quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Circuito das Pedras Preciosas se estrutura

Circuito das Pedras Preciosas se estrutura

Retomada da rota aéea ligando Teófilo Otoni a Belo Horizonte está entre as conquistas recentes da região



Uma das gemas mais reluzentes do Circuito Turí­stico é a pequena Ladainha, no Vale do Jequitinhonha/Mucuri/Divulgação
O Circuito Turístico das Pedras Preciosas, instaurado em 2002, reúne municípios do Vale do Jequitinhonha/Mucuri (Água Boa, Angelândia, Capelinha, Caraí, Carlos Chagas, Catuji, Francisco Badaró, Itamarandiba, Jenipapo de Minas, Ladainha, Malacacheta, Nanuque, Novo Cruzeiro, Novo Oriente de Minas, Padre Paraíso e Teófilo Otoni) e do Vale do Rio Doce (Campanário e Itambacuri), totalizando 19 cidades e uma população de cerca de 400 mil habitantes.

Vocacionado pelos negócios, principalmente os que acontecem em torno da mineração de gemas, aos poucos o circuito tem oferecido mais atrativos aos turistas do que simplesmente comprar as ricas pedras da região. O patrimônio histórico, representado por casas, igrejas e obras de engenharia e de arte espalhados pelos espaços urbanos e rurais, a diversificada gastronomia, o artesanato e a geografia propícia à contemplação e aos esportes radicais têm se mostrado atrativos capazes de atrair um público diversificado.

A principal cidade é Teófilo Otoni, com 140 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2013. Conhecida como o lugar onde é possível comercializar gemas como águas-marinhas, turmalinas e berilos, entre outras, na praça central, a cidade hoje é um organizado e potente centro econômico do Estado, capaz de receber turistas do mundo inteiro ao longo do ano. A grande concentração de visitantes, porém, acontece em agosto, durante realização da Feira Internacional de Pedras Preciosas (Fipp). A edição 2016 recebeu cerca de 30 mil pessoas.
A Fipp reuniu expositores de todas as qualidades de gemas produzidas no País - tanto brutas como lapidadas - e também espécimes de coleção, artesanato e bijuterias em pedras, além de máquinas, equipamentos, serviços e órgãos oficiais.

Foram registrados expositores e visitantes provenientes de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Tocantins, além de visitantes e comerciantes de Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, EUA, Canadá, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Suíça, Itália, Noruega, Austrália, Índia, China, Japão, Tailândia, Hong Kong e Ilhas Virgens.

De acordo com o turismólogo e responsável técnico da Associação do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, Bruno de Sá, a região e, especialmente, Teófilo Otoni, sempre receberam turistas de negócios e aqueles que estão de passagem, já que a cidade é cortada por três rodovias federais e duas estaduais: BR 116, BR 342, BR 418, MG 217, e MG 409.

“Estamos em uma região muito rica não apenas de pedras, mas de cultura, história e natureza. Rios, cachoeiras, pedras e picos permitem a contemplação e os esportes. Estamos vivendo o descobrimento do ecoturismo na região. Caminhadas, banhos, canoagem e voos de paraglider estão entre as atividades possíveis. A visitação às fazendas e as festas religiosas são também experiências únicas”, afirma Bruno de Sá.

Integrado ao chamado “turismo de experiência”, conhecer a cadeia produtiva das pedras preciosas é uma das atividades preferidas dos turistas. O passeio começa pela vista a um garimpo que está em pleno funcionamento, passa por uma casa de lapidação e vai até os principais pontos de venda da região, como a Feira Permanente de Pedras. Tudo entremeado pelas cachoeiras da região e pode terminar com um almoço típico, em que a carne de sol é a grande estrela.

“A exemplo do que acontece em algumas cidades do Vale do Jequitinhonha, em que os turistas vão conhecer o cotidiano das artesãs, aqui estamos trabalhando o ciclo das pedras preciosas. É uma experiência muito diferente e rica para quem vem de fora. Mostrando como é feito podemos não só aprender sobre as técnicas, como discutir sustentabilidade e preservação do meio ambiente”, destaca o turismólogo.

Ladainha - Uma das gemas mais reluzentes do Circuito Turístico das Pedras Preciosas é a pequena Ladainha, no Vale do Jequitinhonha/Mucuri, com pouco menos de 18 mil habitantes, segundo dados do IBGE, de 2014. Distante pouco mais de uma hora de Teófilo Otoni, o passeio tem saída de segunda a domingo, na parte da manhã, para visitar os principais atrativos locais como os monumentos da antiga Ferrovia Bahia-Minas: pontilhão de ferro, túnel, oficina das máquinas, estação ferroviária, casa do agente ferroviário e antigas casas dos trabalhadores da ferrovia.

A lendária estrada de ferro começou a ser construída no início dos anos de 1880 e foi extinta em 1966. Ao todo, tinha aproximadamente 600 quilômetros que ligavam Araçuaí, no nordeste mineiro, a Ponta de Areia, município de Caravelas, no sul da Bahia. Também é possível conhecer a Pousada Ilha dos Caras e a antiga Usina Hidrelétrica de Ladainha. O encerramento do passeio costuma ser com um banho de cachoeira.

Para Bruno de Sá, o município e todo o Circuito estão se beneficiando de um processo de estruturação recente do trade turístico. “A rede turística que atende as cidades do circuito está bem estruturada. Em qualquer dos municípios os visitantes encontram hospedagem e alimentação de boa qualidade, claro que dentro das características de cada lugar. Precisamos, agora, consolidar e fortalecer o trade, mostrando que o turismo é mais do que uma alternativa, mas uma realidade econômica, capaz de gerar emprego e renda”, avalia.

A retomada da rota aérea ligando Teófilo Otoni a Belo Horizonte, em agosto, foi bastante comemorada pelo trade. A rota faz parte do Projeto de Integração Regional de Minas Gerais - Modal Aéreo (Pirma). Em julho, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), iniciaram a implementação do Pirma. Em agosto, os 12 municípios da primeira fase do projeto - Curvelo (região Central), Divinópolis (Centro-Oeste), Juiz de Fora, Muriaé, Ponte Nova, Ubá e Viçosa (Zona da Mata), Patos de Minas (Alto Paranaíba), São João del-Rei (Campo das Vertentes), Diamantina e Teófilo Otoni (Vale do Jequitinhonha/Mucuri), e Varginha (Sul de Minas) passaram a contar com voos fretados para Belo Horizonte.

Na primeira fase do Pirma serão 60 voos semanais ligando o interior à Capital. Cada voo cobrirá, em média, 200 km, terá duração de 40 minutos e custará cerca de R$ 3000 por passageiro. As rotas e frequências foram definidas preferencialmente para cidades não atendidas pela aviação regular.

“O acesso à maioria dos destinos é feita a partir de Teófilo Otoni ou Governador Valadares (Vale do Rio Doce). A retomada do voo de Belo Horizonte para Teófilo Otoni já se mostrou um sucesso e deixou claro a demanda reprimida existente. Existe um grande potencial turístico tanto de negócios como de lazer na nossa região e facilitar o acesso é determinante para que esse destino se consolide”, afirma o gestor.

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