Esperança que move o ofício
Maioria tira apenas o suficiente para o sustento; mas há casos de lucro de até R$ 50 mil
Diamantina. A caminho de Areinha - a área às margens do rio Jequitinhonha onde se concentra a maior parte dos garimpeiros da região, distante cerca de 80 km de Diamantina - o presidente da Associação de Proteção à Família Garimpeira da cidade (Aprofagadi), Aélcio Freire Vial, faz um alerta de que a paisagem que se verá no local é impactante. É de se encher os olhos, mas só de terra, areia e águas turvas.
O cenário, que se completa com barracos improvisados, bombas de sucção e um considerável contingente de garimpeiros, tem aquele aspecto como resultado da atuação das mineradoras Rio Novo e Tejucana na
região, como faz questão de frisar o representante das famílias que trabalham no local.
"Não há degradação nova", diz, em alusão à herança deixada pelas grandes empresas.
É dos rejeitos deixados por elas que os garimpeiros tentam garantir seu sustento, trabalhando em um período de estiagem, de maio a outubro. "Nas épocas de cheia, eles se dedicam à cultura de subsistência", conta Aelcio. Ele destaca que a maioria não tem qualquer tipo de qualificação e que, sem o garimpo, poderia atuar só na capina ou como servente de pedreiro.
A esperança de se achar um diamante que traga fortuna é compartilhada, mas a sorte não sorri da mesma maneira para todos. Alguns, como Luiz Gonzaga Costa, 48, conseguiram construir patrimônio. Casado e pai de três filhos, ele tem sua própria bomba de sucção - que custa em torno de R$ 25 mil - e um grupo de sete homens sob sua gerência.
A maior parte dos garimpeiros, contudo, apenas garante o sustento da família e, eventualmente, em períodos de boa apuração da cata, investe em algum bem - normalmente carros ou caminhonetes. Aníbal Machado, 33, por exemplo, diz que tira, em média, R$ 1.000 por mês, mas ele conta que já aconteceu de lucrar R$ 50 mil, com os quais comprou, justamente, um carro novo. "Mas quem ganha mesmo é o dono da bomba", diz, revelando sua própria falta de planejamento. "O que eu ganhava, gastava tudo na cidade". Ele chega a ficar 20 dias no acampamento, sem ir em casa.
A realidade de Aníbal reflete a da maior parte dos garimpeiros. Ademar Ribeiro Júnior, 23, pai de três filhos, começa a trabalhar às 4h e diz que em mês de boa apuração chega a ganhar R$ 1.000. "Mas pode ser que não chegue a R$ 500 e também pode acontecer de a gente não tirar nada", lamenta. Nesses casos, o financiador, dono da bomba, garante o sustento da família do garimpeiro e a manutenção do equipamento.
Motivação. O que é comum a todos que estão na Areinha é a consciência de uma vida indissociável do garimpo. O próprio Aníbal diz que já deixou a atividade e retornou para ela umas 20 vezes, tendo, em um desses intervalos, trabalho com carteira assinada.
De qualquer modo, para muitos, a simples perspectiva de poder atuar no ramo é motivo para uma mudança de vida. É o caso de Luciano Alves dos Santos, 72, que, na década de 60, trabalhou em uma grande empresa garimpeira. "Antes eu estava sem trabalhar, só na cachaça", diz. Hoje, ele comemora a volta da atividade. "Faço de tudo, sempre na expectativa de tirar diamante. Os donos de bombas me conhecem e me chamam porque, como trabalhei nas dragas antigas, sei onde
O cenário, que se completa com barracos improvisados, bombas de sucção e um considerável contingente de garimpeiros, tem aquele aspecto como resultado da atuação das mineradoras Rio Novo e Tejucana na
região, como faz questão de frisar o representante das famílias que trabalham no local.
"Não há degradação nova", diz, em alusão à herança deixada pelas grandes empresas.
É dos rejeitos deixados por elas que os garimpeiros tentam garantir seu sustento, trabalhando em um período de estiagem, de maio a outubro. "Nas épocas de cheia, eles se dedicam à cultura de subsistência", conta Aelcio. Ele destaca que a maioria não tem qualquer tipo de qualificação e que, sem o garimpo, poderia atuar só na capina ou como servente de pedreiro.
A esperança de se achar um diamante que traga fortuna é compartilhada, mas a sorte não sorri da mesma maneira para todos. Alguns, como Luiz Gonzaga Costa, 48, conseguiram construir patrimônio. Casado e pai de três filhos, ele tem sua própria bomba de sucção - que custa em torno de R$ 25 mil - e um grupo de sete homens sob sua gerência.
A maior parte dos garimpeiros, contudo, apenas garante o sustento da família e, eventualmente, em períodos de boa apuração da cata, investe em algum bem - normalmente carros ou caminhonetes. Aníbal Machado, 33, por exemplo, diz que tira, em média, R$ 1.000 por mês, mas ele conta que já aconteceu de lucrar R$ 50 mil, com os quais comprou, justamente, um carro novo. "Mas quem ganha mesmo é o dono da bomba", diz, revelando sua própria falta de planejamento. "O que eu ganhava, gastava tudo na cidade". Ele chega a ficar 20 dias no acampamento, sem ir em casa.
A realidade de Aníbal reflete a da maior parte dos garimpeiros. Ademar Ribeiro Júnior, 23, pai de três filhos, começa a trabalhar às 4h e diz que em mês de boa apuração chega a ganhar R$ 1.000. "Mas pode ser que não chegue a R$ 500 e também pode acontecer de a gente não tirar nada", lamenta. Nesses casos, o financiador, dono da bomba, garante o sustento da família do garimpeiro e a manutenção do equipamento.
Motivação. O que é comum a todos que estão na Areinha é a consciência de uma vida indissociável do garimpo. O próprio Aníbal diz que já deixou a atividade e retornou para ela umas 20 vezes, tendo, em um desses intervalos, trabalho com carteira assinada.
De qualquer modo, para muitos, a simples perspectiva de poder atuar no ramo é motivo para uma mudança de vida. É o caso de Luciano Alves dos Santos, 72, que, na década de 60, trabalhou em uma grande empresa garimpeira. "Antes eu estava sem trabalhar, só na cachaça", diz. Hoje, ele comemora a volta da atividade. "Faço de tudo, sempre na expectativa de tirar diamante. Os donos de bombas me conhecem e me chamam porque, como trabalhei nas dragas antigas, sei onde
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