domingo, 6 de dezembro de 2015

Fofoca garimpeira, modelo primitivo e reduzido das bolhas das bolsas

Fofoca garimpeira, modelo primitivo e reduzido das bolhas das bolsas

A publicação dos artigos do JO “A quadratura do milagre”, “região amazônica, laboratório sociológico” e “ efeito manada” aguçaram leitores do Jornal do ouro a respeito das similaridades entre as fofocas garimpeiras e o crack das bolsas, tanto o grande da depressão de 1929, como o menor de 2008
A Fofoca garimpeira poderia ser vista como um modelo reduzido dos cracks
De fato o motor fundamental é o mesmo:


A vontade de enriquecer rápido 



As demais 4 (quatro) condições para que isto ocorre formam as diversas formas de  combustíveis
- porque tem ouro ou diamante, recurso natural de alto valor e mítico. no caso das fofocas, e muitos dinheiro circulante no caso da bolsa
- porque ha existência de mão de obra ilimitada retirada dos contingentes de pobreza nos dois casos
- porque há recursos financeiros também ilimitados que são os compradores de minério no caso das fofocas e os imensos capitais da revolução industrial no caso da bolsa
- porque há liberdade de trabalhar no caso das fofocas e a total ausência de regulamentação por parte do governo americano no caso da bolsa
Tanto um como o outro mostram um lado bom explosivo de crescimento vertiginoso e um lado péssimo, a depressão posterior com a retirada dos garimpeiros no caso das fofocas e a ruina dos investidores no caso da bolsa;


Ou seja, em resumo tanto o modelo reduzido como seu modelo natura deveria ser evitado com regulamentação prévia, só que no modelo reduzido os riscos são muito menores, não atingindo toda a sociedade e, portanto neste caso, o risco pode valer a pena ser tentado.

Vamos observar como ocorreu o crack da bolsa:

Em '1929', Ivan Sant’Anna descreve como a Quinta-feira Negra alterou os rumos da história.
No dia 5 de setembro de 1929, o teórico econômico Roger Babson foi ridicularizado ao proferir um discurso sombrio: "Mais cedo ou mais tarde, o crash virá, e poderá ser tremendo", vaticinou. Babson falava sobre a bolsa de valores de Nova York, que vivia uma euforia jamais vista. Os Estados Unidos encerravam uma década dourada em clima de euforia e consumismo desenfreado. "O delírio era coletivo", comenta Ivan Sant’Anna, escritor, ex-dono de corretora e operador do mercado financeiro, autor de 1929 (Objetiva), emocionante relato sobre o crash da bolsa de Nova York, fato que alterou os rumos da história.
Naquele ano, acreditava-se no nascimento de uma sociedade em que todos poderiam ser ricos, pois bastava aplicar todas suas economias no mercado de ações. O sonho encantava celebridades, como Charles Chaplin e Irving Berlin, e cidadãos comuns como o engraxate Pat Bologna, que ganhava fama por seus palpites em ações baseados em conversas com clientes famosos.
Banqueiros, artistas, donas de casa, ninguém acreditava em perda. A armadilha, porém, se armava – destaque para as "chamadas de margens", possibilidade de comprar ações financiadas pagando uma fração do valor total e dando o próprio papel como garantia.
Quando as ações estavam em alta, o mercado se sustentava. A queda, no entanto, obrigava o investidor a pagar ao credor o valor equivalente à perda. Ou era obrigado a vender o papel para saldar a dívida. Ou seja, milhões de dólares eram movimentados sem que realmente existissem.
Quando o castelo de ar começou a ruir, em outubro de 1929, a tragédia se escancarou. O índice Dow Jones, que avalia o mercado, registrou um pico e o mercado começou a sentir que uma queda se aproximava. O volume de negócios diminuiu até que, no dia 24, conhecido como a Quinta-Feira Negra, ocorreu a quebra. Milhares de pessoas perderam as economias, o desemprego aumentou e o pânico resultou em diversos suicídios. O mercado perdeu mais de US$ 30 bilhões em dois dias.
Em seu livro, Sant’Anna mostra como a quebra da bolsa deu origem à grande depressão e influenciou a ascensão do nazismo. Também narra casos curiosos, como o feeling de Chaplin que, percebendo o perigo iminente, vendeu suas ações em 1928 e escapou do prejuízo.
Por que a crise de 1929 foi a maior de todos os tempos?
Porque seguiu-se à maior febre especulativa dos tempos modernos. O mercado tornou-se irreal e, por isso, a queda foi gigantesca. Além disso, o Fed (Banco Central dos EUA) não tomou nenhuma medida para dar liquidez ao mercado após o crash e o presidente Herbert Hoover disse que a crise da bolsa era um problema privado e não dizia respeito ao governo. Em ocasiões posteriores, como no crash de 19 de outubro de 1987 e na crise do subprime (2008), o governo agiu rapidamente, dando liquidez ao mercado e repassando dinheiro a empresas como a General Motors, assim como salvando da falência as duas gigantes de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, sem contar que, após 1929, foi criada a SEC (reguladora encarregada de analisar a estrutura do mercado de ações). O mesmo aconteceu na Europa quando o Banco Central Europeu, o FMI e a Alemanha agiram para socorrer países como a Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal. Hoje, todo mundo tem 1929 como espelho e ninguém deixa que as coisas tomem aquele rumo.
A crise de 1929 levou os EUA a um isolacionismo no momento em que as democracias ocidentais enfrentavam a ascensão das ditaduras fascistas. Ou seja, de alguma forma, a crise de 1929 retardou a entrada nos EUA na 2ª Guerra Mundial?
Se não houvesse o crash de 1929, dificilmente teríamos a ascensão de Hitler ao poder e o advento da Segunda Guerra Mundial. A febre especulativa causou o crash, o crash causou a Grande Depressão e a Grande Depressão provocou a Segunda Guerra. O protecionismo comercial generalizado que se sucedeu ao crash contribuiu para o isolacionismo americano e realmente retardou sua entrada na guerra, o que só aconteceu após o ataque a Pearl Harbor.
Também é possível afirmar que aos EUA foi necessário um século de erros – de 1830 até o crack da bolsa em 1929 – para que sua casa financeira fosse posta em ordem? Mas como explicar a recente crise de 2008?
O mercado tem memória curta e é movido por ganância e medo. A diferença agora é a maneira como as autoridades monetárias reagem às crises. Por isso a crise de 2008 foi apenas uma gripe se comparada ao câncer devastador de 1929. Aliás, o chairman do Fed em 2008, Ben Bernanke, é um especialista em 1929. Agiu rápido para estancar a hemorragia. Até hoje, as taxas de juros nos EUA estão próximas de zero. Pode haver inflação, mas um novo 1929 dificilmente acontecerá nas próximas gerações.

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