Garimpos do rio Madeira e Apuí, no Amazonas, operam sem licença ambiental
Permissão de Lavra Garimpeira só é expedida ou validade quando a licença de operação do órgão ambiental é concedida
Os garimpos localizados na calha do
rio Madeira e do rio Juma, no Amazonas, estão operando sem o
licenciamento ambiental. A situação minerária de cada uma das
cooperativas pode ser consultada por meio dos dados de seus respectivos
processos publicados no site do Departamento Nacional de Proteção
Mineral (DNPM), os quais o portal acritica.com teve acesso.
O
número de cada processo é obtido por meio do Sistema de Informações
Geográficas de Mineração (Sigmine), que oferece coordenadas de mapas e
uma série de dados sobre lavra garimpeira.
Três
cooperativas têm a Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), mas a falta da
licença expedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
(Ipaam) torna o documento do DNPM inválido. Uma das cooperativas,
contudo, não possui o PLG.
Cassação
A
Cooperativa dos Extrativistas Minerais de Manicoré, embora possua dois
requerimentos para atuar no rio Madeira, ainda não obteve a licença de
operação expedida pelo órgão ambiental. Por este motivo a entidade
também não possui a Permissão de Lavra Garimpeira, embora esteja
extraindo ouro desde julho de 2011, segundo apurou o portal
acrítica.com.
No rio Madeira, a
Cooperativa dos Extrativistas Minerais Familiares de Humaitá possui uma
PLG de 21 de julho de 2010, mas a licença de operação do Ipaam está
vencida desde 02 de junho de 2011. Até o momento, esta cooperativa não
obteve a renovação da licença ambiental.
A
Cooperativa Extrativista Mineral Familiar do Rio Juma (Cooperjuma)
mantém uma Permissão de Lavra Garimpeira desde no ano passado. Sua
licença venceu no último dia 26 de janeiro.
A
única associação que obteve licenciamento ambiental é a Cooperativa dos
Garimpeiros da Amazônia (Coogam), que possui quatro Permissões de Lavra
Garimpeira no rio Madeira. No entanto, 16 dias após iniciar as
atividades, o Ipaam cassou o licenciamento da cooperativa.
DNPM
Ao
procurar o diretor-presidente do DNMP nesta quarta-feira (01), Fernando
Burgos, a reportagem foi informada que ele estava em reunião. Burgos
também não retornou a ligação feita pela reportagem.
Na
segunda-feira passada (30), contudo, Burgos confirmou que a Coogam e a
Cooperjuma estavam sem o licenciamento e que a situação iria ser
avaliada pelo órgão. Quanto às outras cooperativas, ele sugeriu a
reportagem pegar mais detalhes no Ipaam.
Ipaam
A
reportagem entrou em contato com o Ipaam por meio da assessoria de
imprensa do órgão, e obteve três emails como respostas. No primeiro
deles, o órgão disse que recebeu da Cooperjuma no dia 6 de janeiro o
pedido de renovação do licenciamento ambiental. Segundo o Ipaam, a
legislação determina que o interessado apresente 60 dias antes do
vencimento da licença ambiental.
A
nota diz que área do Juma receberá a equipe técnica da Gerência de
Recursos Hídricos e Minerais em 60 dias. Se as condicionantes descritas
foram cumpridas pelo garimpo será concebida a renovação ou não.
O
Ipaam confirmou que três cooperativas atuam na área do rio Madeira, mas
que somente a Coogam teve a licença cassada. Na nota, a assessoria não
especifica o nome das cooperativas. Diz apenas que a de "Humaitá está
licenciada" e a de "Manicoré está em processo de licenciamento".
Procurada
novamente para dar mais detalhes sobre a situação de cada uma delas e
os motivos de cassação da licença da Coogam, o Ipaam emitiu nova nota,
assinada desta vez pelo presidente do órgão, Antônio Ademir Stroski,
publicada na íntegra: "O Ipaam inicia a discussão para disciplinar no
aspecto ambiental toda a atividade minerária e de lavra de ouro no leito
do rio Madeira. Uma vez que a atividade já está ocorrendo em quase toda
a extensão do rio no interior do Estado. Por hora, o Ipaam não pretende
divulgar informações fragmentadas sobre as cooperativas que exploram
lavra e ouro no rio Madeira. E oportunamente fornecerá dados técnicos
complementares".
Operação
Geomario
Leitão de Sena, presidente da Coogam, questiona a justificativa dada
pelo Ipaam para cassar o licenciamento ambiental para a operação.
"Disseram
que a gente não tinha licenciamento municipal e que as nossas dragas
desobedeciam as regras de instrução normativa. Só que a o nosso garimpo
não está na zona urbana, mas na rural. E a instrução normativa que eles
referiam era a que rege cooperativa familiar. Mas a nossa cooperativa
não é extrativista familiar, é uma empresa de mineração", disse Sena.
Sena
afirmou que a Coogam obteve o licenciamento ambiental no dia 19 de
setembro de 2011. A associação exportou então 35 equipamentos para banir
o mercúrio da exploração de ouro. A operação começou no dia 1º de
dezembro de 2011, mas teve que parar no dia 28 do mesmo mês. Para Sena, a
cassação da licença tem "interesses políticos".
A
Coogam já entrou com mandado de segurança na justiça federal. Enquanto a
ação não for julgada, o DNMP não suspende ou cancela sua PLG.
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