Febre do ouro acelera desmatamento na América do Sul, afirma estudo
Em 12 anos, 1.680 km² de florestas foram derrubados para mineração.
Brasil está entre as regiões mais afetadas, de acordo com os cientistas.
Garimpo ilegal localizado no meio da floresta amazônica, na fronteira entre a Bolívia e Brasil
A proliferação das minas de ouro, às vezes ilegais, observada nos
últimos anos em várias regiões da América Latina acelera o desmatamento,
ameaça a biodiversidade dessas áreas e contribui para a emissão de
gases causadores do efeito estufa - alerta estudo publicado nesta
quarta-feira (14) na revista "Environnemental Research Letters"."A febre do ouro mundial conduziu a um aumento significativo do desflorestamento das selvas tropicais na América do Sul", escrevem os autores.
Entre 2001 e 2013, pelo menos 1.680 km² de florestas tropicais foram derrubados para a exploração das minas de ouro, relatam os especialistas. Isso representa uma pequena parte dos milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical de todo o planeta, mas a riqueza biológica das áreas exploradas pelos garimpeiros é excepcional.
"Embora a perda das florestas, devido à exploração das minas, seja menos importante do que o desmatamento causado pela agricultura, ele acontece nas regiões tropicais com a biodiversidade mais rica", destaca Nora Alvarez-Berrios, uma das autoras do estudo.
Trechos compartilhados entre Guiana, Venezuela,
Suriname, Guiana Francesa, Brasil e Colômbia
é o mais afetado (Foto: AFP)
Brasil é um dos países mais afetadosSuriname, Guiana Francesa, Brasil e Colômbia
é o mais afetado (Foto: AFP)
Na região de Madres de Dios, no Peru, por exemplo, um hectare de selva pode conter "até 300 espécies de árvores", explica a pesquisadora da Universidade de Porto Rico. O agravante é que 90% da destruição detectada desde 2001 ocorre em apenas quatro regiões que fazem ecossistemas e, com frequência, perto de zonas protegidas.
As regiões mais afetadas são os trechos compartilhados entre Guiana, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Colômbia, sudoeste amazônico (Peru, Bolívia, Brasil), região Tapajós-Xingu (Brasil) e região do vale Magdalena-Uraba, no norte da Colômbia.
Embora os espaços protegidos pareçam, em geral, em bom estado, os autores do estudo estimam que um terço do desflorestamento aconteceu a menos de 10 km dessas zonas, que estão expostas à contaminação química.
Em função da alta demanda, a produção mundial de ouro passou de 2.445 toneladas, em 2000, para 2.770 toneladas, em 2013.
O preço do ouro também registrou fortes altas nos últimos anos, de US$ 250 a US$ 1.300 a onça (28,3 gramas), entre 2000 e 2013. Isso contribuiu para a abertura de novas minas no mundo inteiro, incluindo em plena selva, em áreas de difícil acesso.
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