Startup paulista aplica tecnologia com bactérias em processo de extração de metais
o campo da mineração, os métodos mais tradicionais para extrair metais do solo são a queima do minério ou a aplicação de ácido no terreno. Considerando que este processo é custoso e pode causar danos ambientais, a Itatijuca Biotech pensou desenvolveu uma solução mais barata e sustentável: a utilização de bactérias do tipo Thiobacillus Ferrooxidans e a Thiobacillus Thiooxidans.
Baseada em biotecnologia e química verde, a técnica é conhecida no mundo acadêmico e científico como biolixiviação e é realizada a partir da preparação do minério de onde estão os metais, conta um dos fundadores da startup, Rafael Ferreira. O procedimento, segundo ele, começa com o apetite das bactérias pelo enxofre contido no minério. Após comer a substância, o metabolismo dos microrganismos produzem ácido sulfúrico, fazendo com que os mateis sejam separados na solução dissolvida. A técnica serve para recuperação principalmente de cobre e de seus compostos, mas também pode ser aplicada em minas de ouro.
Este processo pode ser feito em grandes tanques, que são reatores químicos revestidos em aço, ou por meio da aplicação da solução sobre pilhas de minério, envolvidas por uma manta especial com a função de evitar o vazamento do ácido sulfúrico e a contaminação do solo. A duração do procedimento é de sete dias, com a necessidade da presença de oxigênio no ambiente e controle constante de temperatura abaixo dos 60º C, considerando que esta reação é exotérmica, ou seja, libera energia na forma de calor.
Com um faturamento de R$ 300 mil em 2016, a startup espera atingir R$ 1 milhão até o final do ano. “Pretendemos dobrar nossa carteira de clientes”, diz Ferreira, que atualmente presta serviços para duas mineradoras e uma empresa de resíduos eletrônicos.
Ferreira explica que existem duas formas de cobrança pelos serviços da startup. Uma pelo volume de minério processado, que requer ajustes e monitoramento constante. Neste caso, o preço pode variar de acordo com a demanda de cada empresa. A segunda opção é o estabelecimento de um percentual sobre o ganho do cliente no local explorado, no modelo de parceria.
“Esse método deu certo porque evita que os metais se acumulem no ambiente”, afirma o geólogo Ricardo Fraguas, da MMSA Consultoria. De acordo com ele, os processos tradicionais são responsáveis pela emissão de gases poluentes e podem deixar resíduos no solo, ocasionando impactos ambientais na região. A Itatijuca Biotech, que tem uma equipe de seis funcionários, também atua em outras frentes, como agroindústria, na produção de biofertilizantes, e prestação de serviços relacionados à diminuição do impacto ambiental de resíduos industriais.
Fundada na cidade de São Paulo, em 2014, a empresa foi planejada por Ferreira no fim de seu doutorado sobre tecnologia nuclear e atualmente está em processo de incubação promovido pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tencologia (Cietec), localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP).
O programa de incubação inclui capacitação, apoio ao acesso a linhas de fomento, relação com potenciais investidores e mentorias. O coordenador de comunicação do Cietec, José Aloísio Guimarães, afirma que a área de biotecnologia é um segmento que vem crescendo no Brasil.
“O ambiente em que a empresa está inserida oferece o contato com outros empreendedores, trocas de experiências e também de serviços”, diz Guimarães, referindo-se ao processo de incubação como enriquecedor.
João Vicente Ribeiro
Fonte: DCI
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