Garimpeiros queixam de dificuldades no trabalho e estrutura na Serra da Carnaíba
Serra da Carnaíba, conhecida também como a “Terra das Esmeraldas”, cujo garimpo foi descoberto no final de 1963 continua sendo um lugar de cobiça e aventura
Quem visita a comunidade de Serra da Carnaíba, situada a 20 km da cidade de Pindobaçu, na microrregião de Senhor do Bonfim, onde está instalado o maior garimpo de esmeralda da Bahia, é fácil encontrar pessoas naturais dos municípios dos territórios do Jacuípe e Sisal, que fixaram residência na localidade.
O Calila Noticias esteve por lá para conhecer como vivem os garimpeiros e o comércio de pedras preciosas, e foi informado que a exploração do minério já foi melhor e que hoje passam por uma série de dificuldades. Um homem que se disse natural de Valente e que há 10 anos reside em Serra da Carnaíba, mas não quis dizer o nome, contou ao CN que volta e meia o comércio de esmeraldas sofre com oscilações e nos últimos tempos a atividade tem passado por mais momentos de baixa que de alta movimentação e negócios. “Está faltando gente pra comprar e também para vender as pedras. Isso é o resultado de uma soma de fatores, dentre eles a dificuldade para comprar explosivos para continuar a exploração”, explicou.
O aposentado Manoel Jorge da Silva, 66 anos e há 30 anos na comunidade, saiu de Conceição do Coité também externou outras dificuldades que vivem os moradores da Serra a exemplo da falta d’água, apesar de existir todo sistema de canalização, ligação com poços artesianos e o serviço era explorado por uma associação, mas não teve como continuar o atendimento e faliu, deixando os moradores com o abastecimento. “Aqui tem fartura d’água e gente passa sede”, desabafou Manoel Jorge.
Ele disse também que necessita melhorar saúde e só comparece médico na comunidade três dias por semana “e, por sinal, é um médico cubano muito bom. Aqui falta apoio governamental e o povo sofre.“ Concluiu.
Na região, entre Caraíbas e Serra da Caraíba, moram aproximadamente 12 mil pessoas e quase a metade são de outros municípios e tem neles seus domicílios eleitorais. “Nos falta estrada e começaram a mexer no trecho até a Terezinha, com 10 km, mas parou tudo e as máquinas foram embora”, desabafou o pernambucano Ezequiel Dias, 66 anos e desde os 8, mora na Serra.
Essa estrada a que se refere é a BA 131, rodovia que liga Senhor do Bonfim a região de Jacobina. Ele mostra na foto acima um saco com esmeralda e lembrou que o bom minério é aquele bem verde e apreciado como gema e o preço por quilate a coloca entre as pedras mais valiosas do mundo. “Se a pedra possuir um tom verde muito vivido ou intenso, muito claro e brilhante, é bem mais cara”, falou o pernambucano. Ele disse que nos últimos dias a coisa ficou mais difícil e “o garimpo ficou sem funcionar por 90 dias porque a polícia disse que os explosivos usados para destruir os bancos saiam daqui”, lamentou Ezequiel dias.
Os explosivos são comercializados por duas empresas, uma em Recife e outro em Belo Horizonte, mas necessitam de uma autorização do exercito para as cooperativas adquirirem e por ser suspeita que os explosivos usados nos ataques a banco ser originados da região, o serviço de exploração do mineral foi suspenso, mas já foi normalizado.
“As esmeraldas de Carnaíba, em sua maioria, são escórias denominadas de lixo, ou pedras indianas, cujo mercado brasileiro rejeita para compra. Somente quem se interessa pelas esmeraldas bagulho são os indianos. Eles vêm trazendo o dinheiro da Índia para Carnaíba, o que gera renda e meio de sustentação a mais de 30 mil famílias garimpeiras”, disse Antonio Caldas, natural de Valente, rebatendo em seguida a alegação de que o comércio das pedras não gera tributos. “Com aquilo que no Brasil é considerado lixo, geramos tributos fiscais, renda e impostos para os cofres públicos do Estado da Bahia e do nosso país”.
O deputado estadual Alex da Piatã (PMDB), atendendo ao convite do pastor Marcos Alves dos Santos, presidente da Associação dos Moradores da Serra, esteve reunido com as lideranças da comunidade e líderes de Pindobaçu que lhe apoiou na eleição do ano passado, inicialmente para agradecer os votos e depois ouvir as queixas do povo. O parlamentar ouviu atentamente todas as reivindicações, dentre elas do subtenente João Batista dos Santos: “Aqui é uma terra rica, mas pobre ao mesmo tempo”.
O parlamentar garantiu levar ao governo todas as reivindicações, em especial a questão do sistema de abastecimento de água, executado pelo CERB através de financiamento do Banco Mundial e entregue a associação para explorar. O deputado garantiu também manter contato com a SEINFRA e tratar do assunto referente à construção do asfalto até a Terezinha.
Serra da Carnaíba, conhecida também como a “Terra das Esmeraldas”, cujo garimpo foi descoberto no final de 1963 continua sendo um lugar de cobiça e aventura, e o sonho de ficar milionário da noite para o dia continuam vivo. Em cada “corte”, local onde se realiza o garimpo, a esperança de encontrar esmeraldas mantém homens e mulheres trabalhando 24 horas, alheios aos iminentes riscos de acidentes.
Como chegar: para chegar ao garimpo é necessário o acesso ao entroncamento que liga município de Antônio Gonçalves e Campo Formoso e a partir deste entroncamento segue-se pela BA-374 até o município de Pindobaçu, continuando por mais 9 km em direção ao município de Saúde até alcançar estrada vicinal da Terezinha que dá acesso ao Garimpo de Carnaíba.
As principais jazidas de esmeraldas são colombianas, mas pode ser encontrada também no Brasil na Serra da Carnaíba, na Bahia, Campos Verdes, Goiás, Rússia e no Zimbábue.
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