Por trás de nossa ansiedade, o medo de ser desnecessário
Por que a dor e a indignação se espalham pelos países desenvolvidos.
Dalai-Lama e Arthur C. Brooks do New York Times
A irmandade global e a união com o outro não são apenas ideias abstratas
EM VÁRIOS ASPECTOS, nunca houve uma época melhor para se viver. No entanto, a violência atormenta alguns cantos do mundo, e muitas pessoas ainda estão sob as garras de regimes tirânicos. E, apesar de todas as grandes religiões do mundo ensinarem amor, compaixão e tolerância, uma violência impensável é cometida em nome da religião.
Ainda assim, um número cada vez menor de pessoas é pobre e tem fome, menos crianças morrem e mais homens e mulheres sabem ler. Em muitos países, o reconhecimento dos direitos das mulheres e das minorias agora é lei. Ainda há muito a fazer, mas há esperança e progresso.
É estranho, então, ver tanta raiva e descontentamento em alguns dos países mais ricos do mundo. Nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e em todo o continente europeu, o povo é sacudido por frustrações políticas e pela angústia com o futuro. Refugiados e migrantes clamam pela oportunidade de viver nesses países prósperos e seguros, mas os que
já moram nessas terras relatam uma inquietude tão grande com o futuro que parece ser quase um desamparo.
Por quê?
Uma pequena pista vem de pesquisas sobre como prosperamos. Em uma experiência surpreendente, os pesquisadores constataram que cidadãos idosos que não se sentem úteis têm quase o triplo da probabilidade de morrer mais cedo que os que se sentem úteis. Isso revela uma verdade humana mais ampla: todos precisamos nos sentir necessários.
Ser “necessário” não quer dizer ter um orgulho egoísta, muito menos um apego insalubre à aprovação dos outros. Em vez disso, essa é a fome humana natural de servir a nossos semelhantes. Como ensinaram os sábios budistas do século 13, “quando acendemos um fogo para os outros, também iluminamos nosso caminho”.
Praticamente todas as grandes religiões do mundo ensinam que o trabalho a serviço dos outros reflete nossa natureza mais elevada e, portanto, está no cerne de uma vida feliz. Pesquisas científicas confirmam os princípios comuns às nossas religiões. Americanos que priorizam fazer o bem aos outros têm quase o dobro da probabilidade de dizer que estão muito felizes com sua vida. Na Alemanha, quem busca servir à sociedade tem probabilidade cinco vezes maior de dizer que é muito feliz do que quem não considera esse serviço tão importante. O altruísmo e a alegria andam juntos. Quanto mais nos consideramos um só com o restante da humanidade, melhor nos sentimos.
Isso ajuda a explicar por que a dor e a indignação se espalham pelos países mais prósperos.
O problema não é a falta de riqueza material. É o número crescente de pessoas que não se sentem mais úteis, não são mais necessárias, não estão mais unidas à sociedade.
Hoje, nos Estados Unidos, em comparação com cinquenta anos atrás, o triplo de homens em idade produtiva está fora da força de trabalho. Esse padrão ocorre em todo o mundo desenvolvido, e as consequências não são meramente econômicas. Sentir-se supérfluo é um golpe no espírito humano, que leva ao isolamento social e à dor emocional, além de criar condições para as emoções negativas.
O que podemos fazer para ajudar?
Fonte: Seleções
Ainda assim, um número cada vez menor de pessoas é pobre e tem fome, menos crianças morrem e mais homens e mulheres sabem ler. Em muitos países, o reconhecimento dos direitos das mulheres e das minorias agora é lei. Ainda há muito a fazer, mas há esperança e progresso.
É estranho, então, ver tanta raiva e descontentamento em alguns dos países mais ricos do mundo. Nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e em todo o continente europeu, o povo é sacudido por frustrações políticas e pela angústia com o futuro. Refugiados e migrantes clamam pela oportunidade de viver nesses países prósperos e seguros, mas os que
já moram nessas terras relatam uma inquietude tão grande com o futuro que parece ser quase um desamparo.
Por quê?
Uma pequena pista vem de pesquisas sobre como prosperamos. Em uma experiência surpreendente, os pesquisadores constataram que cidadãos idosos que não se sentem úteis têm quase o triplo da probabilidade de morrer mais cedo que os que se sentem úteis. Isso revela uma verdade humana mais ampla: todos precisamos nos sentir necessários.
Ser “necessário” não quer dizer ter um orgulho egoísta, muito menos um apego insalubre à aprovação dos outros. Em vez disso, essa é a fome humana natural de servir a nossos semelhantes. Como ensinaram os sábios budistas do século 13, “quando acendemos um fogo para os outros, também iluminamos nosso caminho”.
Praticamente todas as grandes religiões do mundo ensinam que o trabalho a serviço dos outros reflete nossa natureza mais elevada e, portanto, está no cerne de uma vida feliz. Pesquisas científicas confirmam os princípios comuns às nossas religiões. Americanos que priorizam fazer o bem aos outros têm quase o dobro da probabilidade de dizer que estão muito felizes com sua vida. Na Alemanha, quem busca servir à sociedade tem probabilidade cinco vezes maior de dizer que é muito feliz do que quem não considera esse serviço tão importante. O altruísmo e a alegria andam juntos. Quanto mais nos consideramos um só com o restante da humanidade, melhor nos sentimos.
Isso ajuda a explicar por que a dor e a indignação se espalham pelos países mais prósperos.
O problema não é a falta de riqueza material. É o número crescente de pessoas que não se sentem mais úteis, não são mais necessárias, não estão mais unidas à sociedade.
Hoje, nos Estados Unidos, em comparação com cinquenta anos atrás, o triplo de homens em idade produtiva está fora da força de trabalho. Esse padrão ocorre em todo o mundo desenvolvido, e as consequências não são meramente econômicas. Sentir-se supérfluo é um golpe no espírito humano, que leva ao isolamento social e à dor emocional, além de criar condições para as emoções negativas.
O que podemos fazer para ajudar?
Fonte: Seleções
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