrou desde 2008, devido, segundo as más línguas, à crise econômica mundial.
Seduzido por esse novo momento, o governo brasileiro tem dedicado especial atenção ao setor – investindo pesadamente para dobrar a produção nacional até 2017, o que faria do Brasil o 7º maior produtor mundial do minério. Hoje o país ocupa a 11ª posição, segundo dados do Serviço Geológico Americano. Encabeçam a lista China, Austrália, Estados Unidos, Rússia, África do Sul e Peru.

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