Empresa japonesa planeja processar rejeito de Serra Pelada
Projeto visar recuperar minérios contidos no material retirado em Serra Pelada
Myabras e cooperativa da região firmaram contrato que tem como objetivo recuperar ouro das pilhas de rejeitos, acumuladas durante décadas de exploração em Serra Pelada
Após a saída dos canadenses da Colossus, a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), que detém os direitos minerários em Serra Pelada, famosa área mineral localizada em Curionópolis (PA), fechou um acordo recente com a japonesa Myabras (Mineração Yamato do Brasil). A companhia pretende processar o material secundário da mina, formado por lama da cava e conhecido como “montoeira”.
O governo do Pará manifestou apoio ao novo projeto, mas se mostrou preocupado com a instabilidade na direção da cooperativa. Durante a parceria com a Colussus, ex-digirentes da Coomigasp teriam desviados mais de R$ 50 milhões que deveriam ter sido distribuídos para os garimpeiros. A estimativa é que a empresa canadense, que declarou falência no início de 2014, tenha investindo R$ 450 milhões para reativar os trabalhos de lavra.
Após receber as licenças, previstas para este ano, a Myabras se comprometeu em apresentar, no prazo de trinta dias, um plano diretor de serviços e lavras para a recuperação de ouro e mercúrio em rejeitos de Serra Pelada, e em seguida, iniciar as atividades de pesquisas e desenvolvimento mineral das áreas objeto do contrato de parceria. A licença tem validade de um ano, podendo ser renovada.
Pelo contrato, a empresa arcará com todos os custos em investimentos necessários quanto às pesquisas e desenvolvimento mineral para o tratamento do material secundário, ficando a cooperativa isenta de qualquer ônus. A Myabras ficará com 49% do volume de minérios recuperado das pilhas, o restante (51%) se destinará à cooperativa.
“Formigueiro humano”
Serra Pelada, que já foi tema de filmes como “Os Trapalhões na Serra Pelada” (1982) e “Serra Pelada” (2013), ficou conhecida na década de 80, na chamada corrida do ouro. Com uma área de mais de 5 mil hectares, a região se tornou o maior garimpo a céu aberto do mundo, com mais de 40 mil garimpeiros, sendo chamada de “formigueiro humano”. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), foram retiradas da mina mais de 30 toneladas de ouro.
Ao final de 1984, a profundidade do cratera da cava já era de quase 200 m. A partir daí, a produção de ouro passou a diminuir e em 1990 somente 600 kg de ouro foram extraídas. Esta cifra caiu para 13 kg em 1991, ano em que através de portaria ministerial, os direitos de lavra de Serra Pelada foram repassados para a Vale. A mineradora recebeu uma indenização de R$ 59 milhões do Governo, pois tinha direitos sobre as jazidas de ouro, que foram invadidas por milhares de garimpeiros.
O garimpo foi fechado em 1992 por falta de segurança. Em 2002, o governo aprovou um decreto que concedeu à Coomigasp o controle das atividades em uma área próxima a Serra Pelada.
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