sábado, 6 de fevereiro de 2016

Como um sistema “do vaso sanitário à torneira” pode salvar a população de S. Paulo da falta de água?

Como um sistema “do vaso sanitário à torneira” pode salvar a população de S. Paulo da falta de água?

Desde que existe o mundo a água vem sendo reciclada, filtrada e despoluída. É isso que ocorre durante o ciclo hidrológico onde existem a evaporação, condensação, chuva, infiltração e transporte das águas do planeta.
Como sempre nós pouco ou nada inventamos. Basta seguir a receita da velha Mãe Natureza e, voilà, temos água potável.
Enquanto isso a Cidade de São Paulo enfrenta uma das suas piores secas maximizada pela falta de investimentos dos sucessivos governos que nada ou pouco fizeram para armazenar, transportar, processar e distribuir a água para os cidadãos. A situação é dramática e já existe um plano de 2 dias de fornecimento de água por 5 dias de corte: um desastre que poderia ser totalmente evitado.
Mas seca não é um fenômeno local que afeta só aos Paulistanos.
Em 2014 a Califórnia também enfrentava a “seca do século”, que se estendia por três anos tornando um Estado Americano já naturalmente seco em um verdadeiro deserto africano.
No entanto os californianos estavam rindo a toa.
Eles haviam investido quase US$72 milhões em um dos maiores e mais avançados programas de tratamento de águas servidas do planeta: o que por muitos era chamado de “do vaso sanitário à torneira”, ou pelo seu nome oficial Silicon Valley Advanced Water Purification Center .
Este projeto inovador começou em 2014 e é a maior e mais moderna planta de tratamento de esgotos e águas servidas do Estado. A ideia é evitar que as águas poluídas sejam jogadas de volta à Baia de S. Francisco.
O que é interessante é que através de filtragens é conseguida uma água de altíssima pureza absolutamente potável.
O processo compreende as seguintes etapas:
Microfiltragem:
Nesta fase inicial a água servida e poluída é forçada a passar por filtros de membrana onde existem milhares de fibras ocas (foto). Ao passar para o centro oco das fibras a água é purificada deixando os resíduos sólidos, bactérias, protozoários e alguns vírus para trás. Nesta etapa a maioria dos contaminantes sólidos são separados.

A Osmose Reversa
No segundo estágio da purificação da água servida na planta de Sillicon Valley a água é forçada a passar em filtros de osmose reversa.
Aqui a filtragem é extrema e a água ultrapassa membranas com orifícios tão pequenos que quase somente a molécula de água consegue passar.
Os produtos químicos, farmacêuticos dissolvidos assim como o sal e todas as bactérias, os vírus e outros agentes patogênicos são totalmente removidos.
A partir desta etapa a água está praticamente pura, dessalinizada e cristalina.
No entanto ainda existe mais um estágio criado para dar o xeque-mate do processo de purificação...

O Banho Ultra Violeta
No terceiro estágio da purificação da água servida na planta de Sillicon Valley a água é banhada por intensos raios ultra-violeta (foto abaixo) que exterminam qualquer microorganismo que tenha sobrevivido os estágios anteriores.
É quando a água está pronta e certificada para o uso humano de acordo com as leis e especificações dos Estados Unidos.
tratamento UV 
Trata-se de uma precaução extra. A água já purificada é submetida a uma intensa radiação ultravioleta que quebra as matérias orgânicas ainda presentes e qualquer microorganismo.
A radiação é um poderoso agente desinfetante também usada na desinfecção de equipamentos hospitalares, frutas e sucos.
O que isso tudo tem a ver com S. Paulo?
Tudo!!
O investimento de apenas US$140 milhões feito na Califórnia criou uma planta que trata a água servida, vinda literalmente dos vasos sanitários, que é transformada em água potável.
O processo gera, agora em 2015, uma produção diária de 378 milhões de litros de água potável ao dia que pode ser utilizada por 2 milhões de pessoas em uma cidade como S. Paulo.
E a água de onde viria? Das represas Billings e Guarapiranga que estão dentro de S. Paulo e juntas tem 50% mais água do que todo o Sistema Cantareira.
Afinal, como todos sabem não falta água em S. Paulo, o que falta é gestão e investimento...



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