Protestos fecham vias e transporte é afetado em dia de paralisação contra reformas no país
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Por Pedro Fonseca RIO DE JANEIRO (Reuters) - A greve geral realizada nesta sexta-feira para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência teve como ponto principal a adesão dos trabalhadores dos transportes públicos e manifestações e bloqueios em importantes vias de diversas cidades do país. Segundo as centrais sindicais, além dos funcionários dos transportes públicos, também aderiram à paralisação portuários, aeroviários, professores, petroleiros, metalúrgicos e bancários, entre outros trabalhadores. Ao menos 16 pessoas foram detidas em São Paulo por participação em conflitos com a polícia durante os protestos, e um policial militar ficou ferido, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Também houve confrontos entre manifestantes e a polícia perto da rodoviária do Rio de Janeiro, com uso de gás lacrimogêneo. "Acho que essa greve tinha que ter parado tudo e ninguém vir. A reforma trabalhista não tem que ser como eles estão querendo fazer e a reforma da Previdência também, a gente morre e não aposenta", disse Lurdes da Silva, auxiliar de limpeza em São Paulo, de 51 anos, que teve problemas para pegar o trem a caminho do trabalho. Mas a paralisação não foi unanimidade. Várias pessoas que tentavam chegar a seus locais de trabalho reclamavam da falta de transporte. "Greve? Eu preciso trabalhar. O pessoal está com medo é de perder o emprego, a gente que tem trabalho tem mais é que agradecer todo dia", disse Michelle Barbosa, funcionária de uma padaria que abriu normalmente no centro do Rio. Os serviços de metrô, trem e ônibus de São Paulo estavam paralisados no início da manhã, apesar de decisões judiciais obtidas pela prefeitura e o governo do Estado que determinam o funcionamento de ao menos um percentual do sistema de transporte coletivo, sob pena de multa em casos de descumprimento. O metrô voltou a funcionar parcialmente ao longo da manhã, assim como os trens urbanos. Entre as seis linhas de metrô de São Paulo, duas estavam paralisadas, duas tinham funcionamento parcial e duas estavam operando normalmente, segundo balanço da operadora às 16h03. Os ônibus não estavam circulando, com exceção dos micro-ônibus que prestam serviços locais. Houve protesto no saguão de embarque do aeroporto de Brasília, atrasando procedimentos de viagens, assim como em outros aeroportos, mas 77 por cento dos voos do país estavam no horário, enquanto 5 por cento foram cancelados e 16,4 por cento sofreram atraso, segundo balanço da estatal Infraero divulgado às 17h. Em São Paulo, a avenida 23 de Maio, uma das principais artérias de ligação da cidade, foi uma das diversas vias fechadas com barricadas em chamas, e manifestantes também bloquearam temporariamente uma rodovia de acesso ao porto de Santos, o maior do país, em Cubatão. Policiais foram acionados para tentar liberar as vias. No final da tarde, uma grande manifestação acontecia no Largo da Batata, na zona oeste da cidade. No Rio de Janeiro, houve protestos no acesso ao aeroporto Santos Dumont e alguns passageiros tiveram que descer de carros e táxis e seguir a pé para tentar chegar a tempo ao terminal no centro da cidade. Manifestantes também bloquearam a Ponte Rio-Niterói logo cedo nos dois sentidos, assim como diversas outras vias importantes. No final da tarde, grupos mascarados se misturaram a manifestantes diante da Assembleia Legislativa do Estado, gerando reação de homens da Força de Segurança Nacional. [nL1N1I0229] REFORMAS O dia de paralisações ocorre na mesma semana em que a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de reforma trabalhista que tem como eixo principal a prevalência dos acordos e negociações sobre a legislação vigente, e em meio à tramitação da reforma da Previdência. A reforma trabalhista também retira a obrigatoriedade da contribuição sindical, o que tem sido apontado como um enfraquecimento das centrais sindicais.[nL1N1HZ0FE] A greve geral foi convocado como protesto contra ambos os projetos, alegando que vão tirar direitos e prejudicar os trabalhadores, enquanto o governo defende que as duas reformas são fundamentais para a recuperação econômica do país, que enfrenta a pior recessão da história. “É um movimento legítimo, apesar de muitas pessoas tentarem esvaziar esses movimentos por uma questão ideológica", disse a advogada Eduarda Bolso, que foi trabalhar normalmente no centro do Rio. "No fundo acho que o panorama não tem outro jeito. Chegou a um extremo, acho que é a única maneira de realmente enxergarem o quão grave é a situação política atual do país.” Sindicalistas comemoraram os resultados da greve, com o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, estimando a adesão em 40 milhões de trabalhadores. "O recado foi dado. O governo agora terá oportunidade de abrir negociações para fazer uma reforma justa e civilizada", disse Paulinho a jornalistas. A CUT não fez uma estimativa com números, dizendo que todos aderiram à paralisação. Já o governo considerou o movimento "pífio". "Não há nem direito o que avaliar. Há uma tranquilidade no país", disse à Reuters o ministro da Justiça, Osmar Serraglio. "Houve o chamado para uma 'greve geral', que é uma coisa para impressionar, mas foi um movimento pífio. Está tudo funcionando, os serviços, a indústria." (Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Maria Clara Pestre, no Rio de Janeiro; Anthony Boadle, em Brasília; e Laís Martins e Thais Freitas, em São Paulo)
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