O coração de ouro das Minas Gerais mencionado
por Henrique Gorceix deve ser considerado bem
maior do que o peito de ferro, pois suas ocorrências
são regionalmente muito mais distribuídas do que o
ferro, indo além do QF. Na forma de ouro aluvional é
lavrado ainda longe de suas ocorrências primárias nos
corpos rochosos, distantes até mais de cem quilômetros
fora do QF.
Do ouro primário (nas rochas) podemos diferenciar
dois tipos. Ouro ocorre nas rochas quartzo-carbonáticas
xistosas do supergrupo Rio das Velhas em paragênes
clássicas com sulfetos de ferro (Pirita, FeS
2
), cobre
(calcopirita, CuFeS
2
) e arsênio (arsenopirita, FeAsS).
Além disso, o ouro encontra-se em zonas de falhamentos
dentro dos itabiritos do supergrupo Minas. Aqui o ouro
foi mobilizado de unidades inferiores (supergrupo
Rio das Velhas), transportado na forma de complexos
de cloro e reduzido nas camadas ricas em ferro a
ouro elementar. Processos similares mobilizaram e
transportaram de rochas básicas e ultrabásicas mais
profundas o paládio. Encontrando-se ouro e paládio sob
tais condições, pode se formar a mencionada porpezita
(AuPd), típica para essa região.
Uma particularidade das pepitas de ouro existentes
nos sedimentos de corrente dos corpos hídricos que
atravessam Ouro Preto, era a sua coloração negra
(Figura 3), que deu nome à cidade, inicialmente
chamada Villa Rica do Albuquerque. Uma discussão
detalhada sobre essa cor já existe na literatura.
Menciona-se aqui somente que esta coloração não está
relacionada ao paládio.
Um grupo de pesquisa da UFOP em cooperação
com colegas da Universidade de Mainz na Alemanha
já demonstrou em 1985 através de análises com
microsonda, que os grãos do ouro preto devem sua cor
a finas películas de óxido férrico que envolve as pepitas.
Isso não surpreende, pois a maioria dos rios no QF
possui hematita, goethita e magnetita abundantes, de
maneira que materiais sendo transportados em corpos
hídricos com tal composição sedimentar, ao longo do
tempo desenvolvem esta camada escura de oxidação.
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