sábado, 2 de julho de 2016

Garimpeiros pedem socorro para não serem extintos

Garimpeiros pedem socorro para não serem extintos 

A atividade garimpeira vem, a cada dia, diminuindo de intensidade. As grandes empresas ocupam seus lugares e nem sua mão de obra aproveitam.

No Vale do Jequitinhonha, há pouco mais de 15 mil destes trabalhadores em atividade. Eles misturam o seu fazer de trabalhador com os serviços da roça ou nas vazantes dos rios e córregos.

Muitos pedem socorro para não serem extintos. Sua atividade é de uma exploração desumana.
Não têm direitos previdenciários, nem trabalhistas. Vivem da feira semanal paga pelo sócio-capitalista, que leva 20% da sua lavra. Se quiser melhorar o prato da família deve vender mais 20% dos seus direitos de garimpeiro. E fica sem nada.

Ametista roxa encanetadaEm geral, os garimpeiros trabalham em dupla, tendo cada um direito a 20% do que apurar na lavra de pedras preciosas. Os dois têm 40% do que encontrar. Dois sócios-capitalistas têm mais 40% e fornecem a feira semanal, as ferramentas e insumos. 20% vai pro dono da terra.

História dos garimposA história da exploração comercial das pedras preciosas no Brasil começa no final do século XVII com a descoberta de ouro em Sabarabuçu, hoje, Sabará, e prossegue com o ouro e os diamantes encontrados no antigo Arraial do Tejuco, atual Diamantina, por volta de 1725.
Cidades mineiras nascidas do garimpo, marcadas pela história ou pela riqueza mineral

No período colonial, as lavras de ouro e diamantes eram feitas por escravos. Nos 170 anos seguintes, por qualquer um que se dispusesse à cata, sem qualquer controle.

Preservacionismo é palavra nova no garimpo. Difundiu-se a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro.
Desde então, ora ávida, ora indulgente, a fiscalização bateu ponto na região, intensificando- se a partir de 1989 com a lei 7.805, que acabou com a garimpagem livre ao condicionar a exploração à obtenção de permissões de lavra, numa tentativa de regulamentar a profissão.

O cerco apertou ainda mais há cinco anos com a Operação Carbono, de repressão ao contrabando de diamantes em Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia – principais estados produtores.
Leia a reportagem da Revista Globo Rural de outubro de 2007:
“A gente é bicho em extinção”, ironiza Seu Ida, 55 anos (desde os 12 na lavra garimpeira).

Longe das grandes minas de ouro, o garimpo de pedras preciosas no nordeste do estado de Minas Gerais reúne um número menor de trabalhadores, mas exige muito da paciência, resistência e habilidade do garimpeiro.

Herdeiro e perpetuador de um modus operandi milenar, o garimpo coloca os homens em uma busca angustiante pelo brilho das pedras preciosas.

Às margens dos rios, por exemplo, passam dias inteiros procurando qualquer coisa que brilhe no meio da areia e do cascalho que arrancam dos cursos d’água. Ao separarem as pedras na peneira, procuram por aquelas que mais faíscam à luz do sol. Daí, inclusive, a origem do termo “faisqueiro”.

Mas o trabalho pesado do garimpeiro nem é sua maior preocupação. A falta de regulamentação, fiscalização pouco eficiente e a incompatibilidade da legislação do garimpo com a vida desses trabalhadores são os grandes problemas.

Conseguir a Permissão para Lavra Garimpeira é uma aventura mais cara e desgastante que a própria labuta diária, afirmam alguns garimpeiros.

Assim, aos poucos, a atividade garimpeira perde força, mão-de-obra, espaço e memória. Muitas cidades pequenas no norte mineiro já lidam com marcas da decadência da atividade de extração mineral.

No século XVIII o Brasil foi o maior fornecedor de ouro do mundo, enviando quase 1 milhão de toneladas de ouro para Portugal. Atualmente a maior parte da produção vem de grandes empresas mineradoras, enquanto os garimpeiros transformam-se em bastiões da memória do garimpo tradicional.

De Diamantina a Grão Mogol, de Coronel Murta a Padre Paraíso, de Medina a Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, na região nordeste de Minas Gerais, garimpeiros contaram suas histórias e dilemas ao jornalista José Augusto Bezerra, para a Revista Globo Rural, de Outubro de 2007, parte final deste texto.
As imagens são do fotógrafo João Marcos Rosa.
Fonte- Blog do Banu

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