quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DISPERSÃO

DISPERSÃO 



O fenômeno conhecido como dispersão consiste na decomposição da luz branca nas cores do arco-íris, ao atravessar um material transparente (uma gema, por exemplo) em ângulo oblíquo.

Esta propriedade é responsável pelo efeito cromático popularmente denominado fogo, que as gemas - sobretudo as lapidadas - podem apresentar.  Em algumas, nas quais a decomposição é especialmente generosa, ocorre um soberbo desdobramento das cores do espectro.
O fogo é mais facilmente perceptível nas gemas incolores, permanecendo relativamente disfarçado nas coloridas. Nestas, normalmente são preferíveis tons um pouco mais claros que os usualmente ideais, de forma a realçar o fenômeno. As proporções da gema lapidada também exercem influência na percepção do fenômeno, à medida que coroas (parte superior da pedra lapidada) altas acentuam o efeito e baixas o minimizam.
Os valores da dispersão das gemas são constantes, se encontram em tabelas na literatura técnica e podem ser determinados por meio de equipamentos apropriados. Na rotina diária dos laboratórios gemológicos, no entanto, a mensuração não é efetuada, sendo esta propriedade apenas observada a olho nú, sem auxílio de quaisquer instrumentos, sobretudo ao girar a gema, preferencialmente com a mesa para baixo.
A granada demantóide, o esfênio e a esfalerita, também conhecida como blenda, são exemplos clássicos de gemas coradas com forte dispersão.
Entre as incolores, o caso do diamante é emblemático: nele, o fogo é um dos atributos de maior apelo visual, permitindo inclusive diferí-lo de alguns de seus substitutos. É consensual o fato de que o êxito ou insucesso de um material gemológico como substituto do diamante depende, em grande extensão, do quanto a ele se assemelha no que diz respeito a esta propriedade.
foto: reprodução
Rutilo sintético (exemplo de material gemológico com forte dispersão)
Lembremos os casos do rutilo sintético e do titanato de estrôncio (mais conhecido como fabulita), lançados no mercado como substitutos do diamante, em 1948 e 1953, respectivamente. Embora suas dispersões fossem notavelmente maiores que a do diamante, resultando em pedras demasiadamente fantasiosas e não suficientemente convincentes, foram durante algum tempo muito populares e ainda hoje eventualmente os vemos.
Aproximadamente duas décadas depois, em 1969, surge outro importante substituto do diamante, o YAG (aluminato de ítrio), mas este, pelo contrário, possuía uma dispersão visivelmente menor e tampouco era suficientemente convincente como imitação.
O grande impacto ocorreu em 1976, com a chegada ao mercado da zircônia cúbica, dotada de dispersão algo maior que a do diamante, porém não tão óbvia quanto as do rutilo sintético e do titanato de estrôncio. Por conta desta e de outras qualidades intrínsecas, a zircônia cúbica tornou-se o mais eficaz substituto do diamante, permanecendo com este status por mais de duas décadas, durante as quais ocorreu um progressivo aumento da escala de produção e consequente redução significativa do custo final.
Novo alento atingiu o mercado de substitutos do diamante com o aparecimento da moissanita sintética, em 1997. Produzida originalmente para fins tecnológicos, como praticamente todos os outros substitutos, este sintético logrou suplantar parte das qualidades da zircônia cúbica por possuir algumas propriedades ainda mais próximas às do diamante. Sua dispersão é superior às do diamante e da zircônia cúbica e evidente, porém não exagerada. Em 2008, continua tendo um custo muito elevado se comparado à zircônia cúbica e é obtida também nas cores verde, verde azulada e amarela, nos EUA e Rússia.

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