sexta-feira, 23 de junho de 2017

Cearense vira empresária de sucesso em São Paulo depois de se fantasiar como Mulher-Gato

Cearense vira empresária de sucesso em São Paulo depois de se fantasiar como Mulher-Gato
Sylvia Design grita, pula e mia nas gravações, vencendo como uma das empreendedoras mais irreverentes do varejo de móveis em São Paulo



Cearense faz sucesso no ramo de móveis na capital paulistana (FOTO: Divulgação/Sylvia Design)
Ela ganhou fama vestindo-se de Mulher-Gato e gritando ‘miau’ na TV para liquidar estoques de sofá. O que poderia ser alvo de piadas teve efeito contrário. Quem diria que a inimiga do super-herói Batman se daria tão bem na vida real?! Josefa Araújo é o que consta em sua identidade. Ela atende, porém, por Sylvia Design, hoje com 41 anos. Deu a própria cara a tapa para fazer do seu empreendimento uma rede de lojas de móveis em São Paulo. Entre os milhares de clientes, há gente da alta sociedade e artistas. E entre os maiores orgulhos, o de ser cearense, natural do pequeno município de Barro, a 452 quilômetros de Fortaleza.
A menina humilde do interior do estado, que andava de jegue na infância, subia em árvores para pegar goiaba e tomava banho de rio, se tornou uma empresária do ramo moveleiro que dá autógrafos e tira fotos com celebridade. “Minha infância foi maravilhosa, mas sempre tive vontade de subir, de vencer na vida para ajudar meus pais. Por eu ser nova, minha mãe nunca deixou”, relembra.
Mas, aos 16 anos, surgiu a oportunidade de ir a São Paulo para ajudar a irmã, que estava grávida e precisava de ajuda com os outros filhos. A viagem do Ceará para a capital paulista foi longa. Durante três dias e duas noites alimentou-se apenas de frango assado com farinha no ônibus. Teve de abandonar os estudos, concluindo apenas a 8ª série do Ensino Fundamental. “Sou formada na faculdade da vida”, acrescenta.
Logo que chegou, arrumou o primeiro emprego: o de empacotadora. Largou logo o nome “Josefa”. Ele não serviria para o seu objetivo de vida: brilhar. Resolveu escolher Sylvia. Com “y” para se diferenciar das outras pessoas. Com a certeza de que precisava ser notada, fazia mais do que esperavam de sua função. Limpava chão e prateleiras, arrumava os plásticos rasgados de bonecas e carrinhos e conferia os pacotes.


Sylvia mudou de vida, e agora é dona de seis mega-lojas (FOTO: Divulgação/Sylvia Design)
Trabalhou em várias lojas, até que, aos 18 Com limão, eu gosto de fazer limonada. Mesmo com 18 anos, desafiei o dono da loja e disse que seria a melhor vendedora. Dito e feito: fui contratada”.
anos, viu uma oportunidade de emprego afixada na porta de uma loja de móveis. A vaga era destinada a pessoas com 35 anos e experiência no ramo moveleiro. “Nada eu vejo com dificuldade.
Passou 17 anos sendo funcionária de lojas de móveis, subiu para gerente de vendas e conquistou fornecedores, aprendendo a dinâmica do setor. Sylvia Design conseguiu comprar seu primeiro apartamento e depois começou a poupar para algo mais ousado. Quando juntou R$ 8 mil resolveu abrir o seu próprio negócio. “Vender está no meu sangue. Trabalhei por tanto tempo enriquecendo outras pessoas, que estava na hora de abrir a minha loja”. Ela mesma fez a faxina da loja, colocou placa e iniciou as vendas.
Se queria vender, teria que aparecer, segundo acredita. “Quem não é visto não é lembrado, minha filha”, completa. Surgiu, então, a ideia de mostrar a loja, batizada “Sylvia Design”, na televisão. Como não tinha dinheiro para fazer inserções suficientes para tornar a empresa conhecida, precisou achar um jeito de se diferenciar. Foi aí que começou a usar fantasias para anunciar seus móveis. Anunciava preços de sofás, mesas e cadeiras vestida de Emília (do sítio do Pica-Pau Amarelo) e Mulher-Maravilha. Mas foi a Mulher-Gato que fez sucesso. Ela é a grande estrela: grita, pula e ‘mia’ nas gravações.
Vendo o sucesso da empresa, que virou o próprio nome da dona, Sylvia resolveu abrir mais lojas. Atualmente são seis megalojas em São Paulo, com cerca de 350 funcionários, que atendem mais de três mil clientes por mês. Um jogo de sofá ou uma mesa de jantar com seis cadeiras custam em torno de R$ 2.400, por exemplo. Já uma mesa com quatro cadeiras para varanda é vendida por R$ 1.800.

Sylvia Design – sucesso em São Paulo

Cearense já participou de programas de entretenimento e de entrevistas (FOTO: Divulgação)
O sucesso da Mulher-Gato foi tão grande, que as propagandas da Sylvia Design foram proibidas em um canal publicitário na capital paulistana. Ela é tão forte que não é permitida mais a fantasia, porque – segundo a cearense – os concorrentes se sentem desnivelados.
“A gente chama a atenção demais. A Mulher-Gato foi a rainha do sucesso”. Sylvia Design, empresária
A personagem caiu não apenas no gosto do mercado publicitário, mas também da audiência cativa das atrações de televisão. Com ou sem a roupa de Mulher-Gato, Sylvia é personagem recorrente de programas de entretenimento e de entrevistas. Já participou de programas do Sílvio Santos, Danilo Gentili, Jô Soares, Marília Gabriela, Eliana e Luciana Gimenez. Sem contar na participação na Escolinha do Gugu. “Tenho humor no sangue. E eles procuram pessoas com carisma”, explica.
Sylvia ainda anda pelas ruas escutando insinuantes “miaus”. É uma espécie de reconhecimento dos que já viram a empresária em propagandas, fachadas de lojas, vans e materiais de divulgação de sua rede. “Sou extremamente famosa, tenho reconhecimento tremendo da mídia, todo mundo quer tirar foto. Mas andorinha sozinha não faz verão, o mérito não é só meu, mas de todos os que trabalham comigo também”, conta.



Patrimônio

A vontade de se destacar, entretanto, termina na hora de revelar o seu patrimônio. “Não gosto muito de falar de patrimônio. Adoro falar do meu passado, só me orgulha, não tenho segredo. Só não gosto e nem preciso ficar expondo isso”, diz. Mesmo assim, aproveita para lembrar um sonho de criança, que foi possível graças ao sucesso da empresa. Anos atrás, na festa do padroeiro do município, a mãe da então Josefa comprava anualmente – com dificuldade – um sapato novo para a menina. Com a empresa, a paixão pelos calçados fez com que Sylvia comprasse centenas de pares. “Eu devo ter uns 300 em casa, sem contar os que eu já doei. Pareço uma centopeia”.
O faturamento das lojas também possibilitou que ela ajudasse a família, comprando uma casa melhor e mais confortável para os pais. E tem também as viagens que faz ao exterior: duas por ano. “Demorei um pouco para viajar. Só fiz a minha primeira viagem quando tive a certeza de que podia fazer isso. Fui para a Disney. Foi uma emoção tremenda. Na minha cabeça, aqueles castelos e princesas eram de papel. Foi impossível não chorar”, admite. Agora, a cearense já conhece Roma, Londres, Suíça e Milão. “Quero ir para Las Vegas e Nova York”, completa.
                    Mesmo com tantas viagens, ela faz questão de reforçar a ideia de que jamais esqueceu ou teve vergonha de sua origem. É visível a gratidão da empresária pela criação que recebeu. “Eu amo meu pai e minha mãe. Vou de três em três meses visitá-los no Ceará”. Sylvia não dispensa uma comida nordestina. Adora galinha caipira e baião de dois. “Só o calor que eu já não aguento mais. Pode acreditar, mas é a quentura que me incomoda”.

Longe do calor, difícil imaginar algo que tire o bom humor de Sylvia. Até porque, seja pelo marketing sensual ou não, a saúde financeira do negócio vai bem, obrigada. E a cearense revela que o sucesso está ao alcance de qualquer pessoa, basta querer. “Você não deve ter medo de errar, de pagar mico. Ame o que faz. Não desista na metade do caminho. Não tenha vergonha de perguntar o que você não sabe. Se ouvir alguém falar uma frase que não entenda, pergunte. Seja descolado”, dá a dica. “Afinal, cearense não nasce, cearense estreia”.
Uol.com

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