sábado, 24 de setembro de 2016

A Ametista

A Ametista

Uma das pedras preciosas mais conhecidas e apreciadas, a ametista é uma variedade de quartzo de cor roxa, devida à presença de ferro como impureza. Essa cor varia de um roxo bem claro até o bem escuro, e quanto mais escura a cor mais valiosa é a ametista. Exposta ao Sol por tempo prolongado, o colorido da ametista enfraquece.
Aquecida a uma temperatura adequada, em torno de 475 ºC, esta gema adquire cor amarela ou alaranjada, excepcionalmente vermelha, transformando-se, assim, em citrino, outra pedra preciosa muito apreciada. O citrino, porém, pode ser encontrado também na natureza e deve-se alertar que, seja natural ou produto de tratamento térmico da ametista, seu preço de mercado é o mesmo.
A ametista é em geral transparente, às vezes semitransparente, com brilho vítreo. Não tem clivagem, o que facilita sua lapidação. Ocorre em cavidades de rochas vulcânicas e em pegmatitos. Seu maior produtor mundial é o Brasil (Rio Grande do Sul e Bahia, principalmente), seguindo-se Rússia (Sibéria), Sri Lanka, Índia, Madagascar, Uruguai, Paraguai, México, Zâmbia, Birmânia, Canadá e Estados Unidos.
Os geodos com cristais de ametista extraídos no norte do Rio Grande do Sul podem atingir 2 m de comprimento, e já se encontrou um medindo 10 x 5 x 3 m, com 35 t. No Museu Britânico, há um cristal com cerca de 250 kg. Na coleção particular de Dom Pedro II, Imperador do Brasil, havia um cristal de 80 x 30 cm procedente do Rio Grande do Sul.
Ametistas sintéticas de ótima qualidade vêm sendo produzidas na Rússia, por processo hidrotermal e já são abundantes no mercado internacional. Na lapidação, recomenda-se os estilos cabuchão, pêra ou brilhante.
Em Ametista do Sul, município responsável pela maior parte da ametista gaúcha, há um interessante museu, o Ametista Parque Museu, que, além de exibir belas gemas e outros minerais da região, permite aos visitantes entrar em galerias que foram abertas para extração daquela gema, e vê-la ainda na rocha, exatamente como ocorre na natureza.
O nome da ametista tem uma origem curiosa. Amethystos, em grego, significa não ébrio, porque se acreditava, na Idade Média, que a bebida alcoólica servida em cálice feito com essa gema não provocava embriaguez. Ametisto é forma mais correta, mas não é usada.
As ametistas exibidas nas fotos dessa publicação estão expostas na atração Inventário Mineral, no 1º andar do MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, Belo Horizonte/MG.

Características físicas e químicas das gemas
1. FAMÍLIA /GRUPO: Família dos Tectossilicatos; Grupo do Quartzo.
2. FÓRMULA QUÍMICA: SiO2. Óxido de silício.
3. COMPOSIÇÃO: Si = 46,7%, O = 53, 3%. Apresenta compostos de ferro e manganês, que lhe rendem sua cor característica.
4. CRISTALOGRAFIA: sistema Hexagonal-trigonal
5. PROPRIEDADES ÓPTICAS: Isotrópico uniaxial positivo (biaxial quando deformado, 2V de 5º ou mais).
Quase sempre contém inclusões, tais como: turmalina, clorita, mica, magnetita, zircão.
6. HÁBITO: Prismático, granular, maciço.
7. CLIVAGEM: Imperfeita {1011} ou {0111}.
8. DUREZA: 7
9. DENSIDADE: 2,65
10. FRATURA: Conchoidal, quebradiça.
11. BRILHO: Predomina o brilho vítreo.
12. COR: Geralmente violeta, roxa ou púrpura.
13. TRAÇO: Incolor.
14. VARIAÇÕES: Existe uma variedade bicolor, denominada quartzo ametista, trata-se de uma forma mais compacta de ametista que, frequentemente possui bandas de quartzo leitoso. Além de, uma variedade tricolor com uma extremidade de cor roxa, a outra extremidade amarela, sendo cortada por uma faixa incolor. Outras espécies são: Ametista Jacobina, variedade de ametista escura com tonalidades vivas; Ametista Madagascar, variedade de ametista violeta-escura, levemente enfumaçada ou violeta-púrpura quando mais clara; Ametista mosquito, variedade com pequenas inclusões de goethita; A Ametista espanhola, nome dados as ametistas finas comercializadas na Espanha de origem desconhecida e cor púrpura. Também existem a Ametista Uruguai, Ametista uraliana, Ametista siberiana, etc.
15. PROPRIEDADES DIAGNÓSTICAS: Caracterizado por sua cor violeta, seu brilho vítreo, fratura conchoidal, e forma cristalina.
16. CONSIDERAÇÕES GERAIS: Devido a mostrar em muitas vezes alternância de faixas claras e escuras, a ametista costuma ser lapidada com a mesa inclinada em relação ao plano das faixas. Também costuma ser lapidada em cabochão, pêra ou brilhante. É considerada símbolo da sinceridade e lucidez, antigamente acreditava-se que a ametista combatia a embriaguez, o sono e até mesmo gafanhotos. A Rússia tem produzido ametista sintética de ótima qualidade.

Ocorrências da gema
Ocorre em cavidades de rochas vulcânicas e em pegmatitos. São encontradas em geodos, gretas ou jazidas. Os cristais sempre crescem sobre uma base (substrato). É quase ausente nas rochas que constituem o assoalho oceânico; pode ocorrer em abundancia tanto nas rochas ígneas (principalmente graníticas), quanto nas sedimentares.

Principais Ocorrências Brasileiras
Bahia – Bom Jesus dos Meiras, Brejinho das Ametistas, Vitória da Conquista, Ituaçu, Jacobina, Macaúbas e Rio de Contas.
Rio Grande do Sul – Iraí, Lajeado, Livramento, Rio Taquari, Santa Maria, São Gabriel, Soledade, Três Arroios, Erechim, Bento Gonçalves e Cruz Alta.
Minas Gerais – Viçosa, Ataléia e Itamarandiba.
Ceará – Russas, Quixeramobim e Solonópole.
Pernambuco – Petrolina.
São Paulo – Itapirapuã.
Goiás – Xambioá.
Santa Catarina – Timbó.
Paraná – Porto Guairá.
Pará – Marabá.
Mato Grosso do Sul – Corumbá

A ametista também é comum nos pegmatitos pouco evoluídos do extremo sul da Bahia, porém aparecem mais como curiosidade do que como produto econômico. Uma pequena produção é assinalada nos pegmatitos de Espírito Santo, (Mimoso do Sul, Fundão, Itaguaçu), Minas Gerais (Marambaia, Serro, Matias Barbosa), Ceará, e Rio de Janeiro.

Descrição de algumas Ocorrências Brasileiras

1) BAHIA
JAZIDA DE AMETISTA DA GROTA DO COXO, JACOBINA.
A ametista está encaixada em quartzito vertical, de grã fina e cor branca da Formação Rio do Ouro, exibe litificação variável e marcas de ondas. A jazida corresponde a uma zona levemente tectonizada, vertical, paralela à direção regional N-S.
Blocos de quartzitos, frequentemente enormes, bascularam uns sobre os outros. São algumas vezes cimentados por um arenito cinza rosado mais escuro. Todas as cavidades resultantes desse amontoamento foram recobertas por ametista. Existem também drusas de quartzo hialino ou leitoso variavelmente britado e cimentado por quartzo hematóide. Algumas grandes drusas apresentam um excepcional preenchimento de material orgânico carbonoso (Pioco do Barro). Uma areia branca preenche os condutos formados entre os blocos e as drusas.

2) RIO GRANDE DO SUL
AMETISTA DE IRAÍ
As drusas são muito abundantes nos imensos platôs do sul do Brasil. Todas as jazidas de ametista localizam-se na bacia do Paraná, vasta sinéclise onde as erupções vulcânicas da era secundária formaram um lençol de aproximadamente 1.200.000km2 de trapps cuja espessura média é de 650 metros. Essa sucessão de derrames suborizontais é essencialmente constituída por rochas basálticas cujos minerais principais são: labradorita, augita e pigeonita. Como elementos acessórios ocorrem: titano-magnetita, apatita, quartzo, feldspato potássico e biotita. A textura é basáltica, rica em vidro intersticial. Termos mais ácidos tais como hialodacitos, dacitos e delenitos ocorrem na parte superior de alguns derrames. Brechas basálticas e andesina-basaltos são localmente conhecidos.
Dois ciclos magmáticos foram reconhecidos: o mais antigo iniciou-se antes do Jurássico Superior e somente formou intrusões; o segundo foi responsável por enorme emissão de lavas, que jorraram através de fissuras. Todas as lavras pertencem ao Grupo São Bento, Formação Serra Geral (Jurássico-Cretáceo).
O início da exploração de ametistas no estado do Rio Grande do Sul data de 1840. Atualmente quase toda a produção provém da região de Iraí, que inclui os múnicípios de Alpestre, Iraí, Frederico Westphalen, Nonoaí, Planalto e Rodeio Bonito.

3) PARÁ
3.1 – Garimpo do ALTO BONITO
No garimpo de ametista do Alto Bonito em Marabá, Estado do Pará, foram caracterizados dois tipos de depósitos:
a) DEPÓSITOS PRIMÁRIOS – a ametista encontra-se associada a cristais de rocha puros ou leitosas, sob a forma de geodos e/ou drusas encaixados nas zonas de falhas que afetaram o quartzito;
b) DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS – são depósitos detríticos de material mal selecionado que foram desagregados e transportados para as partes mais baixas da área do garimpo. Nesse tipo de depósito, a extração da ametista se torna mais fácil.
Os depósitos primários são resultado da intensa atividade hidrotermal que afetou a área. Tal atividade estaria ligada a um último evento magmático que remobilizou, a SiO2, o Fe e Mn das rochas encaixantes gerando as ametistas, ou mesmo os cristais de rocha e quartzo fumê que foram formados em zonas de falha.
3.2 – Garimpo de PAU D’ARCO
A concentração de ametista, sob a forma sedimentar, está relacionada à sedimentação pleistocênica, com platôs remanescentes da desnudação pliocênica da depressão periférica do sul do Pará, atuante na região da confluência dos rios Araguaia e Tocantins. A ametista, apesar do baixo aproveitamento em lapidação, possui um elevado valor no mercado joalheiro pela tonalidade extra que apresenta.
A concentração da ametista ocorreu devido a desagregação dos veios, transporte e deposição fluvial do material desagregado, com um posterior retrabalhamento, que deu origem a terraços no antigo leito do rio Araguaia. O conjunto de processos erosivos e deposicionais pós-pliocênicos permitiram a concentração de bens minerais como a ametista.

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