segunda-feira, 6 de julho de 2015

Se dependesse dos garimpeiros da região, tudo continuaria como está..

Se dependesse dos garimpeiros da região, tudo continuaria como está De Senador José Porfírio (PA) " Um diz que seca, outro diz que alaga. Nós não sabemos o que vai acontecer. " O desabafo de Getilson Rabelo Mesquita, dono de uma loja de secos & molhados na Vila da Ressaca, no trecho de 100 quilômetros de rio conhecido como Volta Grande do Xingu, traduz o que pensam sobre Belo Monte nove entre dez garimpeiros da região. " Peço a Deus para ficar numa boa. Nossa morada é aqui mesmo. " Uma única viela dá o eixo à vila onde vivem perto de 800 pessoas. As casas e lojas feitas em madeira são pintadas em cores alegres. Algumas de dois andares têm pequenas varandas numa interpretação cabocla de New Orleans. O açougue é azul. A casa onde homens jogam dominó é verde e rosa. " Menina, eu acho que isso aí não é bom " , diz Alexandrina da Silva Pinto, a dona do restaurante verde-limão " Unidos Venceremos " . " Agora que o garimpo fracassou um pouco, o povo foi plantar cacau, criar gado. A gente vive tão tranquilo. " Uma de suas filhas, Diana, diretora da escola local, diz que há dúvidas sobre o direito à indenização de quem for afetado por Belo Monte, e a falta de clareza deixa o povoado inseguro. " Tem gente que diz que só os alagados vão receber. Então nós, que vamos ficar no seco.... Nesta localidade o que temos de mais precioso é o nosso rio. " O posto de saúde da vila é aparelhado. A sala do dentista é nova e a técnica de enfermagem Léa Elizabeth Pinheiro cuida do estoque de remédios para que não faltem. " Nesta área, todo mundo é contra " , diz ela. " Se fosse pelo gosto da gente, ficava tudo como está " , concorda Nilda Cipriano Lima, dona de um mercado que vende vassouras e tomates, preservativos e cremes Natura. O marido veio trabalhar no garimpo de ouro, mas virou agricultor quando a atividade enfraqueceu. Alguns homens ainda esperam encontrar ouro e se lançam em poços profundos de lama atrás de algumas gramas. Henrique Gomes Pereira, o dono da terra e para quem todos pagam um percentual da renda, é a voz destoante da comunidade. " Tem os prós e os contra " , resume. " A região está sem emprego, sem estrada, as escolas são fracas. Acho que com a usina vai vir gente, vai gerar trabalho, energia, desenvolvimento. Eu sou mais os ' pró ' " . (DC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário