quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A ATIVIDADE DE GEMAS E PEDRAS EM MINAS GERAIS

A produção de Gemas e Artefatos de Pedras nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri


A ATIVIDADE DE GEMAS E PEDRAS EM MINAS GERAIS


A extração de minerais é uma das mais antigas atividades da economia do Estado de Minas Gerais, bem como dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. Esta é uma constatação relevante para que se entenda a atual peculiaridade do setor de gemas e artefatos de pedra mineral ali prevalecente. Além do mais, essa Mesorregião tem sido objeto de constante preocupação pelas dificuldades que se antepõem ao seu desenvolvimento econômico e social.
O Estado de Minas Gerais, desde os primórdios de sua colonização, se caracteriza como uma das mais importantes províncias minerais do Brasil, e a sua ocupação territorial se inicia pelo Vale do Jequitinhonha. Na segunda metade do século XVI realizaram-se as Entradas e Bandeiras no afã da descoberta de esmeralda e ouro, que os nativos afirmavam existir no interior.
Esta primeira entrada foi infrutífera, mas outras se seguiram e, assim, se descobriram jazidas de pedras coradas: turmalinas, berilos e águas-marinhas (identificadas à época como esmeraldas, safiras e turquesas), localizadas na serra divisora das bacias do Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce e, também, no Espinhaço entre os rios São Francisco e Jequitinhonha.
Mais tarde, após o esgotamento do “ciclo da cana-de-açúcar”, segue-se o “ciclo do ouro”, iniciado em 1690 com a descoberta de ouro na região onde hoje é Minas Gerais.
O setor de Mineração de Minas Gerais surtiu consideráveis efeitos de encadeamento. A demanda por alimentos nas cidades e nos centros de mineração representou um estímulo à produção agrícola, inclusive em outras regiões do País. A exportação de ouro financiou um grande volume de importações de bens de consumo e suprimento para a mineração. O “ciclo do ouro” terminou no final do século XVIII, quando a maioria das minas economicamente viáveis haviam se esgotado.
A Província Pegmatítica Leste de Minas Gerais - segmento da Província Pegmatítica Oriental do Brasil, que inclui no seu recorte geográfico a Mesorregião Diferenciada dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - é considerada a mais rica área de concentração gemológica do País.
Nessa Mesorregião, o Médio Jequitinhonha concentra o maior potencial de extração e produção de gemas (pedras coradas), particularmente nas Microrregiões de Araçuaí e Pedra Azul. Em Minas Gerais se concentram as jazidas e a extração regular das gemas, principalmente nos pólos de produção regular nos eixos Araçuaí-Salinas, Medina-Pedra Azul-Itambé e Malacacheta-Padre Paraíso.
Minas Gerais, isoladamente é uma das grandes áreas gemológicas do mundo, com 11 depósitos conhecidos. O Estado responde por 30% da produção mundial. As cidades de Governador Valadares e Teófilo Otoni, esta última na Mesorregião dos Vales dos rios Jequitinhonha e Mucuri, podem se tornar importantes centros de lapidação de pedras coradas, fabricação de jóias seriadas e artesanato mineral, voltados à exportação, gerando emprego e renda, baseados na abundância de matéria prima e mão de obra regionais.
Além das gemas, são produzidos outros minerais próprios para uso industrial, tais como o feldspato, o quartzo e o espodumênio, Em decorrência do fato da prospecção e a lavra estarem fundamentalmente voltadas na região para a extração de gemas, tem sido, entretanto, relativamente limitado o aproveitamento desses minerais, que em sua grande maioria acabam abandonados como rejeitos.
Da atividade extrativa voltada para a produção de gemas preciosas ocorre também uma grande quantidade de pedras semi-preciosas, que  também são rejeitadas; são gemas com inclusões e defeitos, que não se enquadram na categoria de pedras preciosas e não se prestam, portanto, à produção de jóias.

A ATIVIDADE DE GEMAS E PEDRAS NA BAHIA

Em 2000, a Bahia foi o terceiro maior produtor de rochas ornamentais brutas (mármores e granitos) do Brasil, com produção estimada em 490 mil toneladas/ano, depois do Espírito Santo, com 2 milhões e 400 mil t/ano, responsável por 47% da produção nacional, e Minas Gerais, com 1 milhão e 146 mil toneladas t/ano, segundo estudo do Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e Tecnologia(Cetem).
Informações da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) apontam a Bahia como o Estado brasileiro que possui a maior variedade de padrões e cores de granitos do país. É o único produtor brasileiro do raríssimo granito azul, nas modalidades azul-bahia e azul-macaúbas, encontrados no município de Potiraguá, bem como do mármore travertino, e do bege-bahia, no Vale do Salitre, cujos principais produtores são os municípios de Ourolândia, Jacobina e Mirangaba. No Estado, também registram-se ocorrências de outros tipos de granitos de elevado valor comercial, como o rosa (em Itaberaba, Macajuba e Ruy Barbosa), o branco (no Extremo Sul), o marrom (em Itarantim), o amarelo (em Itamaraju), o negro (em Brumado) e o verde (em Jequié).
A Bahia tem sido, por muito tempo, juntamente com Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, destaque na produção de pedras preciosas naturais do Brasil, país que detém grande parte das reservas mundiais desses bens minerais, com produção de gemas de qualidade reconhecida internacionalmente. Os controles estatísticos registram, historicamente, a presença de mais de
trinta variedades gemológicas em território baiano, com destaque para esmeralda, água-marinha, ametista, diamante, citrino, crisoberilo e cristal-de-rocha.


O ARTESANATO MINERAL NA BAHIA

A Bahia é o segundo maior Estado produtor de gemas, com destaque para a esmeralda, ametista, turmalina, citrino, crisoberilo, as águas-marinhas (consideradas as melhores do mundo), diamantes, entre outras gemas, além de ser o quarto Estado maior produtor de ouro no País. A Bahia também produz uma variedade muito grande de pedras ornamentais como granito, mármore, dentre outras.
As técnicas utilizadas no Estado para a produção da lapidação e do artesanato mineral são tradicionais, com instalações e equipamentos simples que permitem agilidade na implantação, treinamento e produção por pessoas das comunidades envolvidas nos vários projetos já em atividade e seguem um modelo consolidado por mais de vinte anos.

CARACETERIZAÇÃO DA REGIÃO BAIANA DO VALE DO JEQUITINHONHA E MUCURI

O Estado da Bahia é conhecido como grande produtor de gemas, metais, rochas e pedras decorativas que, inexplicavelmente saem brutos, sem maior valor agregado, para o exterior.
A região do extremo sul da Bahia é destaque pela presença de granitos pegmatíticos com grande aporte de gemas, especialmente águas-marinhas e crisoberilos, a exemplo dos garimpos existentes na região. Notícias de extração de água-marinha na região sul do Estado remontam ao início deste século, especialmente na área do vale do rio Jibóia, a noroeste da cidade de Itambé. Na década de 50, no garimpo de Água Fria, município de Vereda, extraiu-se um valioso exemplar dessa pedra preciosa. Conhecido como “água-marinha do Jaquetô”, este cristal pesava mais de 19 quilogramas. A geração desse mineral está intimamente relacionada aos corpos pegmatíticos que ocorrem em duas regiões, uma compreendida entre os municípios de Vitória da Conquista, Cândido Sales e Macarani (incluindo os conhecidos “pegmatitos da Região de Itambé”) e outra abrangendo os municípios de Eunápolis, Itanhém e Teixeira de Freitas.
Essas duas regiões integram a expressiva Província Pegmatítica Oriental (Paiva, 1946), que se estende pelo norte de Minas Gerais, especialmente pelo vale do rio Jequitinhonha, reconhecida mundialmente pelas excelentes gemas que produz. Devemos observar o grande potencial de exploração de gemas e pedras ornamenais, não somente para a produção de matéria prima como também para a manufatura de produtos de maior valor agregado tais como: gemas lapidadas para o uso em joalheria, objetos de decoração e utilitários, além de outras atividades que viabilizam a inclusão social como a joalheria propriamente dita, a montagem de bijuterias e a fabricação de acessórios para as indústrias de roupas, calçados, entre outras.
Além da água-marinha e dos minerais industriais, diversas gemas ocorrem na região, isoladas ou em associação: crisoberilo, topázio, morganita, andaluzita, zircão, quartzo róseo, amazonita, fluorita e turmalinas de diversas cores.
Vale destacar que o artesanato mineral é uma atividade difundida mundialmente e com grande avanço tecnológico, especialmente na China, Índia e Tailandia, tornando necessária a modernização da tecnologia aqui aplicada para dinamizar econômica e competitivamente a produção realizada nesta região específica do Estado.


B.2. A BASE PRODUTIVA LOCAL

O ARTESANATO MINERAL NOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

O PRISMA – Programa de Inclusão Social da Mineração, implantado pela Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Governo do Estado, realiza ações de treinamento de lapidação e artefato mineral através de uma rede de 40 núcleos de treinamentos sediados em toda a Bahia. No município de Itanhém, um destes núcleos foi estruturado, resultado do convenio celebrado entre o governo do Estado e a Prefeitura Municipal.
Nos municípios de Vereda, Itanhém, atuam as lavras de água-marinha de Saluzinho, Salomão e Centenário (esta última com crisoberilo), fornecedoras de matéria-prima de ótima qualidade para a lapidação e o artesanato mineral. Em Vereda, no garimpo de Água Fria, foi encontrada a maior água-marinha de qualidade do Brasil. Os três municípios citados formam o principal centro produtor mineral da micro-região.

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