quinta-feira, 22 de setembro de 2016

PLEOCROÍSMO 1ª parte


PLEOCROÍSMO 
1ª parte 


O termo pleocroísmo deriva das palavras gregas “pleion” e “chros” que significam, respectivamente, mais e cor. Define-se esta importante propriedade óptica como a variação das cores ou tons de determinadas gemas segundo a direção de observação, devido à absorção seletiva da luz em diferentes direções cristalográficas.
Apenas as gemas birrefringentes podem apresentar pleocroísmo e este pode ser observado somente em exemplares transparentes, translúcidos e, em raras vezes, nas bordas translúcidas de espécimes opacos.As gemas pleocróicas que exibem duas cores são ditas dicróicas (minerais que cristalizam nos sistemas trigonal, tetragonal e hexagonal), enquanto as que mostram três são denominadas tricróicas (minerais que cristalizam nos sistemas ortorrômbico, monoclínico e triclínico).
Este fenômeno normalmente não é detectado a olho nú, a não ser que as gemas sejam intensamente pleocróicas; neste caso, ao girar-se o exemplar em várias direções, consegue-se ver as diferentes cores ou tons.

Dicroísmo detectado a olho nú em turmalina - (Fotos: Terri Weimer)
O mero fato de detectar-se o pleocroísmo em uma gema assegura ao observador que se trata de uma gema birrefringente e, portanto, não de um vidro ou de um mineral do sistema cúbico.
A observação desta propriedade tem grande valia na identificação de gemas, principalmente por poder ser detectada em exemplares brutos ou lapidados, soltos ou cravados.
Costumam apresentar pleocroísmo forte ou acentuado, entre outras, as seguintes gemas:
- Turmalina: dois tons do matiz fundamental.
- Kunzita: rosa, lilás e incolor.
- Iolita (designação gemológica do mineral cordierita, também conhecida como safira d´água): azul, violeta e amarelo amarronzado.
- Tanzanita (designação gemológica da variedade azul-violácea do mineral zoisita): azul escuro, violeta e amarela esverdeada.
Pleocroísmo detectado a olho nú em tanzanita (42,32 ct)
(Fotos: John Betts)
- Andaluzita: verde-oliva, marrom avermelhada e amarela.
- Alexandrita: verde, púrpura e alaranjada.
- Esmeralda: verde amarelada e verde azulada.
- Água-marinha: azul de tonalidade mais intensa que a do exemplar e quase incolor.
- Rubi: vermelha amarelada clara e vermelha-carmim escura.
- Safira: dois tons da cor fundamental.

Exemplos práticos nos quais a averiguação do pleocroísmo é de grande utilidade são, entre outros, a distinção do rubi (dicróico) dos minerais do grupo das granadas (não apresentam pleocroísmo, por cristalizarem no sistema cúbico), e a separação da água-marinha (dicróica) de alguns de seus substitutos azuis, tais como espinélio sintético (cristaliza no sistema cúbico, ainda que costume exibir birrefringência anômala) e vidro artificial (amorfo).
O pleocroísmo tem importância não apenas no diagnóstico das gemas, mas também no que se refere à sua lapidação, com o intuito de evitar matizes menos atraentes ou tons que sejam muito escuros ou muito claros.
Assim sendo, o lapidário, de modo empírico, sabe como orientar uma gema bruta durante o processo de lapidação, levando em conta esta propriedade, de modo a posicionar a faceta principal (mesa) na direção mais adequada, seja para alcançar uma tonalidade mais intensa (ex: água-marinha) ou mais clara (ex: turmalinas ou safiras de tons muito escuros).
É importante salientar que a ausência de dicroísmo detectável não significa que a gema tenha refração simples, assim como o fato dela apresentar pleocroísmo intenso não guardar relação direta com a magnitude de sua birrefringência.

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