sábado, 4 de junho de 2016

Carvão pode ter usos de alta tecnologia

Carvão pode ter usos de alta tecnologia


Carvão pode ter usos de alta tecnologia
Carvão não serve só para ser queimado: basta purificá-lo para que ele apresente propriedades sem paralelo. [Imagem: Jeffrey Grossman Lab/MIT]
Reabilitação do carvão
O carvão tem má-fama pela poluição gerada por sua queima, mas novas possibilidades de aplicação podem significar novas impressões.
O carvão é basicamente carbono, mas há diferenças enormes na sua forma de cristalização. Veja, por exemplo, o caso do grafite, dos nanotubos de carbono e do grafeno, todos igualmente carbono, mas cada um com suas próprias aplicações e potenciais futurísticos.
Brent Keller, do MIT, nos EUA, decidiu analisar o que poderia ser feito para recuperar o antecedente de má-fama de outros membros da família. Para isso, ele analisou as propriedades químicas, elétricas e ópticas de quatro tipos de carvão mineral, dentre as centenas conhecidas: antracito, linhito e dois tipos betuminosos.
O trabalho mostrou que basta gastar um pouco de esforço na purificação de cada tipo de carvão mineral para que ele revele seus verdadeiros valores, a maioria de alto potencial tecnológico. Na realidade, é o mesmo que acontece com o silício, que é o segundo elemento mais abundante na crosta da Terra, mas que não ocorre naturalmente com a pureza de 99,999% necessária para ser transformado em chips ou células solares.
Condutividade elétrica
Entre os vários aspectos interessantes revelados pelos minerais de carvão destaca-se uma ampla faixa de condutividades elétricas, que se espalha por várias ordens de magnitude - mais de 10 milhões de vezes de um ponto a outro da escala. Isto significa que um único tipo de carvão pode fornecer todas as propriedades elétricas necessárias para um componente eletrônico em particular.
Além disso, simplesmente ajustando a temperatura sob a qual o carvão é processado, é possível ajustar várias propriedades ópticas e elétricas do material para que ele atinja exatamente os valores desejados.
Para demonstrar esse potencial, Keller usou suas amostras, na forma de filmes finos feitos a partir do pó de cada tipo de carvão, para criar um pequeno dispositivo de aquecimento que poderia ser usado diretamente para desembaçar janelas de automóveis ou evitar a formação de gelo nas asas dos aviões, ou mesmo como parte de um implante biomédico.

Com base nas características do material e dos resultados do teste prático, os pesquisadores afirmam que o carvão pode ser usado em aplicações que vão de painéis solares e baterias até componentes eletrônicos para computadores. Para isso, basta que os cientistas dos materiais olhem para o carvão com outros olhos.

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