Identificações erradas e fraudes em gemas
Uma fraude clássica é a colagem de cristais de diamante e/ou de pequenos grãos de ouro no conglomerado, que são vendidas para colecionadores incautos ou para turistas como sendo peças naturais. Abaixo temos um exemplo típico – a primeira foto mostra a peça inteira, e as demais as montagens em detalhe. Ao clicar nas fotos, elas poderão ser visualizadas em tamanho maior.
Conglomerado com ouro e diamante colado
Detalhe do diamante colado
Ouro colado em destaque
Tanto o diamante como o ouro são encontrados naturalmente nos conglomerados na região da Serra do Espinhaço e adjacências, que se estende do centro ao norte de Minas Gerais. São rochas metamórficas muito antigas, com mais de 1 bilhão de anos de idade, que contêm o resultado da erosão de rochas pré-existentes, inclusive kimberlitos, gerando rochas sedimentares que continham os diamantes, essas rochas desceram na crosta terrestre, e por ação de alta pressão e temperatura se transformaram em rochas metamórficas (quartzitos e meta-conglomerados); essas camadas voltaram posteriormente a se elevar, chegaram de volta à superfície e foram então novamente erodidas, liberando os diamantes e o ouro (que não se originou em kimberlitos mas em outras rochas que sofreram o mesmo processo de erosão, transporte e metamorfização), gerando os ricos depósitos aluvionares que foram descobertos e intensivamente explorados nos séculos XVII e XVIII. Na foto abaixo vemos uma excelente amostra de diamante – um cristal natural, com ótima transparência.
Cristal perfeito de diamante
É, portanto, possível encontrar grãos de ouro e/ou de diamante dentro dos conglomerados, mas devido ao colossal volume dessas rochas a chance de se encontrar a olho nu uma dessas amostras mineralizadas é extremamente baixa. Em nenhum garimpo nem em nenhuma mina industrial se tenta ver um ouro ou diamante na matriz, nos garimpos não se desagrega o conglomerado mas sim é processada rocha naturalmente desagregada, e nenhuma amostra é manuseada, o material é concentrado em bateias ou em “jigues” e o ouro e o diamante são concentrados gravimetricamente, os grãos que estiverem dentro do conglomerado vão ser certamente descartados junto com o rejeito da mina. Alguém pode até encontrar uma amostra nesses rejeitos, mas a chance é tão pequena que essas amostras legítimas deveriam ser extremamente raras.
Conglomerado com diamante colado
Mas não é isso que acontece, existem em Diamantina e outras cidades da região verdadeiras linhas de montagem de ouro e diamantes nos conglomerados; alguns “artistas” (do mal!) colocam algumas vezes dois ou até mais cristais de diamante num mesmo conglomerado, ou então um cristal de diamante e ou grão de ouro, o que seria uma quase impossibilidade estatística de ser encontrado naturalmente. São peças, na minha opinião, desprovidas de qualquer valor, e não merecem pertencer a coleções de minerais sérias.
Diamante colado em conglomerado
No último show de Tucson um comerciante americano tinha uma mesa cheia dessas amostras, com certeza (devido à quantidade) todas são fraudadas; um comerciante de Governador Valadares também adquiriu há poucos meses várias dezenas de peças, certamente também nenhuma é legítima.
Prezado assinante, caso você tenha uma peça dessas na sua coleção pode ter certeza de que ela deve ter sido montada. Recomendamos que ninguém compre esse tipo de material.