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A cidade foi chamada de último
faroeste brasileiro, a capital dos garimpos. No auge da febre do ouro,
Itaituba recebia hordas de gente vinda de todos os cantos do país. Vinte
toneladas de ouro por ano chegaram a ser extraídos dos garimpos do Alto
Tapajós no fim dos anos 80.
Mesmo com a decadência da mineração no rio do ouro, eles não perderam a
esperança. Dos mais de 700 garimpos, só 200 ainda estão em
funcionamento. A produção não chega a três ou quatro toneladas por ano.
Zé Arara é o mais lendário garimpeiro do Tapajós. Na década de 60, foi o
garimpeiro mais famoso da Amazônia. Ele formou um império, no município
de Itaituba, de aviões, mansões, fazendas, muito dinheiro, tudo tirado
do ouro. Aí veio a crise e ele teve que recomeçar tudo.
“Antes da crise fui o único brasileiro que vendeu na faixa de 40
toneladas de ouro ao governo brasileiro”, conta ele. Zé Arara perdeu
muito, mas nunca foi um garimpeiro de alma livre, capaz de gastar em uma
noite, com mulheres e bebida, tudo o que levou meses para ganhar. |
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Ao contrário, ele construiu um
patrimônio. “Além de ter um jato, tinha 15 aviões pequenos e quatro
bandeirantes”, ressalta. Um problema com o jato em Itaituba fez com que
Zé Arara trasladasse o avião de volta para a fábrica, em Nova York.
“O avião explodiu no ar. Morreram dois tripulantes, dois comandantes e
dois mecânicos. Para eu desenrolar esse rolo e não ser preso nos Estados
Unidos, tive que gastar 200 quilos de ouro”, conta o garimpeiro.
Desde então, ele está sem sair do garimpo. São onze anos pagando
dívidas. “Não devo mais, agora estou lutando para reerguer nosso
negócio”, conta. Zé Arara se diz dono de 23 mil hectares de terra, toda a
área do garimpo de Patrocínio. Mesmo assim, os moradores criaram uma
associação e querem transformar a região em uma comunidade.
Zé Arara se sente ameaçado. “Temo até pela minha segurança. Hoje, estou
recomeçando aos 70 anos”, ele diz. O garimpo não é mais como antes. Das
dez mil pessoas que buscavam ouro em Patrocínio só restam duas mil. |
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