Há 15 anos ele viaja o mundo contando sua história. Foi a quarta vez que o palestrante motivacional veio ao Brasil, dessa vez para falar sobre bullying.
Vítima da prática quando mais jovem e sentindo-se injustiçado por não ter nenhum membro, Nick tentou se suicidar por volta dos dez anos de idade.
"A depressão havia tomado conta de mim. Eu era o único sem braços e pernas. As pessoas me provocavam, me colocavam para baixo. Eu pensava que seria assim minha vida inteira. Achava que eu era um peso para os meus pais, que eu nunca conseguiria um emprego, que eu nunca me casaria, que eu nunca seria feliz", diz Nick à Folha, em conversa por telefone.
Nessas horas, ele diz que o mais importante é procurar alguém: pai, mãe, um amigo, um professor. "As escolas têm que estar preparadas para identificar esses casos."
Nick Vujicic
Há ainda uma outra ponta solta nesse arranjo: "A maioria das pessoas vê o bullying acontecer. É 80% da escola que não sofre ou pratica bullying, mas espalha a fofoca."
Por isso mesmo, ele espera que todos possam, de alguma forma, tirar algo de suas palestras, sejam empresários, vítimas de bullying ou os próprios valentões. "Você sairia fofocando se descobrisse que há cinco pessoas em sua escola que já tentaram suicídio por causa de bullying?"
Nick tem um pequeno pé com o qual consegue realizar algumas atividades do dia a dia, como subir no sofá, por exemplo. A boca é outra ferramenta para ações. Ele se locomove com auxílio de uma cadeira de rodas.
POSITIVIDADE E RELIGIÃO
O palestrante motivacional espera difundir "positividade" entre as pessoas para que o cenário do bullying melhore, mas aponta um dos problemas em sua área de atuação: "Sou altamente crítico a palestrantes motivacionais. As pessoas estão ali por dinheiro. Eu já estive em palcos com outros palestrantes que estavam ali só para vender seus produtos e seu blá- blá-blá."
Nick, que também é um pregador evangélico, é casado com Kanae Miyahara e tem dois filhos, Kiyoshi e Dejan. É de igrejas que vem grande parte do público que paga até cerca de R$ 1.000 por ingresso para asssistir à sua palestra.
"Sem Deus, eu não poderia viver uma vida de propósito e pela eternidade. Mas, na minha opinião, minha mensagem se aplica a qualquer um, com ou sem fé."
"Eu sou feliz do jeito que sou. Eu vi que há um propósito maior para a minha deficiência. Fui colocado em um beco para pensar nas grandes perguntas da vida."
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