quinta-feira, 30 de junho de 2016

PF investiga tráfico de pedras preciosas na Paraíba

PF investiga tráfico de pedras preciosas na Paraíba

Descoberta na década de 1980, a turmalina paraíba se tornou uma das pedras preciosas mais cobiçadas do mundo por ser mais rara que diamante e mais cara que ouro. Mas esse raro tesouro deu início a um cruel esquema de mineração ilegal que agora está prestes a ser desarticulado pela Polícia Federal em uma operação batizada de Sete Chaves. A investigação teve início há sete anos, quando um delator revelou à polícia detalhes de uma rede de tráfico internacional da pedra com lucros de mais de US$ 1 bilhão.
Ranieri Addario, sócio da mineradora Parazul Mineração, disse aos investigadores que sua empresa, que não tem licença para operar, extraiu cerca de 10 quilos de turmalina paraíba de uma mina na cidade pobre de Salgadinho, entre 2013 e 2014, para vender para outros países.  A informação foi dada em um acordo de cooperação fechado entre Addario e a PF.
Cobiçada por gigantes do setor de joias como Dior, Tiffany e H. Stern, a turmalina paraíba tem 0,2g orçados em US$ 10 mil. Logo, 10 quilos da pedra valem mais de US$ 500 milhões.
Segundo a polícia, fazem parte do esquema três pessoas ligadas a Parazul Mineração: Sebastião Lourenço Ferreira, Ubiratan Batista de Almeida, e João Salvador Martins Vieira. Também está sendo investigado Zaheer Azizi, um afegão apontado como responsável por facilitar o envio da pedra a outros países.
Os policiais interceptaram uma conversa telefônica entre os acusados, onde um deles diz que a reserva de Salgadinho deixará suas respectivas famílias “bem de vida por seis gerações”. Porém, os agentes tiveram dificuldades para investigar o caso, pois a população de Salgadinho evitava falar sobre o assunto.
A cidade tem uma taxa de pobreza de mais de 50% e um quarto dos residentes locais vive com até R$ 70 por mês. Além disso, um em cada quatro habitantes é analfabeto. Segundo os investigadores, a população “tem muito medo” de falar sobre mineração com estranhos. Funcionários da Parazul Mineração eram proibidos de falar sobre o processo de mineração e eram submetidos à vigilância constante durante o serviço.
Graças ao acordo de cooperação, Addario se livrou de uma sentença de sete anos em regime fechado. Ele poderá cumprir a sentença em prisão domiciliar e prestar serviços comunitários. Ele também teve US$ 15 milhões confiscados. A polícia espera que as informações prestadas por ele levem a mais prisões.
“As pedras usadas em eventos luxuosos por celebridades e magnatas, que são alugadas por atrizes de Hollywood para desfilar no tapete vermelho na cerimônia do Oscar, deveriam trazer progresso social para a população de Salgadinho e de São José da Batalha, gerando melhores condições de vida e acesso a direitos fundamentais para o desenvolvimento humano, como está previsto na Constituição e em acordos de comércio internacionais”, disse, à rede Al Jazeera, João Raphael Lima, procurador integrante da investigação.
Fonte: Opinião e Notícia

Um comentário:

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