Garimpando ganhos
Investir em diamantes pode até dobrar o capital. Saiba como aproveitar as oportunidades com a primeira bolsa especializada nessa pedra na América Latina
Ali Pastorini, da Del Lima: “Antes, eu tinha de comprar as pedras na China. Hoje elas estão a apenas oito horas de viagem” ( foto: Pedro Dias)
Os diamantes são os melhores amigos da mulher, já dizia a atriz americana Marilyn Monroe. Para a designer gaúcha Ali Pastorini, proprietária do ateliê de joias Del Lima, eles são fonte de lucro e, também, de um dia a dia sacrificado. A cada seis meses, ela enfrentava jornadas de até 60 horas, entre viagens de avião e longas esperas em salas de embarque, para comprar sua principal matéria-prima, vendida em Hong Kong e Dubai. O custo das viagens e as taxas de importação tornavam o negócio oneroso. Desde julho, porém, as horas de voo diminuíram bastante.
Agora, a empresária compra suas gemas no Panamá, reduzindo os gastos com deslocamento e, melhor ainda, pagando menos impostos. Ela tem negociado suas pedras na Panamá Diamond Exchange (PDE), primeira bolsa de diamantes da América Latina. A PDE, que abrirá oficialmente em janeiro de 2017, foi criada por meio de uma parceria entre empresários do setor de joias e o governo panamenho, com investimentos de US$ 200 milhões. A bolsa reúne fisicamente compradores e vendedores em um mesmo local. Como os diamantes são muitos e diferentes entre si, e sua cotação varia em função do tamanho, pureza e procedência, a bolsa também publica cotações e informações sobre as pedras na internet.
Para negociar ali, é necessário obter uma licença, que deve ser retirada pessoalmente. A relativa proximidade geográfica com o Brasil e o fato de a bolsa estar localizada em uma zona franca, livre de impostos, portanto, beneficia diretamente negociantes e investidores brasileiros. “A maior dificuldade de quem trabalha com diamantes é achar pedras que tenham procedência registrada e bons preços, e isso só era possível indo à China ou aos Emirados Árabes”, diz Ali. A empresária compra diamantes polidos para produzir suas joias – que levam também ouro, rubis e esmeraldas – e as revende para clientes endinheirados dos Estados Unidos e Emirados Árabes.
Apesar de não revelar o faturamento, ela revela que a rentabilidade de sua empresa aumentou nos últimos meses em função da redução de gastos e taxas. “Eu chegava a pagar até 20% de impostos quando comprava em Dubai, dependendo do estado das peças”, diz. Atualmente, ela paga somente o imposto de importação no Brasil, que pode variar entre 10% e 45%. Com a abertura da bolsa, será possível a investidores de alto poder aquisitivo e apetite por diversificação comprarem e venderem pedras, aproveitando-se da perspectiva de alta de preços.
O mercado de joias na América Latina é avaliado em US$ 8 bilhões, sendo que a metade desse total vem da negociação de diamantes. Somados, Brasil e México, que são os maiores mercados, respondem por US$ 1 bilhão. Não por acaso, o foco da bolsa é atrair investidores brasileiros como a gaúcha Ali, diz o israelense Eli Izhakoff, presidente da PDE (leia ao lado). Apesar de não ser um investimento popular, os diamantes estão se tornando uma opção rentável. “As pedras são um ativo de baixa volatilidade e a demanda está crescendo rapidamente em mercados como Ásia, Oriente Médio e América Latina”, diz Izhakoff.
A maior facilidade trazida pela bolsa para a compra não isenta o investidor de alguns cuidados. A primeira orientação é obter informações sobre as características e o mercado das pedras antes de adquiri-las. “A procedência pode fazer toda a diferença na hora da venda”, diz Ali. Outro ponto importante é o estágio de processamento da pedra. “Entre o garimpo e a joalheria, um diamante passa por seis etapas e os investidores podem comprá-los em qualquer uma delas”, diz Izhakoff. Na fase de exploração e mineração, o retorno pode chegar a 20%.
Quando está em uma joia, o rendimento pode ser de até 100%. Para formar o preço médio do quilate são utilizados fatores como a origem da pedra e o grau de pureza. No site do Serviço Geológico do Brasil, um quilate, unidade de 0,2 grama de diamante, pode alcançar até US$ 63 mil. Apesar das possibilidades de um bom retorno, é preciso ter claro que os diamantes não possuem tanta liquidez quanto as ações. A maior ou menor facilidade para vendê-los vai depender do momento do mercado. A procura por diamantes tem aumentado e isso pode justificar a aposta nesse tipo de investimento. Segundo o consultor em finanças Augusto Saboia, a principal vantagem desse tipo de investimento é a possibilidade de valorização em épocas de expansão do mercado.
“Em momentos de turbulência, os diamantes são uma reserva de valor, da mesma forma que o ouro, com a vantagem de ocupar menos espaço físico”, afirma Saboia. Para Saboia, entre as desvantagens de se investir na pedra está a baixa liquidez em épocas de retração. “Além disso, segurança, transporte e conservação devem ser levados em conta”, diz o consultor. Para não ficar tão exposto às oscilações do diamante, Izhakoff diz que o investidor deve priorizar o mercado de varejo, ou seja, adquirir o diamante em fase finalizada, já lapidado e pronto para ser montado em uma joia, por exemplo.
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ELI IZHAKOFF
O presidente da Panama Diamond Exchange fala à DINHEIRO sobre as oportunidades para investidores
Onde estão as maiores bolsas de diamantes em todo o mundo?
Existem 30 bolsas de diamante. Os maiores centros comerciais para a pedra são os de Nova York, Antuérpia, na Bélgica, Ramat Gan, em Israel, e Dubai, nos Emirados Árabes.
Existem 30 bolsas de diamante. Os maiores centros comerciais para a pedra são os de Nova York, Antuérpia, na Bélgica, Ramat Gan, em Israel, e Dubai, nos Emirados Árabes.
Qual é o potencial brasileiro para o mercado de diamantes?
O mercado de joias da América Latina movimenta US$ 8 bilhões, dos quais cerca de 50% são de diamantes. Brasil e México respondem por US$ 1 bilhão por ano em diamantes. Até 2019, o mercado de varejo vai chegar a US$ 2 bilhões.
O mercado de joias da América Latina movimenta US$ 8 bilhões, dos quais cerca de 50% são de diamantes. Brasil e México respondem por US$ 1 bilhão por ano em diamantes. Até 2019, o mercado de varejo vai chegar a US$ 2 bilhões.
Como os investidores brasileiros podem ter retorno com diamantes?
O uso de diamantes como um mecanismo de investimento está crescendo. Eles são vistos como uma forma de investimento estável e com baixa volatilidade. Além disso, o retorno sobre os diamantes durante o prazo imediato é mais positivo por causa do rápido crescimento da demanda.
O uso de diamantes como um mecanismo de investimento está crescendo. Eles são vistos como uma forma de investimento estável e com baixa volatilidade. Além disso, o retorno sobre os diamantes durante o prazo imediato é mais positivo por causa do rápido crescimento da demanda.
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