Rara no mundo, exploração de opala emprega mais de 1.500 pessoas no PI
'Retirada do mineral é importante para o desenvolvimento', diz APL.
Extração da pedra é importante para econômia e cultura, afirma prefeita.
Material retirado do solo e descartado após lavagem ainda contém opalas (Foto: Pedro Santiago/G1)
A cidade de Pedro II, a 195 quilômetros de Teresina, é um dos dois locais no mundo onde é encontrada a opala de alta qualidade, uma pedra semipreciosa muito utilizada na confecção de joias. O garimpo, beneficiamento, lapidação e venda da opala emprega diretamente cerca de 1.500 pessoas na cidade, que tem uma população de pouco mais de 37 mil habitantes.
Raio X da Opala (Foto: Editoria de Arte/G1)
A opala pode ser de diversas cores: branca, incolor, azul-leitosa, vermelha, amarela, cinza, verde, marrom e preta. Segundo Antônio Sepúlveda Almendra, 45 anos, presidente da Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II, Algumas pedras emitem até sete cores e essas são as mais valiosas, podendo chegar até R$ 180,00, um grama. Ainda de acordo com ele, o material extraído das minas é comprado pela cooperativa, que vende as pedras para as joalherias da cidade.Antônio Sepúlveda Almendra conta que a situação do garimpeiro já foi pior, mas tem melhorado com o conhecimento adquirido e a inserção de máquinas no garimpo. “Antes eles não tinham um acompanhamento, orientação, trabalhavam irregulares e ainda corriam riscos. Queremos mecanizar o processo de extração da Opala, diminuindo o trabalho dos garimpeiros e aumentando a sua renda, para isso, já temos uma máquina que lava a terra, separando as pedras e areia, da opala”, explica.
Trabalhando na extração da Opala há 26 anos, Antônio Gonçalves, de 51 anos, conta que ainda existe muita Opala em Pedro II. “Eu acredito que ainda têm muitas pedras aqui nesse solo. Somos muitos garimpeiros, mas ainda tem lugar para outros”, diz ele, que já achou uma pedra de 1,7 quilo. “Vendi a R$ 100,00 o grama, o valor total chegou a cerda de R$ 170 mil. O dinheiro foi dividido entre a cooperativa, o dono da terra, eu e outros sócios” relata.
Francisco da Costa Silva, 38 anos, é outro garimpeiro que há mais de duas décadas lava a terra atrás do seu sustento. “Eu gosto do meu trabalho, tanto é que estou aqui em uma sexta-feira (31) enforcada. O rendimento não é dos melhores, mas a gente vende por semana uma média de R$ 200, R$ 250, mas isso varia. Tem dias ruins e bons”, diz.
A movimentação da economia meche de forma tal com a economia do município que existe hoje uma entidade que trabalha para consolidar a cadeia produtivada pedra em Pedro II e cidades vizinhas. A palavra é integração, afirma Marcelo Moraes, coordenador do Arranjo Produtivo Local.
“Nossa cidade foi abençoada por seu clima ameno e a farta disponibilidade de Opala em nossas terras. Hoje trabalhamos com a pesquisa mineral, lavra, design, joalheria e até a inclusão social. A gestão da exploração da Opala é fundamental para o desenvolvimento da cidade”, diz Marcelo.
A prefeita de Pedro II, Neuma Café, afirma que a importância da opala transcende o fator econômico. “Tem uma importância econômica fundamental, além da cultural com a divulgação do nome da cidade. Falar em opala no mundo é falar em Pedro II. Antigamente, a opala era quase traficada. Chegavam, pegavam e levavam de forma clandestina. Agora existe uma cadeia produtiva bem definida”, diz a gestora.
Marcelo Moraes conta que a exploração da pedra está também integrada a prática do turismo, que cresceu bastante na cidade desde a criação do Festival de Inverno de Pedro II, evento que traz grande nomes da música brasiliera para shows em praça pública.
"Queremos que a pessoa venha a nossa cidade, aproveite nosso clima, nossa hospitalidade, que conheça nossas cachoeiras, o Morro do Gritador e que também compre nossas joias e conheça as minas de Opala. Está tudo conectado e quam ganha com isso é a população", finaliza Marcelo.
Lapidação é uma das atividades desenvolvidas dentro da cadeia de exploração da opala (Foto: Anay Cury/G1)
RejeitoMas nem tudo são flores na cadeia produtiva da Opala. Mais de 40 anos de produção desenfreada produziram cerca de 10 milhões de metros cúbicos de rejeito, material retirado do solo e descartado após lavagem.
A Mina do Boi Morto, na Zona rural da cidade, dá uma medida dessa fatura. São morros cortados, cavados, revolvidos que estão lá ameaçando o equilíbrio da natureza. Atenta a esse problema, que poderia inviabilizar a atividade, a APL desenvolveu um plano ambiental que aproveita o rejeito em dois estágios.
“Esse material descartado ainda tem muita opala, tanto é que os garimpeiros trabalham nele todos os dias. Depois desse aproveitamento, a terra descartada será utilizada para fazer tijolos ecológicos. Já estamos aplicando isso aqui no Boi Morto”, conta Marcelo Moraes.
Plano ambiental da Mina do Boi Morto, na Zona rural da cidade (Foto: Pedro Santiago/G1)
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