sábado, 28 de janeiro de 2017

O ouro de Pitangui MG

O ouro de Pitangui MG

     Ainda durante a sua primeira década de exploração, o ouro pitanguiense começou a demonstrar sinais de escassez. Não que o metal tivesse acabado, o que aconteceu foi que os bandeirantes retiraram o ouro de aluvião, o ouro que durante milhares de anos desceram das encostas e se depositaram nas várzeas e leitos de córregos. Minas como a do Batatal exigiam um processo muito complexo que demandava explosivos (na época utilizaram pólvora) e pilões movidos a água para moagem do minério.

Pepita de 2 gramas encontrada na área urbana de Onça - Foto: Vandeir Santos

     Com o fim do ouro fácil a mineração entrou em decadência o que não quer dizer que a atividade paralisou totalmente, sempre existiram pessoas que de forma informal ou não buscaram o ouro ainda escondido nas serras pitanguienses. Meu irmão se lembra do Zé da Rita que após as chuvas juntava o cascalho que havia escorrido da Penha pela atual rua Rodolfo Cecílio  e o bateava no córrego da Lavagem, conseguindo assim retirar o pó de ouro e algumas diminutas pepitas do minério.

Pequenas pepitas encontradas na estrada da caixa dágua da Copasa em Onça
Foto: Vandeir Santos

     A tradição oral e alguns relatos literários ainda mencionam a ansiedade de garotos que após as chuvas se lançavam nas enxurradas em busca de pequenas pepitas que logo se transformavam em guloseimas após a venda para o Juca Ourives. Existe o relato de que um morador da rua Martinho Campos abriu sob sua casa um espaço para a estocagem de lenha (meados do século passado) e que amontou a terra no passeio. Assim que choveu a terra foi lavada e apareceram minúsculas faíscas de ouro que fizeram a alegria da meninada.

Pepitas encontradas na área urbana de Onça. A maior pesa 4 gramas - Foto: Vandeir Santos

  A pavimentação das ruas eliminou essa possibilidade de se encontrar o ouro pitanguiense, mas em Onça e no Brumado, onde ainda existem trechos de ruas sem pavimentação, ainda é possível, com sorte, encontrar pequenas pepitas. Carlinhos, morador de Onça, é um desses “garimpeiros urbanos” que aproveita o período das chuvas para correr as enxurradas. A chuva é necessária para que a pepita seja lavada e seu amarelo se torne visível, em seu estado bruto passa despercebida com a cor da terra na qual se encontra. Em uma outra situação um morador de Onça encontrou uma pepita de 4 gramas ao capinar um terreno dentro da área urbana da cidade, situação muito rara tanto pelo tamanho da pepita quanto pelo fato de ter sido descoberta sem a pré-lavagem da terra.
     Ao andarem pelos caminhos de Pitangui fiquem atentos, de repente vocês podem pisar na sorte e nem se dar conta disso.

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