Redução de custos e alta na produção criam cenário favorável para Vale
Vale está deixando para trás o período difícil vivido em decorrência da forte queda dos preços e do aumento da oferta global. Especialistas enxergam um cenário mais favorável para a companhia ganhar competitividade no curto e médio prazo. ”Atualmente, excluindo o frete, o custo de produção da Vale é o menor do mundo”, afirma o analista de mineração da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi.
Na visão do analista da Planner Consultoria, Luiz Francisco Caetano, mesmo com os preços do minério de ferro na casa dos US$ 65 a tonelada, o negócio continua altamente rentável para a mineradora. “Além disso, a companhia continua elevando os níveis de produção.” No primeiro trimestre, a Vale atingiu produção de aproximadamente 86 milhões de toneladas de minério de ferro, recorde para o período. Somente em Carajás, o volume produzido foi de 36 milhões de toneladas.
“O lucro líquido registrado nos três primeiros meses do ano foi o melhor desde 2013. Estamos muito orgulhosos do nosso resultado”, disse nesta quinta-feira (27) o diretor-executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Luciano Siani. Ao comentar o balanço da companhia, o executivo destacou que a Vale reduziu a dívida líquida de US$ 25 bilhões no quarto trimestre de 2016, para US$ 22,8 bilhões de janeiro a março deste ano.
“Esse resultado mostra que a companhia está em trajetória de desalavancagem”, complementou Siani. Caetano acrescenta que a possibilidade de desinvestimentos confere à Vale uma perspectiva ainda mais positiva. “O endividamento da mineradora está claramente em trajetória descendente”, diz. Isso porque, de acordo com o analista, a empresa tem a receber importantes valores, como o montante referente à venda do ativo de fertilizantes fosfatados à Mosaic, arrematado por US$ 2,5 bilhões. “Além disso, espera-se que a companhia consiga vender também os supernavios”, pontua.
Desempenho
Apesar da acomodação dos preços do minério de ferro no fim do primeiro trimestre, a Vale conseguiu elevar substancialmente os seus indicadores financeiros. Além do aumento de 82% da geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na comparação anual, o lucro líquido cresceu expressivos 30% na mesma base de comparação.
“O mercado já esperava um resultado positivo da empresa. Hoje a Vale possui uma larga faixa de retorno”, diz Caetano.
A margem bruta da companhia – que mede a rentabilidade sobre as vendas – saltou de 26,8% para 44,4% em um ano, segundo balanço.
“A Vale possui custo muito abaixo dos preços de venda praticados no mercado”, acrescenta o analista.
No início do ano, a cotação do minério de ferro atingiu US$ 90 a tonelada, impulsionada pelo aumento dos estoques na China e problemas pontuais de oferta global. Com isso, a Vale teria se beneficiado em termos de rentabilidade. “Mas a empresa também elevou fortemente a sua produção”, assinala Caetano.
No entanto, a Tendências projeta uma estabilização dos preços para os próximos meses, resultado da desaceleração da demanda chinesa e aumento da oferta global, especialmente o grande projeto da Vale, o S11D em Carajás.
“Devemos ter uma forte correção das cotações no terceiro trimestre. O cenário aponta para preços entre US$ 55 e US$ 60 a tonelada no período, patamar que deve se manter na média do ano”, estima Beraldi.
Caetano, da Planner, destaca que a partir dos próximos meses a geração de caixa da Vale deve vir menos robusta, mas ainda assim positiva. “É natural se imaginar que no segundo trimestre as margens da companhia virão menores. Mas a mineradora tem feito sua parte ao cortar custos para garantir um fluxo de caixa saudável”, observa.
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o diretor-executivo de ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que os embarques de minério de ferro devem aumentar neste ano. “Isso deve ocorrer proporcionalmente ao aumento da produção”, explicou.
Samarco
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse em teleconferência que os funcionários da Samarco terão uma nova suspensão temporária do contrato de trabalho (lay-off) entre 1º de junho e 31 de julho, podendo ser prorrogada. Este será o terceiro lay-off promovido pela Samarco desde o acidente com a barragem de Fundão em novembro de 2015. O mecanismo foi aprovado nesta semana pelos empregados das unidades operacionais de Germano (MG) e Ubu (ES), assim como do administrativo. Mas o número de funcionários que aderiram ao lay-off não foi divulgado.
Fonte: DCI
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