Joalheiros e colecionadores de gemas raras internacionais criaram outro significado para o nome Paraíba. O estado do Nordeste virou sinônimo de uma nova variedade de turmalina que, descoberta há 15 anos no município de São José da Batalha, quase divisa com o Rio Grande do Norte, retirou dos diamantes a supremacia que sempre tiveram entre as pedras preciosas. Uma gema com peso de 5 quilates -- equivalente a 1 grama -- chega a valer 100 000 dólares, cotação só superada pelos diamantes coloridos, bastante raros. Desde que o joalheiro mineiro Marcelo Bernardes a apresentou, em 1990, numa feira da cidade americana de Tucson, no Arizona, o valor da pedra aumentou 100 vezes. "Os rubis, as safiras e as esmeraldas também são gemas valorizadas, mas, ao contrário da turmalina, têm mais de 2 000 anos de história", disse Bernardes numa recente entrevista ao Robb Report, revista americana especializada em consumo de luxo.

Bela e rara, a pedra nordestina arrebatou o entusiasmo dos compradores lá fora graças à sua cor excepcional -- um azul-turquesa faiscante, quase fluorescente. Essa tonalidade, chamada de azul-néon, resulta de um elevado teor de cobre em sua composição. No restante do Brasil, o maior produtor de gemas coloridas do mundo (exportou 614 milhões de dólares no ano passado), as turmalinas ocorrem em todas as cores do arco-íris. Recentemente, descobriram-se variedades azuis, mas com tonalidade menos intensa, no Rio Grande do Norte e também na Nigéria, onde foi batizada de African Paraíba. "São azuis, mas só alcançam um décimo do valor da gema nordestina", diz Hecliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. A dificuldade de encontrar a pedra nordestina nos veios da rocha contribui também para sua valorização espetacular. De cada 1 800 toneladas de material escavado de duas minas em São José da Batalha, retiram-se apenas 40 gramas de gemas. Boa parte delas não pesa mais que 1 quilate. "As turmalinas Paraíba representam apenas 0,5% de meu estoque", diz o gemólogo Daniel Sauer, da rede de joalherias Amsterdam Sauer. "São pedras para colecionadores ou para quem pode pagar muito por um produto especial."

Por que as turmalinas da paraiba são tão cobiçadas
Caracteristica 
Depois dos diamantes corados, é a pedra brasileira mais valorizada. O quilate chega a ser vendido por 20 000 dólares, 100 vezes o valor de dez anos atrás

Local de extração 
Duas únicas minas em São José da Batalha, na Paraíba

Cor predominante 
Azul intenso. A tonalidade, só encontrada nas pedras da Paraíba, deve-se à presença de cobre e de um traço de ouro em sua composição

Principais compradores 
Japoneses, americanos e alemães