quinta-feira, 24 de agosto de 2017

FENÔMENOS ÓPTICOS EFEITO OLHO-DE-GATO

FENÔMENOS ÓPTICOS
EFEITO OLHO-DE-GATO


Um dos mais belos e instigantes fenômenos ópticos observados em gemas é o denominado efeito olho-de-gato, também conhecido como acatassolamento ou chatoyance.
Ele deve-se à reflexão da luz em finas fibras cristalinas, cavidades, canais, tubos de crescimento ou inclusões em forma de agulhas, dispostos paralelamente na gema, resultando no aparecimento de um raio luminoso, sedoso e ondulante perpendicular à direção das inclusões, nos exemplares adequadamente orientados e lapidados em estilo cabochão. Quanto mais numerosas e finas forem essas inclusões, mais perfeita a reflexão e mais definido o raio que parece mover-se, à medida que giramos o espécime.
 
O efeito olho-de-gato é mais espetacular se observado à luz refletida proveniente de um único foco, preferencialmente pontual, ou diretamente sob luz solar. As iluminações difusas ou múltiplas prejudicam a apreciação deste fenômeno.
Entre as gemas nas quais podemos observar o fascínio do chatoyance estão o crisoberilo, o quartzo (inclusive nas variedades olho-de-tigre e olho-de-falcão), a turmalina, o berilo, a apatita, o diopsídio, a alexandrita, a pedra-da-lua, a cianita e as incomuns escapolita, enstatita, petalita, tremolita, prehnita, caroíta e kornerupina. Exemplares de coríndon (rubi e safira), topázio azul, peridoto e zircão também podem, em raras ocasiões, exibir o fenômeno de acatassolamento.


Alexandrita Olho-de-Gato sob luz natural (à esquerda) e sob luz incandescente (à direita)
Fotografia: Wimon Manorotkul
Fonte: Pala International (www.palagems.com)


De acordo com as normas técnicas vigentes no Brasil e no exterior, o termo olho-de-gato sem descrição adicional se reserva apenas ao crisoberilo, o mais cotizado dentre os materiais gemológicos que podem apresentar este fenômeno; os demais devem ser designados pelo nome da gema, seguido do mencionado termo (ex: turmalina olho-de-gato). O crisoberilo que exibe este efeito é também denominado cimofana.
O olho-de-gato pode confundir-se com algumas gemas de ampla ocorrência no Brasil, sendo o quartzo olho-de-gato seu substituto mais comum, embora este não apresente o feixe de luz ondulante tão bem definido, o sutil fundo translúcido, nem seu polimento alcance a excelência do material genuíno.
 
O quartzo olho-de-gato costuma ocorrer nas cores castanha clara, castanha amarelada, cinzenta ou amarela esverdeada e as inclusões responsáveis pelo fenômeno são fibras de asbesto ou hornblenda.
Além das características visuais mencionadas, faz-se a distinção entre exemplares soltos de crisoberilo e quartzo, facilmente, mergulhando-os em bromofórmio. Neste líquido, de densidade 2,89, o quartzo (d = 2,65) flutua, enquanto o crisoberilo (d = 3,73) afunda. Caso o espécime esteja cravado, é possível identificá-lo mediante a leitura do seu índice de refração médio pelo método de visão distante, com auxílio de um refratômetro. O índice de refração médio do quartzo situa-se por volta de 1,55, enquanto o do crisoberilo está próximo de 1,75. Se a luz se transmitir através do exemplar, a averiguação do seu espectro de absorção, com auxílio de um espectroscópio manual, é igualmente um exame diagnóstico. O crisoberilo exibe uma banda de absorção na região do azul-violeta, centrada em 444 nm (nanômetros), cuja intensidade aumenta com a cor, enquanto o quartzo não apresenta quaisquer linhas ou bandas de absorção na região do espectro visível.
Fontes:
Anderson, B. W.: Gem Testing

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