Âmbar: uma gema com registro de vida
Entre as gemas, há um grupo que se diferencia da maioria por ser de origem orgânica. São, portanto, gemas, mas não são minerais, ou seja, não são pedras preciosas. Estão nesse grupo: coral, pérola natural, pérola cultivada, madrepérola, âmbar e marfim, além de algumas outras gemas menos conhecidas. Das gemas orgânicas citadas, apenas o âmbar é de origem vegetal e apenas ele não é atual, pois se trata de uma resina formada há 30 milhões de anos por um pinheiro, o pinus succinites.
Essa árvore, devido a um aumento na temperatura ambiente, começou a produzir grande quantidade de resina, característica que atualmente nenhum pinheiro conhecido tem. Além disso, pode conter em seu interior insetos e outros animais da época em que se formou, constituindo-se, assim, num repositório paleontológico de grande valor, característica que não é encontrada em nenhuma outra gema.
História
O âmbar é conhecido desde o início da humanidade, pois já na Idade da Pedra era objeto de adoração, atribuindo-se-lhe propriedades sobrenaturais. Na mitologia romana, conta-se que Phaeton, filho de Phoebus, o Sol, saiu com a charrete que conduz o Sol e com ela aproximou-se tanto da Terra que nosso planeta pegou fogo. Para salvá-la, Júpiter tirou Phaeton do céu com seus raios, matando-o. Sua mãe e sua irmã viraram árvores e o âmbar são as lágrimas que elas choraram pela morte de Phaeton.
A peça de âmbar mais antiga que se conhece é um prato encontrado em um acampamento de caçadores de renas, perto de Hamburgo, na Alemanha. O historiador Plínio conta que o âmbar era tão valioso que um pequeno pedaço valia mais que um escravo.
No início da Idade Média, ele era usado em cruzes e rosários. Por volta de 1400, na maior parte da Europa era ilegal a posse não autorizada dessa substância. Nos séculos XVII e XVIII, tornou-se popular seu uso em obras de arte. Depois de um período de menos prestígio, voltou a ser valorizado após a Segunda Guerra Mundial, através do Feliksas Daukantas, que encorajou artistas a mostrar a beleza do âmbar natural.
O âmbar forma blocos arredondados que chegam a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida dessa gema é o Âmbar Birmânia, que tem 15,250 kg e está no Museu de História Natural de Londres. No Museu de Ciências Naturais de Berlim há uma peça de 9,810 kg e 47 cm de comprimento.
Composição e Propriedades
O âmbar tem composição variável, em média C10H16O. Trata-se de uma mistura de várias resinas solúveis em álcool, éter e cloro com uma outra substância, insolúvel e betuminosa. Ele não tem estrutura cristalina como as gemas inorgânicas, sendo, portanto, amorfo. Saliente-se, porém, que estudos recentes mostraram que algumas resinas possuem componentes cristalinos. Sua cor mais comum (70%) é a amarela, podendo ser marrom-escura, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada, azulada, cinza, preta (figura ao lado), vermelha ou branca. As cores vermelha, branca e verde são muito raras, e a azul é a mais rara e valiosa de todas. Pode haver mais de uma cor ou vários tons na mesma peça.
A cor pode ser melhorada por cozimento em azeite de semente de nabo, o que elimina as inclusões fluidas eventualmente existentes. Ele varia de transparente a semitranslúcido e séctil (pode ser cortado em lascas). É muito leve, com uma densidade pouco maior que a da água (1,08), o que lhe permite flutuar em água salgada. A dureza é muito baixa - 2,0 a 2,5 -, mostra fluorescência branco-azulada ou amarelo-esverdeada e brilho resinoso. Aquecido, começa a amolecer a 150º C e se funde a 250º C. Queimado, exala aroma agradável que lembra a resina de pinheiro.
Outra característica típica do âmbar, conhecida há séculos, é sua capacidade de eletrizar-se quando atritado contra um pano de lã. Por isso era chamado na Grécia antiga de elektron. Um pedaço dele assim atritado consegue atrair objetos de pouco peso, como pedaços de papel. Aquecido a 300ºC o âmbar decompõe-se, originando duas substâncias, o óleo de âmbar e um resíduo preto, o piche de âmbar.
Fósseis do Âmbar
Uma característica muito interessante do âmbar é a possibilidade de se encontrar em seu interior animais, principalmente insetos (86,7%) e aracnídeos (11,6%), que viviam na época em que a resina se formou e que nela ficaram aprisionados, por ser uma resina pegajosa, ou que por ela foram englobados depois de mortos. Material desse tipo é muito visado como peça de museu, por seu valor científico.
Cerca de três mil espécies animais já foram encontradas fossilizadas no âmbar, das quais 85% são espécies já extintas. Mais de mil dessas espécies extintas são insetos. Além de insetos, o âmbar pode conter restos de vegetais, bolhas de ar e pirita.
Usos e Imitações
O âmbar é muito usado como gema e em objetos ornamentais, podendo receber lapidação facetada (como as gemas minerais transparentes), lapidação em cabuchão ou simples polimento.
De todo o âmbar produzido, cerca de 15% têm qualidade que permite o aproveitamento como gema. Um emprego curioso verifica-se em certos países da Europa, onde é usado pelas crianças contra mau-olhado, da mesma forma que o coral. Usa-se também contra a tosse.
Assim como muitas gemas minerais, o âmbar é imitado por várias substâncias, sobretudo plásticos, como celuloide e baquelite. Todas essas imitações se diferem dele por serem mais densas. Também pode ser imitado por alguns vidros, que, embora possam ser muito semelhantes, são reconhecidos por terem dureza e densidade bem maiores, além de serem frios ao tato.
O âmbar prensado é um tipo de âmbar obtido ao se aquecer pequenos fragmentos procedentes do mar Báltico a 200-250 °C e em seguida submetendo-os a uma pressão de até 3.000 atmosferas. Ele assemelha-se ao âmbar normal, mas difere-se por conter bolhas de ar alongadas e orientadas, enquanto no âmbar normal elas são esféricas. Além disso, sob ação de uma gota de éter o âmbar prensado mostra uma mancha fosca.
Principais Produtores
O âmbar é produzido principalmente na Alemanha e na Rússia, vindo a seguir a Itália. O maior centro produtor é Sambia (que os alemães chamam de Samland), península do enclave russo de Kaliningrado, onde ele ocorre em uma argila rica em glauconita, chamada de terra azul. Cada metro cúbico dessa terra azul tem de 0,5 a 2,5 kg de âmbar. Como essa jazida está 40 cm abaixo do nível do mar, a erosão constantemente libera blocos de âmbar, que saem flutuando na água do mar, podendo ser levados a longas distâncias.
Cerca de 90% do âmbar encontrado hoje em todo o mundo provém da região do mar Báltico. O maior depósito do mundo está na península de Sambia e na lagoa Courland, onde há três mil hectares de solo contendo a gema. No Brasil nunca foi encontrado.
Essa árvore, devido a um aumento na temperatura ambiente, começou a produzir grande quantidade de resina, característica que atualmente nenhum pinheiro conhecido tem. Além disso, pode conter em seu interior insetos e outros animais da época em que se formou, constituindo-se, assim, num repositório paleontológico de grande valor, característica que não é encontrada em nenhuma outra gema.
História
O âmbar é conhecido desde o início da humanidade, pois já na Idade da Pedra era objeto de adoração, atribuindo-se-lhe propriedades sobrenaturais. Na mitologia romana, conta-se que Phaeton, filho de Phoebus, o Sol, saiu com a charrete que conduz o Sol e com ela aproximou-se tanto da Terra que nosso planeta pegou fogo. Para salvá-la, Júpiter tirou Phaeton do céu com seus raios, matando-o. Sua mãe e sua irmã viraram árvores e o âmbar são as lágrimas que elas choraram pela morte de Phaeton.
A peça de âmbar mais antiga que se conhece é um prato encontrado em um acampamento de caçadores de renas, perto de Hamburgo, na Alemanha. O historiador Plínio conta que o âmbar era tão valioso que um pequeno pedaço valia mais que um escravo.
No início da Idade Média, ele era usado em cruzes e rosários. Por volta de 1400, na maior parte da Europa era ilegal a posse não autorizada dessa substância. Nos séculos XVII e XVIII, tornou-se popular seu uso em obras de arte. Depois de um período de menos prestígio, voltou a ser valorizado após a Segunda Guerra Mundial, através do Feliksas Daukantas, que encorajou artistas a mostrar a beleza do âmbar natural.
O âmbar forma blocos arredondados que chegam a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida dessa gema é o Âmbar Birmânia, que tem 15,250 kg e está no Museu de História Natural de Londres. No Museu de Ciências Naturais de Berlim há uma peça de 9,810 kg e 47 cm de comprimento.
Composição e Propriedades
O âmbar tem composição variável, em média C10H16O. Trata-se de uma mistura de várias resinas solúveis em álcool, éter e cloro com uma outra substância, insolúvel e betuminosa. Ele não tem estrutura cristalina como as gemas inorgânicas, sendo, portanto, amorfo. Saliente-se, porém, que estudos recentes mostraram que algumas resinas possuem componentes cristalinos. Sua cor mais comum (70%) é a amarela, podendo ser marrom-escura, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada, azulada, cinza, preta (figura ao lado), vermelha ou branca. As cores vermelha, branca e verde são muito raras, e a azul é a mais rara e valiosa de todas. Pode haver mais de uma cor ou vários tons na mesma peça.
A cor pode ser melhorada por cozimento em azeite de semente de nabo, o que elimina as inclusões fluidas eventualmente existentes. Ele varia de transparente a semitranslúcido e séctil (pode ser cortado em lascas). É muito leve, com uma densidade pouco maior que a da água (1,08), o que lhe permite flutuar em água salgada. A dureza é muito baixa - 2,0 a 2,5 -, mostra fluorescência branco-azulada ou amarelo-esverdeada e brilho resinoso. Aquecido, começa a amolecer a 150º C e se funde a 250º C. Queimado, exala aroma agradável que lembra a resina de pinheiro.
Outra característica típica do âmbar, conhecida há séculos, é sua capacidade de eletrizar-se quando atritado contra um pano de lã. Por isso era chamado na Grécia antiga de elektron. Um pedaço dele assim atritado consegue atrair objetos de pouco peso, como pedaços de papel. Aquecido a 300ºC o âmbar decompõe-se, originando duas substâncias, o óleo de âmbar e um resíduo preto, o piche de âmbar.
Fósseis do Âmbar
Uma característica muito interessante do âmbar é a possibilidade de se encontrar em seu interior animais, principalmente insetos (86,7%) e aracnídeos (11,6%), que viviam na época em que a resina se formou e que nela ficaram aprisionados, por ser uma resina pegajosa, ou que por ela foram englobados depois de mortos. Material desse tipo é muito visado como peça de museu, por seu valor científico.
Cerca de três mil espécies animais já foram encontradas fossilizadas no âmbar, das quais 85% são espécies já extintas. Mais de mil dessas espécies extintas são insetos. Além de insetos, o âmbar pode conter restos de vegetais, bolhas de ar e pirita.
Usos e Imitações
O âmbar é muito usado como gema e em objetos ornamentais, podendo receber lapidação facetada (como as gemas minerais transparentes), lapidação em cabuchão ou simples polimento.
De todo o âmbar produzido, cerca de 15% têm qualidade que permite o aproveitamento como gema. Um emprego curioso verifica-se em certos países da Europa, onde é usado pelas crianças contra mau-olhado, da mesma forma que o coral. Usa-se também contra a tosse.
Assim como muitas gemas minerais, o âmbar é imitado por várias substâncias, sobretudo plásticos, como celuloide e baquelite. Todas essas imitações se diferem dele por serem mais densas. Também pode ser imitado por alguns vidros, que, embora possam ser muito semelhantes, são reconhecidos por terem dureza e densidade bem maiores, além de serem frios ao tato.
O âmbar prensado é um tipo de âmbar obtido ao se aquecer pequenos fragmentos procedentes do mar Báltico a 200-250 °C e em seguida submetendo-os a uma pressão de até 3.000 atmosferas. Ele assemelha-se ao âmbar normal, mas difere-se por conter bolhas de ar alongadas e orientadas, enquanto no âmbar normal elas são esféricas. Além disso, sob ação de uma gota de éter o âmbar prensado mostra uma mancha fosca.
Principais Produtores
O âmbar é produzido principalmente na Alemanha e na Rússia, vindo a seguir a Itália. O maior centro produtor é Sambia (que os alemães chamam de Samland), península do enclave russo de Kaliningrado, onde ele ocorre em uma argila rica em glauconita, chamada de terra azul. Cada metro cúbico dessa terra azul tem de 0,5 a 2,5 kg de âmbar. Como essa jazida está 40 cm abaixo do nível do mar, a erosão constantemente libera blocos de âmbar, que saem flutuando na água do mar, podendo ser levados a longas distâncias.
Cerca de 90% do âmbar encontrado hoje em todo o mundo provém da região do mar Báltico. O maior depósito do mundo está na península de Sambia e na lagoa Courland, onde há três mil hectares de solo contendo a gema. No Brasil nunca foi encontrado.
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