Por que os chineses querem minerar a Lua?
Para muitos cientistas a Lua pode ter um componente que pode mudar drasticamente a história do consumo de energia no nosso planeta: o hélio-3.
O hélio-3 ou He-3 é um isótopo estável, não radioativo do hélio.
O interesse no hélio-3 é que este gás poderá ser utilizado em reatores de fusão nuclear que gerarão imensas quantidades de energia sem produzir rejeitos radioativos ou emissão de nêutrons, comuns aos reatores nucleares a urânio.
Segundo os astrônomos e geólogos o He-3 emitido pelo Sol não atinge a superfície da Terra, pois é defletido pelo nosso forte campo magnético. Já o mesmo não ocorre na Lua onde, acredita-se, que o He-3 esteja se acumulando ao longo de bilhões de anos no fundo das crateras mais frias e escuras.
Acredita-se que o teor de He-3 no regolito lunar seja de 28ppm. Este teor tende a crescer nas áreas escuras e protegidas dos raios solares podendo, então, atingir concentrações econômicas. Alguns especulam que a Lua pode conter vários milhões de toneladas de He-3.
A verdade ainda está para ser descoberta.
Os mais entusiasmados dizem que o He-3 extraído da superfície da Lua poderá gerar toda a energia que o Homem precisa por milhares de anos.
É uma aposta instigante, mas ainda sem sustentação.
Para que o regolito lunar possa ser lavrado e gerar quantidades importantes de He-3 é necessário que sejam descobertas as principais concentrações do gás, o que ainda não foi feito.
Existe uma sonda indiana, a Chandrayaan-I, lançada em 2008 que está mapeando a superfície da Lua em busca de importantes concentrações de He-3.
Os russos, por sua vez, dizem que em 2020 poderão estar prontos para lavrar o He-3 lunar.
Vários projetos americanos objetivam o lançamento de sondas lunares em busca do He-3, que para muitos será a maior revolução energética da história do Homem. Todos os projetos americanos ainda estão em estágio inicial.
No entanto é a China quem lidera a corrida.
Os chineses não estão para brincadeiras e já entraram na quinta missão lunar com a Chang´e 5-T1 que já se encontra, neste momento, em órbita lunar.
Em 2014 a sonda chinesa Yutu aterrissou na Mare Imbrium. Começava a invasão chinesa à Lua.
Desde então, quando todos acreditavam que a missão Chang’ e 3 já havia sido encerrada, na semana passada, a sonda retornou de sua décima quarta hibernação.
O que a Chang’e está fazendo (com sucesso) é a prospecção do He-3 ao mesmo tempo em que elabora um mapa do solo e do regolito lunar, usando como principais instrumentos um espectrógrafo e um radar de penetração. É óbvio que eles estão, também, mapeando e prospectando outros elementos valiosos como ouro, platinóides, terras-raras e outros que possam dar retorno econômico aos programas de prospecção lunar.
Já o objetivo da missão Chang’e 5 é o de trazer à Terra as primeiras amostras de He-3 da Lua: um feito considerável se bem sucedido.
Com isso os chineses já se preparam para lavrar as jazidas de He-3 encontradas, mesmo antes da criação das leis sobre a mineração lunar.
Na realidade os chineses estão tão à frente dos demais competidores que só entraves burocráticos e legais para desacelerá-los.
Talvez seja esse o artifício que os Estados Unidos irão usar para paralisar os chineses e ganhar tempo na corrida pelo He-3.
Até lá ficamos com as nossas especulações...
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