quinta-feira, 4 de agosto de 2016

CÉLEBRES DIAMANTES BRASILEIROS Descobertos até o final do século XIX

CÉLEBRES DIAMANTES BRASILEIROS
Descobertos até o final do século XIX



Atendendo à solicitação de um leitor, neste mês discorreremos brevemente sobre alguns famosos diamantes brasileiros, lembrando que a informação disponível sobre o tema é bastante controversa, entre outros motivos porque apenas parte dos grandes diamantes teve sua existência comprovada e pública, além do fato de que era comum a relapidação de espécimes famosos ao mudarem de mãos, quer fosse para imprimir a marca do novo dono ou para evitar que fossem reconhecidos.
De modo geral, os diamantes que se tornam célebres têm peso superior a 50 quilates, são aproximadamente incolores ou de cor de fantasia e possuem algum atrativo adicional, como seu tamanho, importância histórica, singularidade, lapidação e/ou lendas que o cercam.
Como a Índia foi a única fonte importante de diamantes desde o quarto século antes de Cristo até a sua descoberta no Brasil, de lá procediam quase todos os exemplares de valor histórico. Apesar disto, especula-se que um ou outro famoso diamante de origem supostamente indiana possa ter sido realmente encontrado no Brasil.
Apesar da enorme produção proveniente da região de Diamantina ter sido a responsável pela primazia do nosso país no fornecimento mundial durante um século e meio e do fato de que diversos dos maiores e melhores diamantes ali extraídos terem sido inseridos no acervo de jóias da coroa portuguesa, a maior parte dos grandes exemplares brasileiros foi descoberta mais tarde, no Triângulo Mineiro, principalmente nos municípios de Coromandel, Estrela do Sul, Tiros, Patos de Minas, Monte Carmelo, Abadia dos Dourados e Romaria.
O primeiro grande diamante descoberto nesta região a receber nome e tornar-se público foi o denominado Bragança ou Regente de Portugal. Segundo o inglês John Mawe, em seu relato de viagem ao Brasil, o exemplar pesaria 144 quilates e teria sido encontrado no longínquo ano de 1798, no leito do rio Abaeté. De acordo com o mesmo autor, a pedra foi requisitada pela Coroa Portuguesa, como eram todas que pesassem mais de 20 quilates, e Dom João VI o usava em ocasiões especiais. É um espécime controverso e seu atual paradeiro é desconhecido, embora haja menção a um diamante com este nome entre as jóias da coroa sueca.
Outro célebre diamante brasileiro é o Estrela do Sul, que possuía 261,38 quilates em estado bruto. Ele foi descoberto no ano de 1853, em um garimpo no Rio Bagagem, Triângulo Mineiro, por uma escrava, que mais tarde foi alforriada e recebeu uma pensão vitalícia. A pedra foi assim nomeada pelos irmãos franceses que a adquiriram, ocasionando a mudança do nome da localidade de Bagagem para a atual Estrela do Sul. A lapidação desta gema, realizada em 1857 pelo Sr. Voorzanger, de Amsterdã, durou 3 meses, resultando em um exemplar de 128,48 quilates e forma de almofada.
O Estrela do Sul foi adquirido em 1867 por Khande Rao, soberano do reino indiano de Baroda, por aproximadamente US$400 mil. Ele foi o primeiro diamante brasileiro a obter notoriedade internacional e, durante mais de um século, o maior descoberto por uma mulher, até que a Sra. Ernestine Ramaboa, de Lesotho, encontrou um espécime de 601,26 quilates, em 1967. O Estrela do Sul mudou novamente de mãos em 2001, sendo adquirido por compradores que preferiram permanecer anônimos. Em dezembro do mesmo ano, foi submetido por eles à graduação no Laboratório Gemológico Gubelin, da Suiça, que estabeleceu um grau de pureza VS2 e descreveu sua cor como marrom rosáceo “fancy light”.
Em 1857, portanto apenas quatro anos após a descoberta do Estrela do Sul, outro famoso exemplar, pesando 120,58 ct, foi encontrado no mesmo Rio Bagagem. Denominado Dresden Inglês, Dresden Branco ou E. H. Dresden, em homenagem ao agente inglês que o adquiriu no Rio de Janeiro e o levou a talhar no atelier de Coster, em Amsterdã, foi assim designado para diferenciá-lo do Dresden, o mais famoso diamante verde jamais encontrado, de procedência desconhecida. Conhecido por seus elevados graus de pureza e cor, o Dresden Inglês foi lapidado em uma única pedra com forma de gota, pesando 78,53 ct, e supõe-se que esteja de posse da família real de Baroda.
Ao que consta, em 1859, no mesmo Rio Bagagem, teria sido encontrado um diamante de 250 quilates, denominado Estrela do Egito e, em 1867, um exuberante espécime de 105,50 ct, sem nome, no garimpo de Água Suja, município de Romaria.
Se levarmos em consideração os diamantes de qualidade não gemológica, deveríamos incluir na relação dos maiores alguns carbonados, isto é, agregados criptocristalinos de cor usualmente preta, que consistem de uma mescla de diamante grafitizado e carbono amorfo, caracterizados pela ausência de clivagem e alta resistência. O maior deles foi descoberto no ano de 1842, na Chapada Diamantina, parte central do estado da Bahia, célebre pela ocorrência deste tipo de material. A pedra recebeu o nome de Carbonado Sérgio e pesava 3.167 quilates, portanto superior ao peso do Cullinan (3.106 ct), o maior diamante bruto já encontrado.

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