Amazônia abriga terceira corrida do ouro no Brasil
O que o resultado das operações de fiscalização de crimes ambientais
sinalizava, e o governo temia, está sendo confirmado agora por
especialistas em mineração e órgãos ambientais: começou, há quase cinco
anos, a terceira corrida do ouro na Amazônia Legal, com proporções,
provavelmente, superiores às do garimpo de Serra Pelada, no sul do Pará,
no período entre 1970 e 1980.
Nos últimos cinco anos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) desativou 81 garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará e no Amazonas, na região da Transamazônica. O Ibama informou que foram aplicadas multas no total de R$ 75 milhões e apreendidos equipamentos e dezenas de motores e balsas.
Nesta semana, fiscais do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agentes da Polícia Federal, desativaram três garimpos ilegais de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt, em Rondônia. Dezessete motores e caixas separadoras usadas no garimpo ilegal foram destruídos, cessando o dano de imediato em área de difícil acesso.
A retomada do movimento garimpeiro em áreas exploradas no passado, como
a Reserva de Roosevelt, e a descoberta de novas fontes de riqueza
coincidem com a curva de valorização do ouro no mercado mundial. No ano
passado, a onça – medida que equivale a 31,10 gramas de ouro – chegou a
valer mais de US$ 1,8 mil.
Com a crise mundial, a cotação no mercado internacional, recuou um pouco este ano, mas ainda mantém-se acima de US$ 1,6 mil. No Brasil, a curva de valorização do metal continua em ascensão. No início deste ano, o preço por grama de ouro subiu 12%, chegando a valor R$ 106,49.
"É um valor muito alto que compensa correr o risco da clandestinidade e da atividade ilegal. Agora qualquer teorzinho que estiver na rocha, que antes não era econômico, passa a ser econômico", afirma o geólogo Elmer Prata Salomão, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Mineral e ex-presidente do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Como a atual corrida do ouro é muito recente, os dados ainda são
precários e os órgãos oficiais não têm uma contagem global. Segundo
Salomão, que presidiu o DNPM na década 1990, depois da corrida do ouro
de Serra Pelada, foram feitos levantamentos que apontaram cerca de 400
mil garimpeiros em atividade no Brasil.
"Tem garimpos por toda a região e tem empresas com direitos minerários reconhecidos para atuar lá", relata. Como ainda há muito ouro superficial que atrai os garimpeiros ilegais, a área tem sido alvo de conflitos. As empresas tentaram solucionar o problema no final do ano passado, quando procuraram o governo de Mato Grosso e o DNPM. "A notícia que tive é que a reunião não foi muito boa. Parece que o governo local tomou partido do garimpo", disse ele. Procurado pela Agência Brasil, o governo de Mato Grosso não se manifestou.
"Os garimpos mais problemáticos são os de ouro e diamante. Na Amazônia, incluindo o norte de Mato Grosso, estão os mais problemáticos e irregulares, tanto por estarem em áreas proibidas, como por serem clandestinos."
A Reserva Roosevelt, no sul de Rondônia, a 500 quilômetros da capital,
Porto Velho, é outro ponto recorrente do garimpo ilegal. A propriedade
de mais de mil índios da etnia Cinta-Larga, rica em diamante, foi palco
de um massacre, em 2004, quando 29 garimpeiros, que exploravam
clandestinamente a região, foram mortos por índios dentro da reserva. O
episódio foi seguido por várias manifestações dos Cinta-Largas,
incluindo sequestros, que pediam autorização para explorar a reserva.
"Agora existe um grupo de garimpeiros atuando junto com os índios, ilegalmente. Agora, eles estão de mãos dadas. A gente viu fotografias com retroescavadeiras enormes", diz o geólogo.
Os garimpos na Reserva do Roosevelt voltaram a ser desativados esta semana, quando o Ibama deflagrou mais uma operação na região, com o apoio da Polícia Federal.
Marini explicou que ainda não é possível contabilizar os números da atividade praticada ilegalmente na região. "Não há registro. Em Tapajós, onde [o garimpo] está na fase final, falava-se em valores muito altos, em toneladas de ouro que teria saído de lá, mas o registro oficial é pequeno, a maior parte é clandestina. Ouro, diamante e até estanho, que é mais barato, na fase de garimpo, mais de 90% era clandestino".
Nos últimos cinco anos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) desativou 81 garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará e no Amazonas, na região da Transamazônica. O Ibama informou que foram aplicadas multas no total de R$ 75 milhões e apreendidos equipamentos e dezenas de motores e balsas.
Nesta semana, fiscais do Ibama e da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agentes da Polícia Federal, desativaram três garimpos ilegais de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt, em Rondônia. Dezessete motores e caixas separadoras usadas no garimpo ilegal foram destruídos, cessando o dano de imediato em área de difícil acesso.
Com a crise mundial, a cotação no mercado internacional, recuou um pouco este ano, mas ainda mantém-se acima de US$ 1,6 mil. No Brasil, a curva de valorização do metal continua em ascensão. No início deste ano, o preço por grama de ouro subiu 12%, chegando a valor R$ 106,49.
"É um valor muito alto que compensa correr o risco da clandestinidade e da atividade ilegal. Agora qualquer teorzinho que estiver na rocha, que antes não era econômico, passa a ser econômico", afirma o geólogo Elmer Prata Salomão, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Mineral e ex-presidente do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Regiões estratégicas
O secretário executivo da Adimb (Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira), Onildo Marini, cita duas regiões em Mato Grosso consideradas estratégicas para o garimpo: o Alto Teles Pires, no norte do estado, que já teve forte movimento da atividade e hoje está em fase final, e Juruena, no noroeste mato-grossense, onde o garimpo foi menos explorado."Tem garimpos por toda a região e tem empresas com direitos minerários reconhecidos para atuar lá", relata. Como ainda há muito ouro superficial que atrai os garimpeiros ilegais, a área tem sido alvo de conflitos. As empresas tentaram solucionar o problema no final do ano passado, quando procuraram o governo de Mato Grosso e o DNPM. "A notícia que tive é que a reunião não foi muito boa. Parece que o governo local tomou partido do garimpo", disse ele. Procurado pela Agência Brasil, o governo de Mato Grosso não se manifestou.
"Os garimpos mais problemáticos são os de ouro e diamante. Na Amazônia, incluindo o norte de Mato Grosso, estão os mais problemáticos e irregulares, tanto por estarem em áreas proibidas, como por serem clandestinos."
- Foto aérea mostra a floresta Amazônica (na parte superior) fazendo
fronteira com terras desmatadas para o plantio de soja, em Mato Grosso. A
foto foi tirada neste domingo (4) e divulgada hoje. O Brasil produzirá
um recorde de 97,8 milhões de toneladas de soja em 2015/16, um aumento
de 3,2% em comparação com 2014/15 Paulo Whitaker/ Reuters
"Agora existe um grupo de garimpeiros atuando junto com os índios, ilegalmente. Agora, eles estão de mãos dadas. A gente viu fotografias com retroescavadeiras enormes", diz o geólogo.
Os garimpos na Reserva do Roosevelt voltaram a ser desativados esta semana, quando o Ibama deflagrou mais uma operação na região, com o apoio da Polícia Federal.
Marini explicou que ainda não é possível contabilizar os números da atividade praticada ilegalmente na região. "Não há registro. Em Tapajós, onde [o garimpo] está na fase final, falava-se em valores muito altos, em toneladas de ouro que teria saído de lá, mas o registro oficial é pequeno, a maior parte é clandestina. Ouro, diamante e até estanho, que é mais barato, na fase de garimpo, mais de 90% era clandestino".
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