domingo, 16 de outubro de 2016

Tanzanita – A Pedra da Morte

Tanzanita – A Pedra da Morte

No norte da Tanzânia, aos pés da maior montanha africana, a extração de uma pedra mil vezes mais rara que o diamante expõe as chagas do colonialismo em pleno século XXI.
            A morte ronda as minas e as colore de azul intenso. Tanzanita, uma pedra azul, considerada a mais requintada gema preciosa do mundo. Ela é encontrada em um único ponto do globo, numa estreita faixa de 5 quilômetros aos pés do Monte Kilimanjaro.
            Seduzidos pelos recursos que acreditam arrecadar com a pedra azul, mais de 100 mil homens aglomeram-se nas poucas centenas de casas de Mererani. Diante da alta rentabilidade da pedra (1 quilate chega a valer 2 mil dólares) e do curto prazo de suas reservas, os mineiros fazem de tudo para suportar as condições desgastantes abaixo da terra. Como algumas galerias chegam a mil metros de profundidade, eles são obrigados a respirar ar comprimido.
            A ausência de água corrente e potável torna ainda maior o desafio da sobrevivência em Mererani. As ruas são parcamente pavimentadas, onde se espalham bares sujos e barracas de vendedores. Muitos mineiros dormem na rua, já que as casas de madiera existentes não dão conta de tanta gente. O descaso com o saneamento resulta num elevado número de mortes por doenças como a tifo ou a cólera.
            Os mineiros, chamados de wanaapolos, em sua maioria são jovens vindos de toda a Tanzânia. Abrem minas clandestinas fora do perímetro oficial e raramente encontram algum mineral de valor. Estimulam o contrabando e, na maioria das vezes matam-se por nada, já que o lucro costuma ficar com empresas estrangeiras que detêm o direito de exploração da maior parte dos blocos. No final da década de 1960, Henry B. Platt, ex- vice presidente da Tiffany & Co., uma das mais luxuosas joalherias do mundo se deu conta do valor que a pedra poderia alcançar no mercado, vendendo pioneiramente em Nova York.
            Os lideres do povo masai contestam pelo fato de não receberem nenhuma compensação financeira pelas pedras retiradas de suas terras, mas em um bloco, um masai chamado Papa King, fez fortuna com a pedra.
            Na outra ponta da história estão os endinheirados pescoços das damas dos países ricos, onde um colar de tanzanita chega a custar 115 mil dólares e os Estados Unidos são os maiores compradores. No entanto, a tanzanita não proporcionou nenhum tipo de requinte social em seu país de origem. Apenas 5% do valor comercializado é repassado ao governo da Tanzânia que perde grandes divisas com o contrabando da tanzanita.
Fonte: Revista Os Caminhos da Terra.

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