sexta-feira, 8 de julho de 2016

Serra Pelada o maior garimpo do mundo

Serra Pelada 7


Um homem dormia no seu barraco, o calor era insuportável por causa da umidade. Mexendo-se de um lado para outro e se revirando na cama, o sonho do Júlio era perturbado por alguma coisa, algo estava assombrando-o e para quem olha-se de fora parecia que estava tendo um pesadelo. Júlio então acorda bruscamente e sem dizer palavra sai do seu barraco, quase perdendo o equilíbrio por efeito do sono, em direção ao seu buraco cheio de lodo que era sua parcela de esperança.
Afastando as pessoas com os braços, abrindo caminho chegou ao fundo do poço, se ajoelhou, afundou os dois braços na lama e tateou algo… pediu ajuda, os homens então puxaram para a luz brilhante do dia uma peça de quase 80 quilos, que sem eles saberem, continha mais de 60 quilos de ouro, Júlio tinha achado a maior pepita de ouro do Brasil e a terceira maior do mundo!
Júlio de Deus Filho
A historia do Julinho como era conhecido, é uma das tantas que existiram naquele formigueiro humano, cheio de cobiça, ambição e violência que era Serra Pelada. A forma que começa o post é imaginária mas é como imagino a cena daquele momento dramático em que o Júlio faria historia.
Julinho tinha achado em 1983 a maior pepita de ouro do Brasil, ele contaria para todos os que quisessem escutar, que tinha visto em sonhos que iria achar a tal pepita, e a achou. Júlio encontraria ainda algumas outras menores.
O garimpo
Serra Pelada era o maior garimpo aberto e mantido de forma manual do mundo. No ponto alto da exploração havia ai 120 mil pessoas trabalhando, menos da metade tinham de fato autorização para trabalhar. A área era fechada e controlado pela polícia e o exército.
Logo que a primeira pepita de ouro fora achada o boato se espalhou de forma tão rápida que poucos messes apos o achado 30 mil pessoas já estavam no local, cada um por si demarcava sua área com um 38 nas costas.
Muitos dizem que o trabalho era tranquilo e que nunca acontecia nada, mas outros dizem que o exército teve que ir lá para por ordem porque todo dia morria gente de doença ou de bala.
Seja como for a partir do ano 82 aquele formigueiro humano explorava a maior descoberta de ouro do mundo.
Em 1984 a Vale do Rio Doce cobra do governo o direito de exploração que era dela, o governo paga uma indenização e como parte do acordo o garimpo devia ser fechado em 3 anos ou quando se chegasse à cota 190. Os garimpeiros imediatamente entenderam que a empresa sabia de alguma coisa e que a partir dessa cota era onde o grosso do ouro estava.
A corrida começou, mas quanto mais perto da cobiçada cota os garimpeiros chegavam, mais difícil ficava. Traições, sabotagem, falta de segurança, jogo de interesses, tudo se misturou. Os trabalhadores frequentemente ficavam soterrados na riqueza que queriam desenterrar. Muitos morreram.
Em 85, quando estavam tão perto da cota 190 o governo interrompeu os trabalhos alegando falta de segurança e permitiu fazer outro ao lado. O buraco antigo encheu de água.
O novo buraco foi trabalhado de forma mais ordenada e segura, mas em 87 quando de novo se aproximaram da famosa cota 190 uma serie de sabotagens e boicotes aconteceram, o trabalho não avançava e o prazo se esgotou. Novamente o poço de quase 120 metros de profundidade se encheu de água, e como bem disse Breno Castro Alves, lá, “depositadas no solo envenenado de mercúrio, estão sobrepostas camadas de ouro, lama, sangue e ganância humana.”
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