"A Chapada Diamantina tem muito o que mostrar", diz José Raimundo
Jornalista conta detalhes dos lugares que visitou junto com a equipe do Globo Repórter na segunda viagem do programa ao Pantanal Nordestino.
PANTANAL DO SERTÃO
Impossível não gostar de voltar à Chapada Diamantina. Ainda mais quem não rejeita uma aventura, como é o meu caso. Já tinha vivido isso no ano passado quando revelamos para o Brasil o extraordinário Vale do Pati e sua trilha considerada a mais bonita do país. E cá estamos nós, de novo, para mais uma empreitada. É que a Chapada baiana, de tão grande e espetacular, tem muito o que mostrar, além dos milhões de kilates de diamantes que sairam daqui no século passado.
É de canoa que se percorre o pantanal da Bahia. " Barco a motor, nem em sonho ", diz Nilmário, Nil como é conhecido, guia experiente que conhece cada palmo do Marimbus. Ele nos levou a recantos de onde se vê o azul infinito do céu refletido em cristalinos espelhos d´água. Pescadores nunca voltam pra casa sem a comida da família. "Tem bastante peixe aqui, garantem eles. Pra comer e para vender. " E pescados no anzol, que é mais gostoso ainda", diz seu Edvaldo que faz do pantanal sertanejo seu ambiente de trabalho.
CAPÃO
Sabe aquele lugar que a gente ouve falar que é parado no tempo? Esta é a impressão que se tem quando se pega a estrada do Capão. Mas não é o que se comprova ao chegar e conhecer o vilarejo do município de Palmeiras. Menos de 1.000 moradores, sossegado e cercado de belas montanhas, o Capão, ao contrário, está acima do tempo que se imagina. Para começo de conversa, a vida nesse recanto da Chapada é cercada de boas energias e grande interesse por tudo o que é saudável.
Foi com a chegada do Dr Áureo Augusto Caribé, médico clínico, que a rotina dos moradores começou a mudar. Exausto da agonia do trânsito, dos plantões e noites perdidas nas emergências dos hospitais de Salvador, onde nasceu, cresceu e se formou, o médico escolheu o Capão para morar e ser feliz. E bastam alguns instantes de conversa e logo se descobre que o Dr. Áureo é mesmo a cara da felicidade. Lá ele não deixou de exercer a medicina. Continua estudando, se atualizando e é o médico da comunidade. E tão respeitado, que todas as famílias se orgulham em dizer que são pacientes do Dr. Áureo.
Mas a admiração vai além dos serviços prestados no único posto de saúde, sem falar dos atendimentos domiciliares sempre que é chamado. Segundo ele, felizmente, a demanda não é grande por um único motivo: "O povo do Capão não adoece com facilidade, graças à mudança de hábitos que ajudei a implantar assim que cheguei aqui, há 30 anos." É só visitar os quintais das casas para comprovar. Plantar horta, comer legumes, verduras, frutas, pouca carne vermelha, além de cultivar a paz e a alegria, são receita que o médico não se cansa de recomendar, e que os moradores adotaram quase como uma obrigação diária.
Filosofia semelhante é seguida pelos habitantes de Mucugê, cidade que fica ao norte da Chapada e que, na minha opinião, é umas das mais interessantes da região. Arquitetura colonial, bucólica, Mucugê, que fica a mais de 1.000 metros de altitude, tem clima ameno quase que o ano inteiro. Isso se deve à Serra do Sincorá que corta o município. Não é raridade a temperatura descer dos 10 graus nas noites de inverno. Durante o dia, sol escaldante.
BURACÃO
A Chapada Diamantina é um paraíso que espalha cachoeiras por todos os lados. Mas não é exagero dizer: o buracão é a mais bonita de todas. Não é o volume de água que a faz merecedora do título, mas a arquitetura caprichosa que a natureza reservou para aquele lugar. Imaginem o que é entrar em um cânion inundado de uns 200 metros mais ou menos e no final se deparar com uma queda d´água majestosa num buraco de 50 metro de profundidade e 800 de diâmetro? É tão surpreendente que não há como não se emocionar com tamanha beleza.
Mais uma aventura - desta vez por dentro do leito de um rio com pedras enormes - nos levou à cachoeira encantada, no município de Itaetê. Depois de 12 quilômetros a pé, subindo e descendo rochas muito escorregadias, avistamos a queda
d´água de 250 metros de altura. A paisagem impressiona pela dimensão. O banho embaixo da cachoeira e suas duchas regeneradoras é obrigatório. A água é gelada, mas depois de entrar no lago e nadar até a primeira ducha a temperatura fica suportável.
Qualquer viagem, mesmo a trabalho, só é interessante e produtiva quando se tem boas companhias. E disso eu não posso me queixar, pelo contrário. Ter o repórter cinematográfico Alex Carvalho na captação de imagens, Rildo de Jesus no áudio e a produção de Luiz Costa Jr já é um presente. E me sinto duplamente privilegiado por contar com duas profissionais e amigas que, da redação e ilha de edição, foram fundamentais para o bom resultado do trabalho: Lilian Cavalheiro, na edição de imagens e Meg Cunha, que mesmo à distância, dirigiu o programa com o talento e competência de sempre. É um orgulho fazer parte de tão valorosa equipe comandada brilhantemente por Silvia Sayão.
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