O comércio
16As atividades de comércio incluem o conjunto das operações ligadas à compra e venda de pedras de cor, brutas ou lapidadas, sem um objetivo de tranformação suplementar. Duas formas de comércio se destacam: a corretagem, que faz o papel intermediário entre o vendedor e o comprador em troca de um porcentagem da venda; e o comércio clássico, que consiste na compra do produto, estocá-lo e vendê-lo. Mas uma terceira forma de comércio poderia ser tambem integrada: aquela onde as próprias empresas mineradoras se encarregam de exportar diretamente sua produção, sem passar por intermediários.
17Os corretores exercem suas atividades de maneira informal na rua. É na rua também que se faz contatos profissionais e se troca informações sobre o mercado. Nas zonas rurais da região são geralmente os postos de gasolina que muitas vezes servem de endereço dessas trocas comerciais, mas o local pode variar. Em Araçuaí, por exemplo, os bares atrás da estação rodoviária têm esta função. Nas maiores cidades da região, os pontos de encontro se localizam à proximidade dos centros urbanos, próximo a sedes das principais empresas mineradoras e de comércio de gemas do nordeste de Minas Gerais. Em Governador Valadares os corretores podem ser encontrados no cruzamento das ruas Peçanha e Afonso Pena, local conhecido como “esquina dos aflitos”, onde uma mesa é posta em frente a um bar e cerca de vinte pessoas se sentam sobre cadeiras de plástico encostadas a um muro que lhes faz sombra. Em Teófilo Otoni, pelo menos uma centena de comerciantes costuma ocupar a principal praça da cidade diariamente, fazendo do lugar provavelmente o maior centro de trocas informais de pedras do país. A constante presença dos corretores e a maneira desordenada e, às vezes, insistente com que abordam os raros clientes em potencial pode dar uma imagem um pouco agressiva do negócio, muitas vezes mais exagerada do que é na realidade.
18Muitas vezes, atores que se apresentam como corretores podem também vender mercadorias próprias, aproximando-se do papel de comerciante clássico, mas sem loja física para exercer a profissão. A maioria deles mantém suas pedras guardadas em pochetes ou bolsas, mas há quem exponha os produtos em mesas, o que pode dar à praça de Teófilo Otoni uma imagem de feira de pedras para quem vem do exterior. Se o número de corretores perambulando na praça ainda é grande, o número de clientes estrangeiros está em constante diminuição, segundo os atores locais. Por isso, muitos vendedores de pedras passaram a ter outras profissões, como cantor de bar, pintor de prédio, etc, além daqueles que já beneficiam de uma aposentadoria. A falta de clientes faz com que uma grande parte das pedras acabe circulando apenas nas mãos dos próprios corretores. Entretanto, alguns deles percorrem o país inteiro comprando a mercadoria nas áreas rurais da região ou do nordeste do país, vendendo-a posteriormente em Teófilo Otoni, plataforma da corretagem do país, ou ainda nas grandes cidades do sudeste brasileiro.
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