sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Garimpo fechado no Amapá extraía ouro e madeira ilegalmente, diz Imap

Garimpo fechado no Amapá extraía ouro e madeira ilegalmente, diz Imap

Proprietário tinha licença para extrair tantalita em área de 30 hectares.
Fiscalização identificou desvio de rio e contaminação do solo por mercúrio.

Área usada no garimpo fica na Zona Rural de Tartarugalzinho, no Amapá (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)
A atividade garimpeira no município de Tartarugalzinho, a 230 quilômetros de Macapá, não tinha licença para a extração de ouro e madeira na região, segundo o Instituto de Mapeamento e Ordenamento Territorial (Imap), que interditou o trabalho na mina no dia 23 de julho, porque a atividade estaria desviando o curso de um igarapé. O órgão foi o responsável pela emissão da licença e pela análise dos danos na área, localizada na margem direita do Igarapé do Fogo, ligado ao Rio Falsino, em uma área rural da cidade.
Após uma operação conjunta do Imap e Batalhão Ambiental, que prendeu três pessoas e apreendeu sete trabalhadores, foram detectadas na área diversas irregularidades, segundo o Imap, como a poluição do solo, desmatamento, além de escavações feitas de maneira inadequada.
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Parte do curso do rio Falsino foi desviado para atividade garimpeira (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)Parte do curso do rio Falsino foi desviado para atividade garimpeira (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)
A licença expedida em dezembro de 2013 permitia ao proprietário apenas a extração de tantalita, um minério comum no subsolo do estado e que é aproveitado na indústria metalúrgica e tecnológica pelo alto grau de resistência ao calor.
O Imap calculou que eram extraídos cerca de 100 gramas de ouro por semana, além de uma quantidade de madeira ainda não estimada, de espécies como angelim e louro-vermelho, consideradas de alto valor.
Ao todo, dez pessoas foram detidas por policiais em área de garimpo ilegal (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)Dez pessoas foram detidas por policiais em área de
garimpo ilegal (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)
O analista ambiental do Imap Cristóvão Carvalho, que atuou no levantamento dos danos, disse que o proprietário do garimpo usou outras cinco lavras para extração ilegal que não estavam descritas na licença. A área destinada ao garimpo media cerca de 30 hectares, e, segundo o órgão, a atuação ocorria numa área três vezes maior que a liberada.
Entre os prejuízos, o instituto identificou a degradação do Igarapé do Fogo, que foi desviado para atender à atividade garimpeira nos cinco locais. "O desvio foi bem rústico, e uma parte do igarapé foi completamente assoreada. Uma estrutura vegetal ou animal que dependa desse rio pode se perder, e mais para a frente o igarapé corre até o risco de sumir", falou Carvalho.
Outra denúncia feita pelo Imap aponta para a contaminação da água e do solo na região a partir do uso inconsequente, conforme o instituto, de mercúrio na extração do ouro. Além de prejudicar o meio ambiente, a atividade pode causar danos à saúde de trabalhadores que têm contato direto com o material sem o uso de equipamentos de proteção, como luvas e capacetes, segundo o órgão. 
Maquinário usado nas atividades foi removido pelo BA (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)Maquinário usado nas atividades foi removido
pelo BA (Foto: Dicom/Batalhão Ambiental)
A área, de acordo com o Imap, ainda pode ser recuperada, mas necessita de um trabalho imediato que consista na recuperação de mata nativa e término das extrações.
Operação
Após uma recomendação do Ministério Público do Amapá (MP-AP), que detectou atividade potencialmente poluidora na região, órgãos de defesa ambiental do Amapá fecharam a área usada para garimpo. Das dez pessoas detidas, três são suspeitos de degradação ambiental, entre elas o proprietário, que foi multado em R$ 25 mil. 
Foram apreendidas cinco espingardas calibre 12 com munição, além de maquinário. O Batalhão Ambiental reforçou que o trio pode responder pela ação de três formas: civil, criminal e administrativa, podendo ser enquadrado nos crimes contra a natureza em âmbito estadual e federal, resultando em autuação e prisão. Eles respondem em liberdade.

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