No mercado mundial, o quilate da opala bruta extra atinge preços até US$20.000,00 o quilate.
Nas veredas fechadas de sertão picado, o trajeto termina em espinhos. O Boi Morto, mina de opala, pedra preciosa dezenas de vezes mais rara que o diamante, multicolorida, está ali, talvez a 300 metros, mas por ali não se chega até ela. O caminho alternativo possível é pesado e só se consegue fazê-lo de moto ou jegue. Exige habilidade e intimidade de rali. A moto tombou uma vez na areia fina, branca e fofa, que aumenta o calor. Em seguida, a areia me jogou para cima de um dos galhos finos cheios de espinhos. Minha calça jeans rasgou e meus pés assaram. A claridade criava ilusões óticas, como a própria opala, quando, então, nas descidas do trajeto pudemos ver o horizonte da Serra dos Matões.
Ela fica no município de Pedro II, um braço de estrada que vai para lugar nenhum, na serra, a 41 km de Piripiri e a 195 quilômetros de Teresina. Lá se pode encontrar a beleza rara das opalas e 100% da população com esgoto inadequado, 91% com abastecimento de água impróprio e 62,5% dos chefes de família com menos de 1 ano de estudo, conta o IBGE. Na terra das preciosas opalas, o censo indicava que 86% das crianças viviam, em 1991, em domicílios com renda mensal equivalente a 83 dólares da época. Em reais de hoje, não chegam a 250.
A conquista da opala sempre envolveu forças contrárias, desde a própria formação geológica. Os perigos para se obtê-la são equivalentes à sedução que ela provoca. Houve um tempo, depois da febre da pedra na década de 70, que se dizia em Pedro II que a opala trazia má sorte. Todos de lá se livraram das suas. Talvez porque os garimpeiros “baburravam” – ganhavam dinheiro de garimpo, que depois perdiam no jogo ou deixavam nos bordéis. Muitos morriam a faca, tantas as brigas e as ambições. O próprio trajeto tratou de enxugar a demanda. Os acidentes no Boi Morto são lendários. Mas foi com uma enxada, na década de 40, que um lavrador encontrou, em plena superfície, a primeira pedra da serra. Mais de 60 anos depois, ela já não é tão fácil de encontrar. Mas continua a gerar polêmica, confusão e a seduzir com seu brilho.
As opalas existem em quatro ou cinco países, mas Austrália e Brasil se destacam no mercado. Na maioria dos lugares em que é encontrada, predomina a variedade semi-preciosa, que se assemelha a citrinos e quartzos coloridos. As de Pedro II são preciosas, das variedades branca e negra. As mais raras, pela cor e dureza, multicoloridas e belíssimas, seriam completamente diferentes das demais, não tivessem a mesma estrutura geomórfica. Próximas da perfeição, são consideradas as melhores do mundo, não só pela explosão de cores, que mudam de acordo com o jogo de olho, mas pela dureza, que se aproxima à do diamante – material mais resistente do planeta. Para quem trabalha com jóias, essa qualidade é fundamental. De outra maneira fissuram na extração ou no cunho das peças. As melhores são chamadas de opalas extra: a estrutura interna da pedra decompõe a luz do sol em um espectro do arco-íris. No mercado mundial, o quilate da opala bruta extra atinge preços superiores aos do diamante, podendo chegar a U$20.000 o quilate. Dá 241 vezes a renda mensal da maioria da população.
Em Pedro II os garimpos foram pouco explorados, a reserva de opalas nobres em PedroII é a maior do mundo, porque na Austrália a opala está prestes a acabar, o que torna a opala mais valiosa ainda, por isso é muito comum encontrar garimpeiros extrangeiros, chineses, americanos, Australianos etc. que compram a opala barata nos garimpos da região e revendem por 200 vezes mais nos seus países. São poucos os brasileiros que trabalham com opala para revender, talvez a falta de conhecimento das gemas e por tabu, "trabalhar com gemas é para garimpeiros pobres" isso eles escutam dos pais desde que nascem, diferente dos estrangeiros que escutam o contrário, e são estimulados a trabalhar com pedras preciosas e geralmente ficam ricos.
O jogo de cores da opala era um mistério até pouco tempo. Recentemente os geólogos descobriram que a raridade dessa variedade de Pedro II tem explicação científica. Para que ocorra a ilusão de cores é preciso que as esferas de sílica, que formam microscopicamente a estrutura da pedra, sejam rigorosamente iguais em volume, tamanho e forma - mas apenas com o diâmetro entre 222 e 329 milímetros - e estejam alinhadas como uma seqüência de moléculas perfeitas. Situação raríssima que é encontrada em Pedro II.
O município de Pedro II está localizado exatamente sobre o que os geólogos chamam de Lineamento Transbrasiliano – uma antiga falha geológica que corta a América do Sul em dois. A fissura alcança a base da crosta terrestre, mas não tem saída para cima. Na falha onde se formou o oceano Atlântico, o magma se chocou com a água, criando uma pressão tão grande entre forças opostas que, sem saída, o material viscoso endureceu há 100 milhões de anos, formando os veios da opala piauiense. As próprias pedras, jamais iguais umas às outras, parecem conter um mar de fogo.
Ela fica no município de Pedro II, um braço de estrada que vai para lugar nenhum, na serra, a 41 km de Piripiri e a 195 quilômetros de Teresina. Lá se pode encontrar a beleza rara das opalas e 100% da população com esgoto inadequado, 91% com abastecimento de água impróprio e 62,5% dos chefes de família com menos de 1 ano de estudo, conta o IBGE. Na terra das preciosas opalas, o censo indicava que 86% das crianças viviam, em 1991, em domicílios com renda mensal equivalente a 83 dólares da época. Em reais de hoje, não chegam a 250.
A conquista da opala sempre envolveu forças contrárias, desde a própria formação geológica. Os perigos para se obtê-la são equivalentes à sedução que ela provoca. Houve um tempo, depois da febre da pedra na década de 70, que se dizia em Pedro II que a opala trazia má sorte. Todos de lá se livraram das suas. Talvez porque os garimpeiros “baburravam” – ganhavam dinheiro de garimpo, que depois perdiam no jogo ou deixavam nos bordéis. Muitos morriam a faca, tantas as brigas e as ambições. O próprio trajeto tratou de enxugar a demanda. Os acidentes no Boi Morto são lendários. Mas foi com uma enxada, na década de 40, que um lavrador encontrou, em plena superfície, a primeira pedra da serra. Mais de 60 anos depois, ela já não é tão fácil de encontrar. Mas continua a gerar polêmica, confusão e a seduzir com seu brilho.
As opalas existem em quatro ou cinco países, mas Austrália e Brasil se destacam no mercado. Na maioria dos lugares em que é encontrada, predomina a variedade semi-preciosa, que se assemelha a citrinos e quartzos coloridos. As de Pedro II são preciosas, das variedades branca e negra. As mais raras, pela cor e dureza, multicoloridas e belíssimas, seriam completamente diferentes das demais, não tivessem a mesma estrutura geomórfica. Próximas da perfeição, são consideradas as melhores do mundo, não só pela explosão de cores, que mudam de acordo com o jogo de olho, mas pela dureza, que se aproxima à do diamante – material mais resistente do planeta. Para quem trabalha com jóias, essa qualidade é fundamental. De outra maneira fissuram na extração ou no cunho das peças. As melhores são chamadas de opalas extra: a estrutura interna da pedra decompõe a luz do sol em um espectro do arco-íris. No mercado mundial, o quilate da opala bruta extra atinge preços superiores aos do diamante, podendo chegar a U$20.000 o quilate. Dá 241 vezes a renda mensal da maioria da população.
Em Pedro II os garimpos foram pouco explorados, a reserva de opalas nobres em PedroII é a maior do mundo, porque na Austrália a opala está prestes a acabar, o que torna a opala mais valiosa ainda, por isso é muito comum encontrar garimpeiros extrangeiros, chineses, americanos, Australianos etc. que compram a opala barata nos garimpos da região e revendem por 200 vezes mais nos seus países. São poucos os brasileiros que trabalham com opala para revender, talvez a falta de conhecimento das gemas e por tabu, "trabalhar com gemas é para garimpeiros pobres" isso eles escutam dos pais desde que nascem, diferente dos estrangeiros que escutam o contrário, e são estimulados a trabalhar com pedras preciosas e geralmente ficam ricos.
O jogo de cores da opala era um mistério até pouco tempo. Recentemente os geólogos descobriram que a raridade dessa variedade de Pedro II tem explicação científica. Para que ocorra a ilusão de cores é preciso que as esferas de sílica, que formam microscopicamente a estrutura da pedra, sejam rigorosamente iguais em volume, tamanho e forma - mas apenas com o diâmetro entre 222 e 329 milímetros - e estejam alinhadas como uma seqüência de moléculas perfeitas. Situação raríssima que é encontrada em Pedro II.
O município de Pedro II está localizado exatamente sobre o que os geólogos chamam de Lineamento Transbrasiliano – uma antiga falha geológica que corta a América do Sul em dois. A fissura alcança a base da crosta terrestre, mas não tem saída para cima. Na falha onde se formou o oceano Atlântico, o magma se chocou com a água, criando uma pressão tão grande entre forças opostas que, sem saída, o material viscoso endureceu há 100 milhões de anos, formando os veios da opala piauiense. As próprias pedras, jamais iguais umas às outras, parecem conter um mar de fogo.
O primeiro registro da pedra no mundo se deu na Hungria, 100 anos depois de Cristo. O nome deriva da palavra upala, um termo sânscrito que significa Pedra Preciosa, no sentido absoluto: a preciosidade que pode ser tocada. Os árabes acreditavam que as opalas caíam do céu nos flashes dos relâmpagos e adquiriam sua cor maravilhosa. Já os romanos acreditavam que a pedra era símbolo de esperança e pureza. Segundo a mitologia, quando terminou o universo, Deus raspou todas as cores de sua paleta e criou a opala.
O veio conhecido da opala piauiense está exaurido. A Mina do Boi Morto, desativada. É cada vez mais difícil encontrar boas opalas. Os velhos garimpeiros, ainda conseguem achar uma ou outra. Mas não é nada fácil achá-los, metidos pelos sertões. É preciso sair campeando o interior vários dias para encontrar um deles. E dar sorte de encontrar um que tenha uma pedra no bolso.
Na terra, só indo fundo, para além dos veios conhecidos e de onde conseguem chegar os garimpeiros tradicionais, por mais turrões. Pode ser que nunca mais encontrem outros veios. Mas os geólogos que conhecem bem os caprichos das opalas insistem: elas existem em toda aquela falha geológica, pois é o mesmo solo, rico em sílica. O perigo é que se encontrarem novas ocorrências, elas não serão garimpadas a enxada, nem por garimpeiros locais, daqueles que usavam a receita das pedras para “baburrar” e iam para a mina em lombo de mula. Seria garimpo técnico, profissional e voltado para o lucro em escala. Coitada da Serra dos Matões.
De natureza contraditória, a opala do Piauí é mesmo mentira e verdade. Sonho e pedra, o impossível possível.
Muito boa sua pesquisa sobre as opalas
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