Pesquisadores realizam levantamento histórico sobre diamantes extraídos no Vale do Jequitinhonha
Durante séculos, Minas Gerais foi a maior região produtora de diamantes do mundo. Grande parte dessa produção veio de Diamantina, cidade localizada na Serra do Espinhaço, a 292 quilômetros da capital mineira. A própria origem do município está relacionada à exploração das pedras, já que seu subsolo é constituído principalmente por rochas metamórficas como filitos e quartzitos. A exploração foi iniciada no início do século XVIII. Em 1832, o fim do monopólio real desencadeou uma nova corrida em busca de diamantes, o que motivou a chegada de exploradores de diferentes regiões.
Apesar dos mais de 100 anos de produção dessa gema no Estado, não havia uma rotina de registro das pedras encontradas na região. Os documentos existentes são voltados exclusivamente para a obtenção de impostos sobre a produção. Como resultado, a história dessa atividade, incluindo a documentação das grandes pedras extraídas, é rara e fragmentária.
Recuperar essas informações é um dos objetivos de uma pesquisa desenvolvida, desde janeiro de 2007, pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) *. A proposta é criar um acervo da memória oral, com levantamento das maiores pedras extraídas na Serra do Espinhaço. Segundo a professora Soraya de Carvalho Neves, coordenadora da pesquisa, o trabalho irá resultar no cadastramento, incluindo a localização e ano do achado, dos maiores diamantes extraídos nos municípios de Diamantina, Gouveia, Datas, Presidente Kubitschek, Serro, Couto Magalhães de Minas, Rio Vermelho e Carbonita.
O único registro oficial, segundo a pesquisadora, é o chamado “livro da Capa Verde”, em exposição no Museu do Diamante, em Diamantina. Mas deve-se considerar que a maioria das grandes pedras encontradas foi contrabandeada. Para suprir essa lacuna, os pesquisadores tentarão buscar informações em um acervo informal das pessoas que participaram da exploração e comercialização das gemas e que, eventualmente, redigiram rascunhos pessoais.
Como a maioria dos envolvidos na atividade é falecida, a equipe está tentando o resgate de livros-caixa e diários que possam ter sido guardados pelos famiiares. Além do levantamento histórico, há a pesquisa geológica, a fim de avaliar a questão da área fonte dos diamantes, ou onde estaria localizada a rocha matriz. “Existem duas correntes: uma seria que a rocha original localiza-se fora da Serra do Espinhaço, e a segunda diz que a rocha matriz pode estar na região de Diamantina”, afirma. A definição das chamadas áreas fontes dos diamantes pode atrair empresas para prospectar essas áreas potenciais, resultando em positivo impacto econômico para o município com o retorno da atividade mineradora.
O resgate da memória oral envolve o levantamento de dados a partir de um questionário, levado a garimpeiros, mineradores e diamantários. As perguntas abordam, entre outros, a atividade que costumava desempenhar (garimpeiro, comprador de diamantes, entre outros), maiores pedras que já viu ou ouviu falar e se possui dados quantitativos ou outras informações relevantes sobre a atividade. Já foram realizadas 33 entrevistas e a pesquisadora obteve relatos em relação a 10 pedras com tamanho de até 20 quilates, 20 diamantes de até 30 quilates, 31 com até 50 quilates, alguns com até 90 quilates. Acima de 100 quilates, não há registro confiável. A maior pedra encontrada seria de 122 quilates, ainda no período colonial.
Durante o trabalho, a equipe vai conhecendo os mitos existentes na região. Um deles conta sobre um diamante vermelho do tamanho de um ovo de galinha que teria sido encontrado no distrito de Extração (Curralinho). “Toda a população local fala sobre esta pedra”, diz. Até 1988, a economia da cidade girava em torno dos diamantes e a maioria da população masculina local é formada por garimpeiros. Com a implementação da legislação ambiental a partir desta data, iniciou-se um período de modificação socioeconômica na região. “O município ainda vive uma crise econômica. A cada dia, a extração se torna mais difícil e cara. Hoje, são poucos os que conseguem explorar esse mineral e mais raro ainda é bamburrar – forma popular de expressão que os garimpeiros utilizam para designar aqueles que encontram grandes pedras ou somas de diamantes e conseguem fazer fortuna.”
Apesar dos mais de 100 anos de produção dessa gema no Estado, não havia uma rotina de registro das pedras encontradas na região. Os documentos existentes são voltados exclusivamente para a obtenção de impostos sobre a produção. Como resultado, a história dessa atividade, incluindo a documentação das grandes pedras extraídas, é rara e fragmentária.
Recuperar essas informações é um dos objetivos de uma pesquisa desenvolvida, desde janeiro de 2007, pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) *. A proposta é criar um acervo da memória oral, com levantamento das maiores pedras extraídas na Serra do Espinhaço. Segundo a professora Soraya de Carvalho Neves, coordenadora da pesquisa, o trabalho irá resultar no cadastramento, incluindo a localização e ano do achado, dos maiores diamantes extraídos nos municípios de Diamantina, Gouveia, Datas, Presidente Kubitschek, Serro, Couto Magalhães de Minas, Rio Vermelho e Carbonita.
O único registro oficial, segundo a pesquisadora, é o chamado “livro da Capa Verde”, em exposição no Museu do Diamante, em Diamantina. Mas deve-se considerar que a maioria das grandes pedras encontradas foi contrabandeada. Para suprir essa lacuna, os pesquisadores tentarão buscar informações em um acervo informal das pessoas que participaram da exploração e comercialização das gemas e que, eventualmente, redigiram rascunhos pessoais.
Como a maioria dos envolvidos na atividade é falecida, a equipe está tentando o resgate de livros-caixa e diários que possam ter sido guardados pelos famiiares. Além do levantamento histórico, há a pesquisa geológica, a fim de avaliar a questão da área fonte dos diamantes, ou onde estaria localizada a rocha matriz. “Existem duas correntes: uma seria que a rocha original localiza-se fora da Serra do Espinhaço, e a segunda diz que a rocha matriz pode estar na região de Diamantina”, afirma. A definição das chamadas áreas fontes dos diamantes pode atrair empresas para prospectar essas áreas potenciais, resultando em positivo impacto econômico para o município com o retorno da atividade mineradora.
O resgate da memória oral envolve o levantamento de dados a partir de um questionário, levado a garimpeiros, mineradores e diamantários. As perguntas abordam, entre outros, a atividade que costumava desempenhar (garimpeiro, comprador de diamantes, entre outros), maiores pedras que já viu ou ouviu falar e se possui dados quantitativos ou outras informações relevantes sobre a atividade. Já foram realizadas 33 entrevistas e a pesquisadora obteve relatos em relação a 10 pedras com tamanho de até 20 quilates, 20 diamantes de até 30 quilates, 31 com até 50 quilates, alguns com até 90 quilates. Acima de 100 quilates, não há registro confiável. A maior pedra encontrada seria de 122 quilates, ainda no período colonial.
Durante o trabalho, a equipe vai conhecendo os mitos existentes na região. Um deles conta sobre um diamante vermelho do tamanho de um ovo de galinha que teria sido encontrado no distrito de Extração (Curralinho). “Toda a população local fala sobre esta pedra”, diz. Até 1988, a economia da cidade girava em torno dos diamantes e a maioria da população masculina local é formada por garimpeiros. Com a implementação da legislação ambiental a partir desta data, iniciou-se um período de modificação socioeconômica na região. “O município ainda vive uma crise econômica. A cada dia, a extração se torna mais difícil e cara. Hoje, são poucos os que conseguem explorar esse mineral e mais raro ainda é bamburrar – forma popular de expressão que os garimpeiros utilizam para designar aqueles que encontram grandes pedras ou somas de diamantes e conseguem fazer fortuna.”
A pesquisa envolve o trabalho de quatro professores e uma bolsista e inclui viagens ao Rio de Janeiro e Portugal para levantar dados em museus e bibliotecas. Os resultados preliminares foram apresentados no X Simpósio de Geologia do Sudeste, que aconteceu em Diamantina no ano passado, e o trabalho completo será publicado posteriormente. Vale destacar, ainda, os resultados esperados com relação à preservação do meio ambiente. “Caso fosse comprovada a existência da rocha matriz, haveria uma redução da atividade mineradora em rios e córregos da região, que provocam o assoreamento e degradação dos cursos dágua. A exploração poderia ser transferida para as áreas onde ocorrem essas rochas e as lavras seriam, então, executadas por empresas de alta tecnologia, capazes de absorver a mão-de-obra ociosa, recuperar os impactos ambientais gerados e minimizar os impactos já existentes”, prevê a pesquisadora.
O mineral indomável
O diamante é formado de carbono puro. As pedras cristalizaram há milhões de anos na crosta terrestre e foram projetadas posteriormente pelas erupções dos vulcões. A pedra é a mais dura das substâncias na natureza, de dureza 10 na Escala de Mohs. É o mais valioso dos minerais, porque representa poder, sucesso e riqueza. O diamante é incolor, mas pode apresentar cores. O nome vem do grego “adamas”, que significa indomável.
Seu peso é medido em quilates, que equivale a um quinto do grama. Cada quilate tem 100 pontos. Apesar de ser líder na produção e ter garantido os melhores diamantes extraídos para as jóias da coroa de Portugal, a maior parte dos grandes exemplares brasileiros foi descoberta mais tarde, no Triângulo Mineiro. Em 1853, uma escrava encontrou naquela região um diamante rosa que pesava 254,5 quilates e recebeu o nome de Estrela do Sul. Foi reduzido a 128,8 quilates após a lapidação.
O primeiro grande diamante descoberto nessa região foi o Regente de Portugal, com 144 quilates e que teria sido encontrado ainda no século 18. Em 1859, teria sido encontrada outra grande pedra com 250 quilates, denomi-nada Estrela do Egito. O diamante Getulio Vargas possuía 726,6 quilates e foi encontrado em 1938, em Coromandel.
O mineral indomável
O diamante é formado de carbono puro. As pedras cristalizaram há milhões de anos na crosta terrestre e foram projetadas posteriormente pelas erupções dos vulcões. A pedra é a mais dura das substâncias na natureza, de dureza 10 na Escala de Mohs. É o mais valioso dos minerais, porque representa poder, sucesso e riqueza. O diamante é incolor, mas pode apresentar cores. O nome vem do grego “adamas”, que significa indomável.
Seu peso é medido em quilates, que equivale a um quinto do grama. Cada quilate tem 100 pontos. Apesar de ser líder na produção e ter garantido os melhores diamantes extraídos para as jóias da coroa de Portugal, a maior parte dos grandes exemplares brasileiros foi descoberta mais tarde, no Triângulo Mineiro. Em 1853, uma escrava encontrou naquela região um diamante rosa que pesava 254,5 quilates e recebeu o nome de Estrela do Sul. Foi reduzido a 128,8 quilates após a lapidação.
O primeiro grande diamante descoberto nessa região foi o Regente de Portugal, com 144 quilates e que teria sido encontrado ainda no século 18. Em 1859, teria sido encontrada outra grande pedra com 250 quilates, denomi-nada Estrela do Egito. O diamante Getulio Vargas possuía 726,6 quilates e foi encontrado em 1938, em Coromandel.
O maior diamante encontrado até hoje é o Cullinan, achado na África do Sul em 1905. A pedra tinha 3.106,75 quilates. Em relação ao preço, a média mundial é de 81 dólares por quilate de diamante, mas esse valor pode chegar a 21 mil dólares por quilate, dependendo do tamanho da pedra, como negociado recentemente. O Brasil foi o maior produtor até a descoberta de pedras em Kimberley, na África do Sul.
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