segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Gemas do Brasil: opala

Gemas do Brasil: opala

 
opala
A opala-negra: a variação mais valiosa.
A 200km de Teresina, Pedro II é conhecida como a Suíça piauiense por causa do clima ameno e agradável – para os padrões do estado. Mas não é nisso, nem no festival de inverno da cidade, que está a importância de Pedro II. Trata-se do maior produtor de opalas do Brasil. Existem também opalas produzidas no Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul. Mas a de Pedro II e região tem destaque (é a segunda maior reserva do mundo), e a cidade é uma APL que se desenvolveu a partir do garimpo da pedra.

A opala é uma pedra que surge de fenda de rochas ígneas, ou seja, as que surgem a partir do resfriamento do magma. São separadas em opalas preciosas – que têm jogo de cores, como a foto acima – e opalas comuns, que não são usadas como gemas (à exceção da opala-de-fogo, uma pedra, evidentemente, avermelhada). Ainda há a divisão entre opalas-brancas, em que naquele jogo de cores predominam cores claras, e opalas negras, quando há o contrário.

A partir daí, há uma infinidade de tipos de opala existentes (opala-arlequim, opala-chveiro, opala-musgo..). Quanto maior o chamado jogo de cores, mais nobre ela é. Esse jogo de cores nada mais é do que a difração da luz que passa pela gema. Quando isso não acontece, ela se torna lisa e de aparência leitosa, ou seja, uma opala comum.

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Colar de opala-branca de Patricia McCleery.
A Austrália domina a extração de opala de longe, mais ou menos 95% de tudo o que é retirado no mundo. O restante é dividido entre Brasil, Índia, México, Nova Zelândia, EUA e, mais recentemente, Etiópia. A opala chega até mesmo a fazer parte da cultura australiana e do turismo – quem viaja para lá pode comprar em lojas especializadas em todo o país e até visitar campos de extração da gema, na região da Austrália do Sul, Nova Gales do Sul e Queensland (no nordeste do país). Há um festival da opala na cidade de Yowah, em Queensland.

Só Austrália e Brasil, no entanto, produzem opalas de alta qualidade. As opalas brasileiras, piauienses, levam vantagem porque são mais resistentes ao calor – uma gema dessas desidratada pode rachar ou enfraquecer as cores.

Pedro II desenvolveu-se como APL nos últimos anos e aos poucos profissionaliza o setor, com a inserção de máquinas no garimpo, por exemplo. Diminuir o trabalho dos garimpeiros, que é de risco, e aumentar sua renda é um dos objetivos da APL, segundo o presidente da Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II nesta matéria. Tornar o processo mais sustentável, menos agressivo ao meio-ambiente, é outro objetivo. O descarte dos “rejeitos” (material retirado do solo e não utilizado) passa aos poucos a ser reaproveitado, primeiro para garimpar mais opalas, e segundo para aproveitar a terra e produzir tijolos.

A joalheria é outra forma que a cidade encontra de aumentar o valor agregado da gema e mais renda para os moradores de Pedro II. Iniciativas da Cooperativa dos Garimpeiros, do próprio município, e mesmo de instituições nacionais como Sebrae e IBGM (que levam a Tendere para ministrar uma oficina agora em agosto) estimulam o design, muito além do garimpo. Já falamos diversas vezes aqui no blog o quanto o design pode aumentar o valor de um produto e dar um diferencial que faz com que uma APL cresça e se desenvolva ainda mais. Se a Suíça piauiense tem uma riqueza deste tamanho em meio às suas rochas, nada melhor do que utilizá-la da melhor forma possível.

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