segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Papéis da Vale mantêm boas perspectivas para 2017

Papéis da Vale mantêm boas perspectivas para 2017

O desempenho das ações da Vale chama a atenção de qualquer investidor. No ano, os papéis da mineradora brasileira acumulam um salto superior a 150%, tendo retornado a valores que não eram vistos desde meados de 2014. O impulso para essa valorização veio do aumento dos preços do minério de ferro no mercado internacional. Nesse cenário, surge a dúvida entre os investidores: ainda compensa comprar esse papel, depois de uma valorização tão expressiva?
Para a maior parte dos analistas, a resposta é sim. A curtíssimo prazo, espera-se uma volatilidade maior para os papéis da empresa, natural após o processo de alta, mas a expectativa é que a mineradora apresente melhores resultados a partir do ano que vem, com uma necessidade menor de investimentos e o minério em um patamar melhor.
— Minha visão para a Vale é muito positiva. A empresa está acabando com os investimentos do projeto de expansão de Carajás e poderá dar prioridade a sua geração de caixa. Terá um balanço mais saudável daqui em diante — disse Pedro Galdi, analista de investimento da consultoria Upside Investor.
Na semana passada, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou a investidores que o minério em Carajás terá um custo de extração menor, mas que seu preço de venda terá um prêmio sobre o praticado no mercado internacional, por ser de maior qualidade. A distribuição de dividendos prometida pela empresa também é outro fator a atrair investidores. Por essa razão, o Deutsche Bank manteve a recomendação de compra para o papel, mesmo depois da ação já ter mais do que dobrado de preço em 2016.
“Nós vemos mais potencial de alta, mas nos sentimos um pouco decepcionados com a menor urgência para reparar o balanço”, afirmaram Rene Kleyweg e Chris Terry, analistas do banco alemão, mostrando a preocupação em relação ao endividamento e ao nível de investimentos da empresa.
CONCORRENTES EM ALTA
A Vale não é a única mineradora a registrar uma alta expressiva. Suas concorrentes internacionais, como a Rio Tinto e a Anglo American, também apresentam uma forte valorização em seus papéis, de 33,76% e 204,1%, respectivamente. Em todos os casos, um dos vetores do crescimento das cotações é o valor do minério de ferro, que, no ano, acumula alta de 77,5%.
A cotação da commodity ganhou um estímulo adicional após a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Caso o magnata coloque em prática seu bilionário plano de investir em infraestrutura, estimado em mais de US$ 500 bilhões, a demanda pela matéria-prima deve subir. Isso compensaria, em parte, a desaceleração da economia chinesa.
A cotação do minério de ferro atingiu seu menor patamar no ano em janeiro, quando ficou abaixo de US$ 40 a tonelada, devido às incertezas em relação à sustentabilidade do crescimento da economia chinesa. Essas dúvidas começaram a se dissipar ao longo dos meses seguintes.
Já a maior cotação no ano foi observada na semana passada, quando a tonelada ultrapassou os US$ 80. No entanto, analistas veem um certo exagero nessa alta recente, por isso esperam uma acomodação a curtíssimo prazo. Esse é o motivo de as ações da Vale ainda poderem experimentar alguma volatilidade.
— Desde o início do ano, a economia chinesa tem apresentado um desempenho melhor, voltado para o mercado imobiliário, o que impulsiona a demanda por minério de ferro e outras commodities — avalia Victor Penna, analista-chefe da BB Investimentos.
Além da questão conjuntural, pesa a favor da Vale o seu plano de venda de ativos. Esses recursos devem entrar no caixa da empresa e, gradualmente, melhorar seu nível de endividamento — uma dívida bilionária foi feita para arcar com o projeto de expansão de Carajás. Mas é importante ressaltar que essa venda não deve ocorrer de forma rápida, uma vez que a mineradora já expressou o desejo de esperar o momento mais apropriado, ou seja, aquele em que os preços estejam mais elevados, para fazer o desinvestimento.
Roberto Indech, analista da Rico Corretora, alerta, no entanto, que, apesar do otimismo em relação ao papel, é recomendável ter cautela. Para quem já comprou ações da Vale, a sugestão é manter os papéis. Para quem ainda não comprou, ele recomenda esperar alguma queda adicional e mais informações concretas sobre os planos de investimento em infraestrutura na economia americana.
— É melhor esperar as políticas de Trump e ver o que vai ser concretizado. A ação subiu muito sem fundamento, só na expectativa, na especulação. Neste momento, é melhor nem comprar nem vender — afirma Indech.
SIDERÚRGICAS TAMBÉM SE BENEFICIAM
Outro papel que viveu um movimento similar ao da Vale foi o da Gerdau. Isso porque os preços do aço também subiram, e 35% da receita operacional da empresa vêm dos Estados Unidos — o que a coloca à frente das concorrentes caso Trump resolva pôr em prática as medidas protecionistas anunciadas durante sua campanha. As ações da Gerdau acumulam alta de 118% no ano.
— Em siderurgia e mineração, os papéis melhores são os da Vale e Gerdau. A CSN está com um endividamento muito elevado, e a Usiminas está em meio a uma briga de acionistas, o que acaba afetando os negócios — resume Indech.
Mas, mesmo sendo consideradas menos atraentes, as concorrentes da Gerdau também conseguiram subir, a reboque das expectativas melhores para o preço do minério e a possibilidade de novos projetos por parte das grandes economias do mundo. As ações da Usiminas acumulam valorização de 97% neste ano. Já as da CSN apresentam ganho de 140%.
Fonte: Extra / O Globo

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