domingo, 14 de fevereiro de 2016

Geologia do diamante

Diamante 

 
     Geologia do diamante 
            
          kimberlite_system  As fontes primárias dos diamantes - os kimberlitos - aparecem normalmente na forma de chaminés intrusivas na crosta, podendo apresentar contribuições variáveis de xenólitos das rochas por onde passou a intrusão. Os kimberlitos são rochas híbridas, ultrabásicas, potássicas e ricas em voláteis (CO2 e H2O), compostas por fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz fina formada essencialmente de olivina (predominante), flogopita, calcita, serpentina, diopsídio, granada, ilmenita e enstatita (Chaves & Chambel, 2003).
kimberlite1
O diamante se forma numa área delimitada pela interseção entre o Manto Superior e a região basal da Litosfera, onde esta se torna mais espessa. Esta área bem delimitada se denomina de Janela do Diamante. O seu limite superior é a isotermal de 900oC e o limite inferior, de 1200oC. Abaixo da curva do Manto Superior está a zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de equilíbrio da grafita. A gênese do diamante exige uma profundidade entre 150 e 200 km (acompanhe a curvatura da figura).
kimberlite2

Esta figura (acima) mostra o início da ascensão da chaminé kimberlítica, a partir do Manto Superior, transportando os cristais de diamante no seu interior.
kimberlite3
Concluída a sua ascensão, a chaminé kimberlítica atinge a superfície do terreno. Observe que o kimberlito estéril (barren kimberlite) se encontra na zona de equilíbrio da grafita, não podendo, portanto, conter diamante.
     Diamante no Brasil
        - Diamante no Triângulo Mineiro (Berço dos maiores diamantes das Américas:     Presidente Vargas, Darci Vargas, Presidente Dutra e outros)

  -  De Beers põe à venda maior kimberlito do Brasil
        A De Beers lançou no início de novembro de 2001 a oferta do maior kimberlito  mineralizado já encontrado no Brasil. Localizada na Serra da Canastra (MG), a área de um hectare tem potencial estimado em um milhão de quilates e os diamantes da área estão avaliados em US$ 150 milhões. A empresa que adquiriu os direitos minerários sobre a reserva foi a canadense Brazilian Diamonds (ex- Black Swan).  De acordo com o Plano de Aproveitamento Econômico concluído em agosto de 2003, a chaminé kimberlítica Canastra 1 irá produzir 114.000 quilates anuais de diamante durante quatro anos (vida da mina), com um teor de 16 quilates por 100 toneladas, possibilitando a obtenção de uma taxa interna de retorno de 32%. Com esta estimativa, observa-se que o potencial da reserva caíu para cerca da metade da previsão inicial.
Nota do autor da home page: Finalmente, surge a primeira oportunidade para o Brasil abrir uma mina de diamante em kimberlito (fonte primária), o que vem ocorrendo há décadas em países da África, Rússia e, mais recentemente, no Canadá.
        Outra empresa canadense ativa nas regiões do Alto Paranaíba e do vale do Jequitinhonha é a Bontan Corporation:    
        
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 Diamantes brutos com mais de 100 quilates (51 pedras)

kimberlito   Amostra de kimberlito procedente do Alto Paranaíba, região de Coromandel, MG
(o comprimento da face polida é de 11 cm).

santo_antonio1   santo_antonio2   
Fotos da região do rio Santo Antônio do Bonito, mun. de Coromandel, onde a empresa Brazilian Diamonds (ex-Black Swan) está realizando pesquisa mineral  Note-se que na calha deste rio foi encontrado em 1938 
o Presidente Vargas, o maior diamante das Américas.


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          - Diamante no norte de Minas (auge no período colonial) 
  

- Diamante em Rondônia

O ano de 2004  registrou o triste episódio de um massacre de 32 garimpeiros pelos índios Cinta-Largas na Reserva Roosevelt, município de Espigão D'Oeste, na parte oriental do Estado de Rondônia. O motivo foi a disputa de uma rica jazida de diamante ocorrendo dentro da Reserva. A extração do diamante é ilegal, pelo fato de se situar em terras indígenas. Todavia, há especulações de que esta área tem produzido algo em torno de um milhão de quilates anuais, no valor aproximado de US$ 100 milhões. Em 23 de novembro desse mesmo ano, foi editada uma Medida Provisória autorizando a arrecadação e alienação dos diamantes brutos em poder dos indígenas. 
res roosevelt   cinta larga   

Depois de arrecadados, os diamantes foram leiloados no dia 2 de fevereiro de 2005, em hasta pública da Caixa Econômica Federal, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo um comunicado da Caixa no dia seguinte, os 665 quilates leiloados renderam a cifra de R$ 716.920,00. Seguem as imagens de algumas pedras leiloadas:
diam res Roos  Pedra com 28,40 ct, ofertada com lance mínimo de R$ 80.000.
diam res Roosev  Lote de 30 pedras, estando 7 delas no intervalo de 1,01  a 2,99 quilates; as 23 restantes variam de 10 pontos até 1 quilate. Lance mínimo para o lote: R$ 8.010.
       - Diamante na Bahia 
       
A Bahia no Cancioneiro PopularQuero me casar 
com negociante 
Que vá pra Chapada 
Buscar diamante
Meu bem, meu amante 
É um negociante 
Que foi pra Chapada 
Buscar diamante
As moças d’agora 
Só querem brilhante 
Eu vou pra Chapada 
Buscar diamante
As moças d’agora 
Só querem se casar, 
Botam a panela no fogo 
E não sabem temperarFonte: http://jangadabrasil.com.br/abril20/cn20040a.htm
        - Diamante em Mato Grosso 
  
        - Diamante em Roraima 
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        - Diamante no Piauí
 
  
            -  Mapa indicativo das províncias diamantíferas do Brasil
           
      Coleção particular 
     Ao lidar com diamantes, qualquer geólogo é tentado a adquirir alguns espécimes de diamantes brutos em garimpos ou de comerciantes, iniciando desse modo uma pequena coleção particular. O autor desta página não fugiu à regra. Seguem as imagens de alguns espécimes dessa coleção.
    Sandy e Júnior, com 37 e 49 pontos, respectivamente.
    Weird, com 89 pontos.
 
Detalhe de Weird, com parte dos octaedros bem visíveis.
   Da esquerda para a direita: Júnior, Weird, F 61(com 13 pontos) e Sandy. Todos os espécimes são diamantes brutos, com exceção do F 61, que é lapidado (escala em milímetros).
    Outra imagem dos 4 diamantes.
     Diamante no mundo
     
      Diamantes famosos 
      
 The Centenary: o orgulho da  De Beers . Descoberto na mina Premier, África do Sul, em julho de 1986. Enquanto bruto, pesou 599,10 quilates. Com a ajuda de uma pequena equipe, o lapidário Gabi Tolkowsky levou quase três anos para transformá-lo num dos diamantes mais perfeitos, de corte mais moderno e de mais bela cor da atualidade. Possuindo 247 faces, o Centenary lapidado pesa 273,85 quilates, sendo superado apenas pelo Great Star of Africa (530,20 ct) e pelo Lesser Star of Africa (317,40 ct), ambos integrantes das jóias da Coroa Britânica. O Centenary foi exposto ao público pela primeira vez em cerimônia realizada na Torre de Londres, em maio de 1991.
 O Presidente Vargas, com 726,6 quilates, foi o maior diamante já descoberto nas Américas. Foi encontrado no rio Santo Antônio do Bonito, município de Coromandel, em 13 de agosto de 1938. Coromandel se situa no Triângulo Mineiro e dista 403 km de Brasília e 475 km de Belo Horizonte. Na época era o 4o. maior diamante do mundo, caindo para a sexta posição algumas décadas mais tarde. Suas dimensões eram: comprimento - 56,2 mm; largura - 50,0 mm; e espessura - 24,4 mm. Era branco, transparente, com uma ligeira tonalidade amarelada em uma das extremidades.  Consta que foi vendido por US$ 141.000, quantia equivalente na época a 120 kg de ouro. Com base nessa equivalência, o Pres. Vargas valeria hoje algo em torno de US$ 1.157.520 (se considerarmos a onça-troy a US$ 300). Entretanto, segundo informações coletadas na região, pedras com metade do tamanho do Presidente Vargas são vendidas hoje por algumas dezenas de milhões de dólares. Após ser vendido, sucessivamente, para compradores em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Amsterdã, o Presidente Vargas foi finalmente arrematado por um joalheiro de Nova York - Harry Winston - o qual cortou a pedra em 29 brilhantes. O destino desses brilhantes é um mistério que tentaremos desvendar.
Recentemente, foram obtidas as informações que seguem, fornecidas pelos joalheiros Mouawad , com sede em Beirute. Na viagem entre Amsterdã e Nova York, o Presidente Vargas foi segurado pela Lloyds no valor de US$ 750.000. Na primeira lapidação, devido à sua forma peculiar, decidiu-se cortar uma parte do topo da pedra de cerca de 20 quilates. Desta peça resultou uma "pera" pesando 10,05 quilates. Do corte principal resultaram duas partes, respectivamente com 550 e 150 quilates. Dos 29 brilhantes lapidados, 19 possuíam um tamanho maior e 10 pedras eram menores, atingindo o total de 411,06 quilates. Quanto à forma, o conjunto compreendeu dezesseis do tipo "esmeralda", um do tipo "pera", uma "marquesa" e entre as gemas menores dez triângulos e uma baguette. O nome Presidente Vargas foi retido para a  gema maior, uma tipo "esmeralda", pesando 48,26 quilates. Por um certo número de anos este diamante foi de propriedade da esposa do Sr. Robert W. Windfohr, residente em Fort Worth, Texas, o qual o adquiriu em 1944. Em 1958 Harry Winston o recomprou e cortou-o novamente para um brilhante de 44,17 quilates (para eliminar defeitos microscópicos), vendendo-o novamente em 1961. As identidades dos outros compradores não são conhecidas, mas reporta-se que em 1948  Gaekwar de Baroda tinha comprado uma das gemas do Vargas. Relata-se, ainda, que em outubro de 1992  o Presidente Vargas IV, pesando 25,4 quilates, foi vendido por US$ 396.000. 
 
Computação gráfica do diamante Presidente Vargas

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