Minas criam empregos em um dos lugares mais pobres do Piauí
Opala muda a vida de famílias e movimenta a economia de Pedro II. Cuidado com a segurança e com o meio ambiente são novidades para os garimpeiros.
Carnaubeiras a perder de vista. Cenários naturais belíssimos. No norte do Piauí fica o município de Pedro II, mais conhecido como a cidade das opalas. As minas de tesouro mudaram o destino dos moradores.
Isso é que é pedra preciosa! A opala, rainha das cores, gera empregos, sustenta famílias e movimenta a economia de uma cidade inteira. Esse mineral que fascina joalheiros do Brasil e do mundo é encontrado, com alta qualidade, em apenas dois lugares do planeta: na Austrália e no Piauí. A riqueza era explorada no passado por grandes mineradoras, que deixaram prejuízos ambientais gigantescos.
Há quatro anos, 150 garimpeiros fundaram uma associação e legalizaram 90% dos terrenos, onde catam o que sobrou para ganhar a vida. E estão ganhando. Eles encontram opala no rejeito desprezado pelas mineradoras 40 anos atrás.
"No lixão todinho tem opala", garante um garimpeiro.
Sorte mesmo, porque muitos garimpeiros morreram cavando as minas de opalas da região. Placas sinalizam os novos tempos: "proibido morrer". O cuidado com a segurança e com o meio ambiente são novidades.
"Hoje em dia temos que trabalhar respeitando o meio ambiente. Vamos retirando o que aproveitamos e compactando para fazer reflorestamento. Não degradamos mais de maneira desordenada como era feito no passado", assegura o presidente da cooperativa dos garimpeiros, José Cícero Oliveira.
Quase todos os garimpos da região são a céu aberto. Mas não é porque as opalas aparecem na superfície. Primeiro são usados os tratores, que cavam buracos imensos, e só depois os garimpeiros começam a trabalhar. A frente de lavra, como eles chamam, tem dez metros de profundidade por cem de comprimento. Nas camadas coloridas de terra e argila, os garimpeiros usam a alavanca em busca das opalas.
"O material é sensível. Com a picareta não dá certo, porque pode quebrar tudo. Já perdemos opala por causa da picareta. Uma pedra pode mudar a vida de todo mundo, dependendo da quantidade, do tamanho. Todos estamos no garimpo atrás dela", diz o garimpeiro Ednaldo Silva.
A maior de todas as opalas foi encontrada por Raimundo Galvão, o seu Mundote, ex-garimpeiro que hoje é empresário. A opala de 4,75 quilos está no Museu de História Natural de Londres.
Há 34 anos, as opalas não tinham o valor que têm hoje. Seu Mundote vendeu barato e fiado a pedra preciosa. "Não tinha valor nenhum. Hoje eu não queria uma pedra daquela, porque não preciso daquele tanto de dinheiro. Hoje, R$ 1 milhão é pouco para aquela pedra", avalia o ex-garimpeiro.
Encontrar uma pedra grande, de muito valor, é o que move homens simples, que vivem da agricultura na época da chuva e correm pro garimpo durante a seca.
Cada garimpo tem um acampamento: uma espécie de base de apoio improvisada, onde eles fazem as refeições e também descansam nos momentos de folga. Eles levam para o acampamento o jeito de viver na roça.
Um dos pratos preparados pelo cozinheiro Antônio Freire é o baião-de-dois com ossada de boi caipira. Ele foi cozinheiro em São Paulo e voltou para trabalhar no garimpo. Melhor para os garimpeiros, que devoram o prato do dia.
Na cidade, os reflexos do garimpo: nas ruas de casas coloniais preservadas, as joalherias e oficinas se multiplicam. Nos últimos quatro anos, a produção de jóias aumentou seis vezes. Pedro II soube usar as opalas para melhorar a vida dos moradores. Jovens que antes teriam que ir embora para arrumar emprego hoje vão de moto para o trabalho.
Jardel Medeiros viu três irmãos partirem para tentar a vida em cidades grandes. Ele aproveitou a oportunidade e se tornou joalheiro. "Eu comecei quando não tinha nem bicicleta. Depois, comprei uma bicicleta e fui melhorando. Em seguida, comprei uma moto, casei, construí uma casinha, mobiliei. Hoje estou bem estruturado. É bastante gratificante ter essas conquistas na vida", ressalta o lapidário, que aprendeu o ofício com um mestre de mão cheia. Juscelino Araújo Souza foi lapidário. Hoje é empresário e vende joias para o país e o exterior. Ele é testemunha da transformação que aconteceu em Pedro II.
"Durante muito tempo as opalas foram extraídas no município e comercializadas em estado bruto ou algumas apenas lapidadas. A grande mudança foi quando resolvemos investir na produção de joias, na transformação de produtos para o turismo local e também para a venda em outras cidades, ganhando mercado pelo país", conta o empresário.
Mais de 1,5 mil empregos foram gerados e o dinheiro das pedras passou a circular na cidade. Outro pioneiro deu um novo uso às opalas. Benedito de Souza, o Bené do Tucum, criou joias usando um coquinho da região cravejado com as pedras preciosas. Ele virou um grande exportador. "Acima de 100 mil peças já foram feitas e comercializadas com opala e tucum", conta o empresário.
Nada se perde. Caquinhos recolhidos no garimpo se juntam em pequenos mosaicos e formam joias multicoloridas. Uma marca de Pedro II. É assim, aproveitando cada pedacinho, cada oportunidade, que o município lucra com as opalas.
Isso é que é pedra preciosa! A opala, rainha das cores, gera empregos, sustenta famílias e movimenta a economia de uma cidade inteira. Esse mineral que fascina joalheiros do Brasil e do mundo é encontrado, com alta qualidade, em apenas dois lugares do planeta: na Austrália e no Piauí. A riqueza era explorada no passado por grandes mineradoras, que deixaram prejuízos ambientais gigantescos.
Há quatro anos, 150 garimpeiros fundaram uma associação e legalizaram 90% dos terrenos, onde catam o que sobrou para ganhar a vida. E estão ganhando. Eles encontram opala no rejeito desprezado pelas mineradoras 40 anos atrás.
"No lixão todinho tem opala", garante um garimpeiro.
Sorte mesmo, porque muitos garimpeiros morreram cavando as minas de opalas da região. Placas sinalizam os novos tempos: "proibido morrer". O cuidado com a segurança e com o meio ambiente são novidades.
"Hoje em dia temos que trabalhar respeitando o meio ambiente. Vamos retirando o que aproveitamos e compactando para fazer reflorestamento. Não degradamos mais de maneira desordenada como era feito no passado", assegura o presidente da cooperativa dos garimpeiros, José Cícero Oliveira.
Quase todos os garimpos da região são a céu aberto. Mas não é porque as opalas aparecem na superfície. Primeiro são usados os tratores, que cavam buracos imensos, e só depois os garimpeiros começam a trabalhar. A frente de lavra, como eles chamam, tem dez metros de profundidade por cem de comprimento. Nas camadas coloridas de terra e argila, os garimpeiros usam a alavanca em busca das opalas.
"O material é sensível. Com a picareta não dá certo, porque pode quebrar tudo. Já perdemos opala por causa da picareta. Uma pedra pode mudar a vida de todo mundo, dependendo da quantidade, do tamanho. Todos estamos no garimpo atrás dela", diz o garimpeiro Ednaldo Silva.
A maior de todas as opalas foi encontrada por Raimundo Galvão, o seu Mundote, ex-garimpeiro que hoje é empresário. A opala de 4,75 quilos está no Museu de História Natural de Londres.
Há 34 anos, as opalas não tinham o valor que têm hoje. Seu Mundote vendeu barato e fiado a pedra preciosa. "Não tinha valor nenhum. Hoje eu não queria uma pedra daquela, porque não preciso daquele tanto de dinheiro. Hoje, R$ 1 milhão é pouco para aquela pedra", avalia o ex-garimpeiro.
Encontrar uma pedra grande, de muito valor, é o que move homens simples, que vivem da agricultura na época da chuva e correm pro garimpo durante a seca.
Cada garimpo tem um acampamento: uma espécie de base de apoio improvisada, onde eles fazem as refeições e também descansam nos momentos de folga. Eles levam para o acampamento o jeito de viver na roça.
Um dos pratos preparados pelo cozinheiro Antônio Freire é o baião-de-dois com ossada de boi caipira. Ele foi cozinheiro em São Paulo e voltou para trabalhar no garimpo. Melhor para os garimpeiros, que devoram o prato do dia.
Na cidade, os reflexos do garimpo: nas ruas de casas coloniais preservadas, as joalherias e oficinas se multiplicam. Nos últimos quatro anos, a produção de jóias aumentou seis vezes. Pedro II soube usar as opalas para melhorar a vida dos moradores. Jovens que antes teriam que ir embora para arrumar emprego hoje vão de moto para o trabalho.
Jardel Medeiros viu três irmãos partirem para tentar a vida em cidades grandes. Ele aproveitou a oportunidade e se tornou joalheiro. "Eu comecei quando não tinha nem bicicleta. Depois, comprei uma bicicleta e fui melhorando. Em seguida, comprei uma moto, casei, construí uma casinha, mobiliei. Hoje estou bem estruturado. É bastante gratificante ter essas conquistas na vida", ressalta o lapidário, que aprendeu o ofício com um mestre de mão cheia. Juscelino Araújo Souza foi lapidário. Hoje é empresário e vende joias para o país e o exterior. Ele é testemunha da transformação que aconteceu em Pedro II.
"Durante muito tempo as opalas foram extraídas no município e comercializadas em estado bruto ou algumas apenas lapidadas. A grande mudança foi quando resolvemos investir na produção de joias, na transformação de produtos para o turismo local e também para a venda em outras cidades, ganhando mercado pelo país", conta o empresário.
Mais de 1,5 mil empregos foram gerados e o dinheiro das pedras passou a circular na cidade. Outro pioneiro deu um novo uso às opalas. Benedito de Souza, o Bené do Tucum, criou joias usando um coquinho da região cravejado com as pedras preciosas. Ele virou um grande exportador. "Acima de 100 mil peças já foram feitas e comercializadas com opala e tucum", conta o empresário.
Nada se perde. Caquinhos recolhidos no garimpo se juntam em pequenos mosaicos e formam joias multicoloridas. Uma marca de Pedro II. É assim, aproveitando cada pedacinho, cada oportunidade, que o município lucra com as opalas.
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