CIRCUITO DOS DIAMANTES
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Com a descoberta do primeiro diamante nas lavras de ouro no Arraial do Tijuco (atual Diamantina), em 1714, essa região cresceu significativamente, a ponto de ser considerada um Estado dentro de outro Estado. Tamanha riqueza gerou fabuloso patrimônio histórico-cultural. Hoje, o roteiro reúne belezas arquitetônicas, arte e passeios ecológicos. Tudo isso embalado ao som de clássicos barrocos, serestas e 'vesperatas'.
A magia da escrava Chica da Silva e a musicalidade de JK dotaram não só Diamantina, Patrimônio Mundial da Humanidade, como todo o Circuito de encantamento sem igual. A contemplação das obras do homem e da natureza leva ao equilíbrio.
Compõem este percurso os municípios de Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Presidente Kubitschek, Santo Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves e Serro.
DIAMANTINA
Lisboa está em festa, os sinos tocam, Te-Deums são celebrados, congratulações chegam dos vários reinos europeus, incluindo os cumprimentos do Santo Padre. Qual a razão para tanto júbilo? São as pequenas pedras de carbono puro que foram encontradas na distante colônia. Diamantes! Extremamente valorizados na Europa, eram de suma importância para aumentar a riqueza do Reinado de D.João V.
Tendo como referência o Pico do Itambé, diversas bandeiras cortam a região do Jequitinhonha em busca dos metais preciosos. Entre as serras de Santo Antônio e São Francisco havia um local formado pelo pequeno afluente do Rio Grande, o Vale do Tijuco, que revelou-se como um excelente local para mineração do ouro. O pequeno arraial que acabou surgindo, por volta de 1713, com a bandeira de Jerônimo Gouvêa, no local conhecido como Burgalhau, não se diferenciava das centenas de povoados que surgiram no início do século XVIII, na Capitania das Minas. A população se dedicava à mineração do ouro.
Os primeiros diamantes que transformariam radicalmente a vida do arraial somente foram encontrados no período de 1719 a 1722. Autoridades locais não noticiaram de imediato a fabulosa descoberta à Coroa Portuguesa. Quase 10 anos haviam se passado e, só após a insistência de alguns mineradores de participarem os achados, é que o Governador D.Lourenço de Almeida fez o comunicado de que as preciosas pedrinhas tinham sido encontradas. Diamantes!
Passadas as celebrações, a resposta de Lisboa veio de imediato: a Coroa impôs as primeiras medidas de controle sobre a região dos diamantes, através de Regimento datado de 26 de junho de 1730, com a instituição da cobrança do quinto, o lançamento da capitação sobre cada escravo empregado na mineração diamantífera, a anulação das concessões de datas e a proibição da exploração do ouro da região, precauções essas que visavam garantir o poder real sobre a nova riqueza. (Barroco 16). Esse era o começo de uma administração totalmente inédita na colônia. Em 1734, foi criada a Intendência dos Diamantes que, com um regime próprio, altamente fiscalizador, rígido, arbitrário e r epressivo, isolou a área do restante da capitania.
Na década de 40 inicia-se o Sistema de Contratos que vigorou até 1771. Foi o período de maior produtividade do Distrito. Em 31 anos, os números oficiais atingem a soma de 1.666.569 quilates. Em 1771 o Marquês de Pombal designa para o distrito um novo tipo de administração: a Real Extração. O diamante, a partir de então, seria explorado pela própria Coroa Portuguesa. Para isso, foi criada uma junta administrativa com poderes absolutos que tinha seus atos respaldados por um instrumento legal - o Livro da Capa Verde. Esse nome é devido ao regulamento ter sua encadernação em couro marroquino verde. O Livro era tão abominado pela população Tijucana que, quando fundou a Real Extração, já no Segundo Império, o documento foi queimado em praça pública.
Enquanto os arraiais da Capitania ganhavam título de Vila já na década de 10, do setecentos, o Distrito Diamantino manteve-se como arraial só conseguindo o título de Vila em 1831, passando a chamar-se Diamantina. Nesse período, os intendentes já não eram tão poderosos e as lavras foram franqueadas. Mas, com a descoberta dos diamantes na África do Sul, em 1867, a decadência na mineração foi inevitável.
A segunda metade do século XIX trouxe novos desafios e novos rumos para Diamantina. A agricultura se torna importante e o comércio, que já se mostrava desenvolvido no século XVIII devido ao isolamento do Arraial, teve um expressivo crescimento comparado até mesmo ao do Rio de Janeiro. Diamantina passa a ser pólo comercial e centro de referência para todo o Jequitinhonha. Já havia, então, obtido o título de cidade em 1838.
Dessa trajetória, nasceu um extraordinário patrimônio cultural que, merecidamente, hoje é Patrimônio Cultural da Humanidade. Autêntica e excepcional, tanto nos atrativos histórico-culturais e naturais, quanto pelo seu povo.
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segunda-feira, 2 de maio de 2016
CIRCUITO DOS DIAMANTES
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