TURMALINAS CUPRÍFERAS
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 2ª Parte | |
Até o ano de 2001, o termo “Turmalina da Paraíba” referia-se à designação comercial das turmalinas da espécie elbaíta, de cores azuis, verdes ou púrpureas a violetas, que contivessem pelo menos 0,1% de CuO e proviessem unicamente do Brasil, precisamente dos estados da Paraíba (mina da Batalha, situada próxima à localidade de São José da Batalha) e do Rio Grande do Norte (minas de Mulungu e Alto dos Quintos, situadas nas vizinhanças da cidade de Parelhas).
Tudo começou a mudar quando, naquele ano, uma nova fonte de turmalinas cupríferas foi descoberta na Nigéria, na localidade de Ilorin (mina de Edeko), voltando a ocorrer quatro anos mais tarde, em meados de 2005, desta vez em Moçambique, na região de Alto Ligonha, aproximadamente 100 km a sudoeste da capital Nampula.
De modo geral, as elbaítas com cobre destes países africanos não possuem cores tão vívidas quanto às das brasileiras, embora os melhores exemplares da Nigéria e de Moçambique se assemelhem aos brasileiros.
Análises químicas revelaram que as turmalinas da Nigéria têm concentrações surpreendentemente altas de cobre (até 2,18 % CuO), muito similares aos das encontradas no Brasil (Mina da Batalha: até 2,38 % CuO; Mulungu: até 0,78 % CuO; e Alto dos Quinhos: até 0,69 % CuO).
O achado destes depósitos africanos ocasionou acalorados debates no mercado e entre laboratórios, uma vez que as gemas de cores azuis a verdes saturadas procedentes da Nigéria e de Moçambique não podem ser diferenciadas das produzidas no Brasil por meio de ensaios gemológicos usuais e tampouco por análises químicas semi-quantitativas obtidas pela técnica denominada EDXRF.
Recentemente, constatou-se ser possível determinar a origem das turmalinas destes 3 países por meio de dados geoquímicos quantitativos de elementos presentes como traços, obtidos por uma técnica analítica conhecida por LA-ICP-MS (abreviatura do termo em inglês laser ablation-inductively coupled plasma-mass spectometry).
De modo geral, as turmalinas da Nigéria contêm quantidades maiores dos elementos Ga, Ge e Pb, enquanto as procedentes do Brasil têm teores mais elevados de Mg, Zn e Sb. As turmalinas cupríferas de Moçambique, por sua vez, exibem conteúdos enriquecidos dos elementos Be, Sc, Ga, Pb e Bi, mas nelas falta Mg.
No que se refere às inclusões, o quadro típico das turmalinas da Nigéria guarda similaridade com o do Brasil, e nele se observam inclusões bifásicas (líquidas e gasosas), fraturas cicatrizadas, plumas, minerais e, ocasionalmente, tubos de crescimento. Estes últimos, de cor amarela amarronzada, são muito mais freqüentes - embora não exclusivos - das turmalinas da Nigéria.
Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.
Esta política é consistente com as normas da CIBJO, que consideram a turmalina da Paraíba uma variedade ou designação comercial e a definem como dotada de cor azul a verde devida ao cobre, sem qualquer menção ao local de origem.
Por outro lado, como essas turmalinas cupríferas são cotizadas não apenas de acordo com seu aspecto, mas também segundo sua procedência, tem-se estimulado a divulgação, apesar de opcional, de informações sobre sua origem nos documentos emitidos pelos laboratórios gemológicos, solicitação que muito poucos terão recursos para atender satisfatoriamente.
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 2ª Parte
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