Como um sistema “do
vaso sanitário à torneira” pode salvar a população de S. Paulo da falta
de água?
Desde que existe o mundo a água vem sendo
reciclada, filtrada e despoluída. É isso que ocorre durante o
ciclo
hidrológico onde existem a evaporação, condensação, chuva, infiltração e
transporte das águas do planeta.
Como sempre nós pouco ou nada inventamos. Basta
seguir a receita da velha Mãe Natureza e, voilà, temos água potável.
Enquanto isso a Cidade de São Paulo enfrenta uma
das suas piores secas maximizada pela falta de investimentos dos
sucessivos governos que nada ou pouco fizeram para armazenar,
transportar, processar e distribuir a água para os cidadãos. A situação
é dramática e já existe um plano de 2 dias de fornecimento de água por 5
dias de corte: um desastre que poderia ser totalmente evitado.
Mas seca não é um fenômeno local que afeta só
aos Paulistanos.
Em 2014 a Califórnia também enfrentava a “seca
do século”, que se estendia por três anos tornando um Estado Americano
já naturalmente seco em um verdadeiro deserto africano.
No entanto os
californianos estavam rindo a toa.
Eles haviam investido quase US$72
milhões em um dos maiores e mais avançados programas de tratamento de águas
servidas do planeta: o que por muitos era chamado de “do vaso sanitário
à torneira”, ou pelo seu nome oficial
Silicon Valley Advanced Water Purification Center
.
Este projeto inovador começou em 2014 e é a
maior e mais moderna planta de tratamento de esgotos e águas servidas do
Estado. A ideia é evitar que as águas poluídas sejam jogadas de volta à
Baia de S. Francisco.
O que é interessante é
que através de filtragens é conseguida uma água de altíssima pureza
absolutamente potável.
O processo compreende as seguintes etapas:
Microfiltragem:
Nesta fase inicial a água servida e poluída é
forçada a passar por filtros de membrana onde existem milhares de fibras
ocas (foto). Ao passar para o centro oco das fibras a água é purificada
deixando os resíduos sólidos, bactérias, protozoários e alguns vírus
para trás. Nesta etapa a maioria dos contaminantes sólidos são
separados.
A Osmose Reversa
No
segundo estágio da purificação da água servida na planta de Sillicon
Valley a água é forçada a passar em filtros de osmose reversa.
Aqui a filtragem é extrema e a água ultrapassa membranas com orifícios
tão pequenos que quase somente a molécula de água consegue passar.
Os
produtos químicos, farmacêuticos dissolvidos assim como o sal e todas as
bactérias, os vírus e outros agentes patogênicos são totalmente
removidos.
A
partir desta etapa a água está praticamente pura, dessalinizada e
cristalina.
No
entanto ainda existe mais um estágio criado para dar
o xeque-mate do processo de
purificação...
O Banho Ultra Violeta
No
terceiro estágio da purificação da água servida na planta de Sillicon
Valley a água é banhada por intensos raios ultra-violeta (foto abaixo)
que exterminam qualquer microorganismo que tenha sobrevivido os estágios
anteriores.
É quando a água está pronta e
certificada para o uso humano de acordo com as leis e especificações dos
Estados Unidos.
Trata-se de uma precaução extra. A água já purificada é submetida a uma
intensa radiação ultravioleta que quebra as matérias orgânicas ainda
presentes e qualquer microorganismo.
A radiação é um poderoso agente desinfetante também usada na desinfecção
de equipamentos hospitalares, frutas e sucos.
O que isso tudo tem a ver com S. Paulo?
Tudo!!
O
investimento de apenas US$140 milhões feito na
Califórnia criou uma planta que trata a água servida, vinda literalmente
dos vasos sanitários, que é transformada em água potável.
O
processo gera, agora em 2015, uma produção diária de 378 milhões de
litros de água potável ao dia que pode ser utilizada por 2 milhões de
pessoas em uma cidade como S. Paulo.
E a
água de onde viria? Das represas Billings e Guarapiranga que estão
dentro de S. Paulo e juntas tem 50% mais água do que todo o Sistema
Cantareira.
Afinal, como todos sabem não falta água em S. Paulo, o que falta é
gestão e investimento...
Nenhum comentário:
Postar um comentário