sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Como é bem sabido, o estado de Minas Gerais tem uma produção de gemas importantíssima

Como é bem sabido, o estado de Minas Gerais tem uma produção de gemas importantíssima tanto em quantidade quanto em qualidade. Dezenas de diferentes pedras preciosas ali são extraídas e vendidas para todo o mundo.
Essa produção, na sua quase totalidade, provém de garimpos, ou seja, de lavras rudimentares, onde homens sem conhecimento técnico e usando ferramentas simples, abrem galerias que podem totalizar muitas dezenas de metros de extensão, situadas dezenas de metros abaixo da superfície. A iluminação é escassa, o acesso à frente de trabalho é geralmente feito em condições muito precárias, mas nada disso tira o ânimo dos trabalhadores, pelo menos  enquanto as gemas estão aparecendo.
A casa da foto 1 é, a um só tempo, depósito, abrigo, cozinha, etc.
A foto 2 mostra a entrada de um desses garimpos, localizado a 18 km da cidade de Governador Valadares.  Uma simples abertura num barranco, com cerca de 80 cm de largura. A ela se segue uma galeria igualmente estreita e descendente.

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foto 1

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foto 2
 
Em alguns garimpos, o acesso é feito por poços verticais, de modo igualmente precário, embora algumas dessas escavações sejam revestidas com manilhas, como a que se vê na foto 3.
 
   
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foto 3
 
Após a detonação dos explosivos, é preciso esperar que uma máquina jogue para fora toda a fumaça, para só então retomar os trabalhos (Foto 4)
 
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foto 4
 
O acesso precário e tão simples ao interior do garimpo não lembra em nada a riqueza que jaz lá em baixo. Água-marinha, turmalina, cristal-de-rocha, apatita e outras gemas, além de belas peças para coleção, como lindos agregados de cleavelandita e grandes cristais de muscovita, reluzem sob a luz fraca das lâmpadas instaladas pelos garimpeiros.
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foto 5
A fig. 5 mostra uma das paredes do garimpo, com turmalina (preta), água-marinha (azul), e cleavelandita (branca).
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foto 6
Cleavelandita e mica
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foto 7
Cristal de schorlita (turmalina preta) de 7 x 0,3 cm

A cianita é uma daquelas gemas pouco conhecidas, mas que têm uma beleza muito própria. Sua cor, geralmente azul (daí seu nome: do grego kyanos = azul) é distribuída de modo irregular. Isso pode não agradar a alguns, mas é, para nós, justamente o que a torna atraente.
 
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DUDA & REJL – La Gran Enciclopedia de los Minerales
A cianita pode ser também verde, incolor ou marrom. A presença de inclusões pode torná-la cinza-escura.  Seus cristais são laminados, longos e finos, muitas vezes maclados, formando, às vezes, agregados. É transparente, com brilho vítreo e nacarado.
Pode mostrar fluorescência verde-azulada ou vermelha. A variedade azul é fortemente pleocróica em incolor, violeta-escuro e azul.
 
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 KORBEL & NOVÁK – Enciclopédia de Minerais
 
Sua dureza mostra notável variação, conforme a face considerada. Vai de 4,0 a 7,0, daí ser também chamada de distênio (do grego dis = dois e sthenos = força).
A cianita tem mesma composição que a andaluzita e a sillimanita (silicato de alumínio – Al2SiO5), mas cada qual tem uma estrutura cristalina própria.

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BAUER & BOUSKA – Pierres précieuses et pierres fines

Ocorre em xistos, gnaisses e pegmatitos graníticos e raramente tem qualidade gemológica, sendo mais importante como fonte de sílica e de mullita e em cerâmica refratária.
É importante em Geologia porque sua presença evidencia metamorfismo regional de alta pressão e média temperatura.
 
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A cianita mais valiosa como gema é a de cor azul. Ela atinge preços da ordem de US$ 15 a US$ 25 por quilate, para pedras com 2 a 10 quilates. É produzida na Suíça, Quênia, Mianmar (ex-Birmânia), Áustria e Brasil (BA, MS e MG).

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Âmbar polido
O âmbar, uma gema orgânica, é uma resina fóssil, formada há 30 milhões de anos, por um pinheiro, o Pinus succinites. 
Ele era conhecido já na Idade da Pedra, quando se lhe, atribuía propriedades sobrenaturais, e a peça de âmbar mais antiga que se conhece é um prato encontrado em um acampamento de caçadores de renas, perto de Hamburgo, na Alemanha.
O historiador Plínio conta que esse material era tão valioso que um pequeno pedaço dele valia mais que um escravo. Por volta de 1400, na maior parte da Europa era ilegal possuí-lo sem autorização, mas nos séculos XVII e XVIII tornou-se popular seu uso em obras de arte.
Depois de um período de menos prestígio, voltou a ser valorizado após a Segunda Guerra Mundial, através do Feliksas Daukantas, que encorajou artistas a mostrar a beleza do âmbar natural.
O âmbar forma blocos que chegam a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida é o Âmbar Birmânia, de 15,250 kg, pertencente ao Museu de História Natural de Londres.
Sua cor mais comum é a amarela, mas pode ser marrom, azulado, cinza, preto, vermelho e branco. Os mais raros são os vermelhos, brancos, verdes e sobretudo o azul, o mais raro e valioso âmbar que se conhece.
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Âmbar preto
(Tesouros da Terra)
O cozimento em azeite de semente de nabo elimina inclusões fluidas eventualmente existentes, melhorando a cor.
O âmbar é transparente a semitranslúcido,  séctil (pode ser cortada em lascas) e muito leve (flutua na água do mar). A dureza é muito baixa: 2,0 a  2,5.  Quando queimado, exala aroma agradável.   
Se atritado contra um pano de lã, fica eletrizado e consegue atrair pedaços de papel. Por isso, era chamado, na Grécia antiga, de elektron.
Muitas vezes, o âmbar contém, em seu interior fosseis animais, principalmente insetos, secundariamente aracnídeos, que viviam na época em que a resina se formou e que nela ficaram aprisionados. Material desse tipo é muito valorizado por seu valor científico. Nada menos de 3.000 espécies animais já foram encontradas em âmbar, 85% delas já extintas.Image
Âmbar com insetos
O âmbar é muito usado como gema e em objetos ornamentais, com lapidação facetada, em cabuchão ou simples polimento. De todo o âmbar produzido, cerca de 15% têm qualidade para uso em jóias.
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Âmbar
Museu de Geologia da CPRM
Ele é imitado por várias substâncias, sobretudo plásticos, mas todas essas imitações dele diferem por serem mais densas. Também pode ser imitado por alguns vidros, que são mais duros e mais densos, além de frios ao tato. 
O âmbar é produzido principalmente na Alemanha e na Rússia, vindo a seguir a Itália. Cerca de 90% da produção provém da região do mar Báltico. No Brasil, nunca foi encontrado.

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